Lançamentos de Livros em Grande Estilo no Cariri Cangaço Piranhas 2022

Lançamentos e relançamentos no Cariri Cangaço Piranhas 2022

O fim da manhã de 29 de julho; segundo dia de Cariri Cangaço Piranhas 2022; ainda parecia longe apesar do sol já ter passado da metade do céu fazia tempo... Eram 13h30 quando no auditório do Centro Cultural Miguel Arcanjo aconteceu o lançamento em conjunto de nove obras sobre a temática cangaço, com a presença de seus autores e autógrafos.

Gilmar Teixeira, José Bezerra Lima Irmão, Archimedes Marques, Manoel Severo, 
Leonardo Gominho, Maria Otília e Junior Almeida
Miguel Arcanjo recebeu público qualificado na tarde lançamento
Manoel Severo, Leonardo Gominho, Maria Otília e Junior Almeida

Foram lançados e relançados simultaneamente dentro da programação do Cariri Cangaço Piranhas 2022; "Lampião & Benjamim Abrahão" do escritor Ângelo Osmiro, "Lampião, Herói ou Bandido - A Construção de um Mito" da escritora Maria Otília; "Lampião em Serrinha do Catimbau" do escritor Júnior Almeida; "Maria Bonita a Rainha do Cangaço" de João de Sousa Lima.

Cariri Cangaço, Território de Grandes Encontros

Continuando o rol da obras lançadas tivemos: "Corisco e Dadá - Uma Saga de Amor, Cachaça e Sangue" e "Zé Baiano e os Engrácias" de José Bezerra Lima Irmão; "Quem Matou Delmiro Gouveia - 2ª Edição do escritor Gilmar Teixeira; "Lampião, o Banco do Brasil e Mossoró" de responsabilidade de Abimael Silva; "Lampião e o Cangaço na Historiografia de Sergipe - Vol 4" do escritor Archimedes Marques e por fim "Manoel Netto - No Rastro de Lampião" do escritor Leonardo Gominho.

"O Cariri Cangaço tem se notabilizado pelo constante apoio e incentivo aos novos escritores, a cada edição é uma semente que se planta e... lá na frente acabamos encontrando verdadeiras revelações dentro da literatura do cangaço com obras de qualidade, obras responsáveis, enfim e esse legado é um daquele, que nós que fazemos o Cariri Cangaço, mais nos orgulhamos" revela o Conselheiro Cariri Cangaço, Professor Pereira, de Cajazeiras, na Paraíba.

Já a Conselheira Cariri Cangaço Ana Granja, da cidade de Petrolina, conclui: " acompanhamos a trajetória da Latada do Livro Cariri Cangaço; que é a forma como chamamos as nossas feiras literárias e os lançamentos; nos enchem de entusiasmo, não só por encontrarmos os principais livros sobre o tema e seus autores, mas sobretudo pelo grande incentivo que o Cariri Cangaço representa para quem esta começando, avante"!

Maria Otília Cabral
Gilmar Teixeira
José Bezerra Lima Irmão

"O Cariri Cangaço é onde se manifesta a verdadeira alma nordestina. A chama foi reavivada em março lá em Paulo Afonso e agora na legendária Piranhas, se deu seguimento e vigor a esse movimento formidável que reúne os mais abnegados escritores e pesquisadores do Cangaço. Em Piranhas respira-se história, sente-se o cheiro de pólvora, e quem prestar bem atenção quando se fala em Cangaço escuta até o chiado das alpercatas de cangaceiros e volantes," comenta o escritor José Bezerra Lima Irmão, de Salvador - Bahia.

Júnior Almeida
Celsinho Rodrigues
Helga e Clênio Novaes e Valdir Nogueira
Risonete Rodrigues e Bismarck Martins Oliveira
Heldemar Garcia, Andressa e Gabriel Barbosa
Amélia Araujo e Zé Bezerra

"Temos tido o privilégio de ter em nosso Cariri Cangaço uma verdadeira festa da literatura nordestina, e falo isso não apenas com relação a obras voltadas a temática cangaço, mas ao longo de nossos treze anos de existência, toda a vida e força de nosso sertão passou por aqui: messianismo, coronelismo, religiosidade, estética, culinária, enfim; até 2019 antes da pandemia tivemos no Cariri Cangaço entre lançamentos e relançamentos exatos 66 livros, e agora com as edições de 2022; Paulo Afonso e Piranhas; chegamos aos impressionantes 82 livros, isso muito nos orgulha ao mesmo tempo que agiganta nossa responsabilidade" confessa Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço.

Lançamento de Livros na Latada do Livro Cariri Cangaço - Centro Cultural Miguel Arcanjo, 29 de julho de 2022 Piranhas - Alagoas - Nordeste do Brasil.

Reescrevendo Novos Capítulos nas Histórias dos Antepassados. Por:Ane Ranzan

Paulo Britto, Ane Ranzan e Ryan Britto no Cariri Cangaço Piranhas 2022

Percorrer as ruas de Piranhas é sempre uma sensação gostosa que nos reporta a muitas histórias felizes, são muitas as idas àquela cidade, mas todas as vezes traz um gostinho diferente, alegrias que se complementam, elos que se fecham e outros que se abrem para, na próxima ida, formar o círculo para emendar e aumentar a corrente de amor que sentimos por Piranhas.

Mas, só que desta vez além de estar com tantas pessoas que amamos, os que ali moram e vivem, amigos e parentes (que herdei), na chegada recebidos, especialmente, pelos queridos Jaqueline e Celsinho, representando a cidade de Piranhas e a Família Britto, o aconchego de Sônia Britto (hoje sem o amigo Celso) e o abraço apertado de Dione, ainda tivemos as boas-vindas desse grande amigo Manoel Severo através da Comenda à Dona Cyra, in memoriam, de “Personagem Histórica do Sertão” e os gestos afetuosos de todos do Cariri Cangaço.


 

A energia que emanou de cada um, nos acariciou de forma muito especial, tanto dos já conhecidos, como dos que vão chegando e se somando na irmandade, que se transforma  numa grande família chamada Cariri Cangaço. A egrégora das auras, permitem que sintamos e venham a se somar à energia e o encantamento do Velho Chico que parece nos receber com a placidez de uma imensa paz.

 

Outro ponto marcante inserido na programação do CARIRI CANGAÇO PIRANHAS 2022, tendo como Presidente da Comissão Organizadora Celsinho Rodrigues, juntamente com o Curador Manoel Severo, foi  a excelente ideia, abraçada pelo Conselho de Turismo e, tão sabiamente, acampada pelo Prefeito Thiago Freitas que encaminhou decreto à Câmara Municipal, instituindo o dia 28 de setembro como o “DIA DA RESISTENCIA PIRANHENSE”, foi o Lançamento do Tour Histórico - Projeto "Caminhos da Resistência – pelas ruas de Piranhas" e apresentação dos episódios da prisão de Inacinha, invasão e morte de Gato, com a explanação de Jacqueline Rodrigues, Celsinho Rodrigues, Miguel Alencar, Paulo Britto, João  de Sousa Lima e Padre Luciano Britto.


Paulo Britto e o lançamento dos Caminhos da Resistência - Pelas Ruas de Piranhas

Esse lançamento do “Caminhos da Resistências” será um resgate do marco histórico que conta a invasão de Gato, Corisco e outros cangaceiros na cidade, em 1936, deixando em seu rastro 11 mortos e da defesa dos bravos moradores que empunharam suas armas e defenderam a cidade e seu povo e que agora irá enriquecer ainda mais a história contada pelas áreas de turismo do município.

 

Enfim, momentos e dias inesquecíveis, mais uma viagem muito especial...Palavras de agradecimento serão pouco para definir o que sentimos, como Paulo bem colocou: - Difícil traduzir a intensa emoção. OBRIGADA por tudo. Abraço apertado em cada um.


Ane Ranzan, Recife-Pernambuco
O Cariri Cangaço Piranhas aconteceu entre os dias 28 e 30 de julho de 2022 na cidade ribeirinha de Piranhas, baixo São Francisco, no estado de Alagoas, nordeste do Brasil.

Cariri Cangaço: Frei Tibério e Tatoo Mostraram “Deus nas Coincidências” na Grota do Angico Por:João Costa

João Costa

“Deus está nas coincidências”. Recorro, mais uma vez, a esta poderosa frase do pensador e dramaturgo Nelson Rodrigues para contar como foi minha jornada à Grota do Angico, em Poço Redondo(SE), num evento cultural transcendente para a compreensão da cultura nordestina chamado Cariri Cangaço – porque pode até não ter sido uma coincidência Divina, mas o Cariri Cangaço me impressionou pelas abordagens históricas e muito mais pelos clérigos que encontrei.

Insisto nas “coincidências “ da vida porque o que aconteceu comigo, em Piranhas, foi um Déjá vu. Começo pelo começo, ou seja, pela 1ª coincidência, digamos assim, próxima ao Divino.

Em 1979, portanto há 43 anos, eclodiu aqui na Paraíba um grande conflito de terras, em que camponeses exigiam a aplicação do Estatuto da Terra, que por sua vez obrigava ao estado desapropriar um latifúndio para efeito de reforma agrária. Em meio a esta luta, o arcebispo da Paraíba, Dom José Maria Pires (um negro), pediu ao escritor e dramaturgo W.J. Solha, um bancário paulista que vivia – ainda vive – em João Pessoa, ateu convicto, que escrevesse uma peça para ajudar à Pastoral da Terra, que estava à frente da luta.

Frei Tibério e João Costa no Cariri Cangaço Piranhas 2022

O escritor ateu pediu ajuda a um regente de nome Alberto Kaplan, um professor judeu, argentino e exilado no Brasil para fazer a música. E assim surgiu a “Cantata para Alagamar”, que virou disco, foi apresentada e traduzida para que bispos alemães, espanhóis e franceses entendessem a mensagem da “Catata”, em que eu fui um dos três narradores – e que também integrava a ala dos “homens de pouca fé”, recrutados pelo arcebispo. O arcebispo produziu a “Cantata”, e seguiu viagem com o elenco em apresentações na Paraíba, Juazeiro da Bahia (onde os bispos europeus assistiram a Cantata) e Recife. Uma trupe de cantores e atores liderados por um bispo, um ateu e um judeu – imaginem os senhores o clima e os papos nessa aventura.

Voltando ao Cariri Cangaço, em Piranhas; a 2ª coincidência quase que Divina. Eu já havia me surpreendido com padre Agostinho, o capelão do evento e que fez a celebração do “sepultamento” das cinzas do escritor Antônio Amaury nas águas do rio São Francisco. Em seguida começou a caminhada pela trilha que vai do barranco do Velho Chico até a Grota. Tenho 69 anos, era um sonho que eu estava realizando, porém as condições físicas e de saúde, não são tão boas para uma jornada assim, e apenas se acontecesse um milagre minha jornada seria exitosa – e o milagre aconteceu!

A jornada até Angico começou e eu fui ficando para trás, cada vez mais para trás. Eu seguida comecei a ouvir vozes que se distanciavam; minha mulher ao lado me “obrigando” a beber água, comer barras de chocolate sem açúcar, comer banana ( fonte de potássio) e chupar tangerinas para repor o nível de açúcar no sangue; foi quando dois anjos surgiram na minha frente oferecendo ajuda.

Darlan Tatoo e João Costa no Angico: Cariri Cangaço Piranhas 2022

O 1º anjo que surgiu, foi Darlan Tatoo, um jovem estudioso do cangaço, artista plástico, compositor, grafiteiro, tatuador, agente cultural, “cangaceiro”, e mora em Senhor do Bomfim(BA). Ali, em Angico, me apareceu esse jovem com o corpo tatuado e piercing no nariz que falou assim:

- Se apoie no meu braço e vamos seguir. Foi o que aconteceu, e logo a seguir apareceu o 2º anjo, que me abordou e disse:
- Ponha uma mão no meu ombro pra subir esse barranco aqui.

Era o senhor Tibério Dias, um religioso franciscano, capuchinho da Província do Nordeste do Brasil; evidentemente, logo passei a chama-lo de Frei Tibério. Até onde fiquei sabendo, ele ainda é diácono; sua ordenação como frade capuchinho ocorrerá ainda este ano. E assim, um anjo-cangaceiro tatuado e com piercing no nariz e um frade-cangaceiro me ajudaram a entrar e sair da Grota de Angico.

Mas qual foram então às coincidências milagrosas nas duas situações? Em 1979, além de ser um dos narradores da Cantata para Alagamar, eu era dirigente estudantil num momento de injustiças e com um pé na clandestinidade. Não fui importunado exatamente porque estava sob a proteção no elenco do arcebispo. Em 2022 acho que o milagre das coincidências aconteceu porque eu estava meio debilitado, numa caminhada de estudos sobre cangaceiros, volantes e coiteiros, também um universo de muitas injustiças, e desta feita o homem de pouca fé que era eu, e os enviados do Divino foram Douglas Tatoo e Frei Tibério. Frei Tibério, que atualmente mora no santuário e Vila São Francisco, no município de Quebrangulo, zona da mata Alagoana, me disse que fazer a rota do cangaço até a Grota foi uma “celebração”.
Concordei.

João Costa, jornalista, pesquisador
Campina Grande Paraíba
O Cariri Cangaço Piranhas aconteceu entre os dias 28 e 30 de julho de 2022 na cidade ribeirinha de Piranhas, baixo São Francisco, no estado de Alagoas, nordeste do Brasil.

Minha Segunda Experiência de Cariri Cangaço Por: Marcus Vinícius

Conselheiro Cariri Cangaço, Marcus Vinícius e Manoel Severo

Quão bacana não foi 

Mais dessa experiência

Do Cariri  Cangaço

Eu puder participar.

Muita gente bacana ali de todo lugar,

Também de outras regiões do país estavam por lá

Eu me sinto tão envaidecido que meus olhos chegam a lacrimejar, 

Com tanta emoção que esses amigos hão de me dar. 

Tanta discussão, aulas e livros novos pudemos apreciar

Na Lapinha do Sertão no mês de julho de dois mil e vinte e dois lá estávamos a prestigiar, 

Um momento na vida não se repete e quem não foi por alguma motivação,

Tem que ir pra Vila Bela em novembro se quiser desfrutar.

Dessa coisa que “avicia” essa querida confraria,

Reúne pesquisadores, doutores, escritores, apreciadores e seguidores,

Sempre buscando cultura e conhecimento,

Que nunca é demais para todos estes senhores. 

Manoel Severo, cabra abençoado e iluminado,

Deus estava te acompanhando no dia que quisesse criar, 

O Cariri  Cangaço, “prumode” a gente acompanhar,

Te desejando boa sorte, vou é finalizar. 

Antes que o senhor se abuse e mande Virgulino me pegar, 

Melhor me preparar, quando for na próxima edição,

Lá eu quero estar e sei que um grande abraço eu ei de lhe dar,

Não é com medo, não, mas sim é com emoção!

Assim sendo, grande curador, em novembro,

Com a graça e permissão divinas,

Rumemos todos para a Serra Talhada e,

O velho rei cego, vamos atanazar!

Marcus Vinícius, poeta e cordelista
Conselheiro Cariri Cangaço - Paulo Afonso Bahia
O Cariri Cangaço Piranhas aconteceu entre os dias 28 e 30 de julho de 2022 na cidade ribeirinha de Piranhas, baixo São Francisco, no estado de Alagoas, nordeste do Brasil.

"Caminhos da Resistência - Pelas Ruas de Piranhas" é Lançado no Cariri Cangaço Piranhas 2022

Cariri Cangaço lança "Caminhos da Resistência" em Piranhas 2022

A manhã de 29 de julho de 2022; segundo dia do Cariri Cangaço Piranhas 2022; marcou o lançamento oficial da rota turística "Caminhos da Resistência - Pelas Ruas de Piranhas" que promete apresentar ao público de pesquisadores, estudantes e admiradores da temática, de forma detalhada, um dos episódios mais marcantes do ciclo do cangaço em terras Piranhenses, quando traz os principais cenários que antecederam, como os fatos se desenrolaram e as repercussões da invasão dos grupos de Gato e Corisco a Piranhas em 1936.

Inacinha e Gato

Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço afirma: "para o Cariri Cangaço é uma grande alegria e uma enorme honra chancelar e assinar a Rota "Caminhos da Resistencia", uma ideia que veio sendo amadurecida pelos amigos Miguel Alencar e Celsinho Rodrigues, que inclusive é resultado de muitas conversas nossas e que hoje concretizamos com muita propriedade, trazendo quase três centenas de pesquisadores e admiradores da temática para a partir das ruas de Piranhas, conhecer um pouco mais sua história e prestar um respeitoso tributo àquelas vítimas de 1936."

Celsinho Rodrigues no lançamento dos "Caminhos da Resistência-pelas ruas de Piranhas"
Miguel Alencar, Manoel Severo, Eduardo Clemente, Celsinho Rodrigues, Paulo Britto e Jacqueline Rodrigues
Manoel Severo, Jacqueline Rodrigues, João Dantas e João de Sousa Lima
Paulo Britto

A Rota "Caminhos da Resistência - Pelas Ruas de Piranhas" inicia no Portal de Entrada da cidade histórica quando é apresentado aos convidados o episódio do cerco e combate da fazenda Picos, a poucos quilômetros de Piranhas Velha, quando o bando de Gato é surpreendido pela volante de João Bezerra, episódio que culminou com a prisão de Inacinha, companheira de Gato, e desencadeou a invasão pelos dois grupos cangaceiros do próprio Gato e de Corisco. "É importante e vital aqui no inicio da Rota, esclarecer o episódio que veio a motivar a invasão de Gato e Corisco em setembro de 1936 a partir da fazenda Picos, justamente em função desse combate e da prisão de Inacinha é que os cangaceiros invadiram Piranhas" lembra a Conselheira Cariri Cangaço, Jacqueline Rodrigues. 

As boas vindas ao participantes do primeiro "Caminhos da Resistência - Pelas Ruas de Piranhas" foi feita em conjunto pelo curador do Cariri Cangaço Manoel Severo, pelos Conselheiros Celsinho e Jacqueline Rodrigues e ainda por Miguel Alencar, contando ainda com participações valorosas de João de Sousa Lima e Paulo Britto.

No Cariri Cangaço Piranhas 2015 uma das visitas técnicas foi a Fazenda Picos; local da prisão de Inacinha e depois da saga sangrenta do cangaceiro Gato rumo a Piranhas

Junior Almeida, João Costa, Julierme Wanderley e Emmanuel Arruda
Joseane, João de Sousa, Manoel Severo, Jacielma Silva e Adriano, Celsinho e Louro Teles
Manoel Severo e o lançamento dos "Caminhos da Resistencia" no Cariri Cangaço Piranhas 
Celsinho Rodrigues, Miguel Alencar, Dantas Suassuna, Manoel Severo e casal João Costa
Ivanildo Silveira, Jacqueline Rodrigues e Calixto Junior

Gato encontrou a morte depois desse ataque a Piranhas, depois da prisão de sua amada Inacinha, pelo tenente João Bezerra. Inacinha estava grávida e neste combate saiu ferida. O tiro entrando nas nádegas e saindo no abdômen. Por muita sorte a criança não foi ferida. Gato pede ajuda a Corisco e este organiza esse ataque . No trajeto, Gato sai disseminando a morte. A data se tornaria, para algumas famílias, uma lembrança dolorosa, por isso a importância do lançamento dessa rota pelas ruas de Piranhas, para justamente resgatar essa historia, principalmente em respeito as vítimas desse episódio" ressalta o Conselheiro Cariri Cangaço, João de Sousa Lima.

É Jacqueline Rodrigues, Conselheira Cariri Cangaço, que completa: "foi uma verdadeira carnificina naquele setembro de 1936 na invasão de Gato e Corisco. Gato matou Messias, Manuel Lelinho e Antônio Tirana, sem falar em seu Abilio e João Seixas Brito, que foi sangrado tambem aqui no centro de Piranhas, local por onde vamos passar daqui a pouco." 

Do ponto de partida da rota pelas ruas de Piranhas a caravana parte para a segunda parada: o velho cemitério local...
Caravana Cariri Cangaço Piranhas 2022 na segunda parada dos Caminhos da Resistencia
Franklin Serra, Manoel Severo, Julierme Wanderley e João Costa
Paloma, Manoel Severo, Maria Luiza, Otília Cabral e Prof. Jorge
Conselheiros Cariri Cangaço, Kydelmir Dantas e João de Sousa Lima
Conselheiros Cariri Cangaço Ivanildo Silveira e Jacqueline Rodrigues
Odilon Nogueira e Gilmar Teixeira ao lado de Manoel Severo
Do ponto de partida dos "Caminhos da Resistência" que foi no portal tradicional de entrada da cidade o percurso seguiu para a segunda parada, no cemitério de Piranhas, do alto de uma colina de onde se tem uma vista panorama da bela cidade histórica que viveu momentos de agonia e dor naquele setembro de 1936, vitima do ataque dos bandos de Gato e Corisco, com o objetivo de resgatar a cangaceira Inacinha, companheira de Gato, capturada pela volante de João Bezerra. 

Quem esclarece é o Conselheiro Cariri Cangaço Ivanildo Silveira: "Na verdade Inacinha depois do fogo da fazenda Picos, quando foi capturada pelas forças de João Bezerra; não foi conduzida para Piranhas, sede da volante e local onde morava o próprio João Bezerra como imaginavam os cangaceiros; por isso Gato e Corisco invadiram Piranhas , mas Inacinha não se encontrava na cidade, estava na localidade de Olho d'Agua do Casado, e a cidade estava de alguma forma desguarnecida, uma vez que a volante de João Bezerra não estava, só chegando a Piranhas com a própria Inacinha, presa, a noite, quando o ataque já havia terminado."

Inacinha, cangaceira companheira de Gato, grávida de oito meses é baleada e capturada pela volante de João Bezerra. Depois desse episódio; de maneira curiosa, viria a se casar justamente com um soldado da volante de Piranhas de nome pé-na-tábua. 

Mesmo a contra gosto; por considerar arriscada a empreitada uma vez que Piranhas era sede de volante;  Corisco resolve acompanhar Gato na empreitada de resgate de Inacinha; no total eram em torno de 22 cangaceiros, mas não lograram êxito. João de Sousa Lima nos traz: “Assim que os cangaceiros entraram na cidade, o delegado Cipriano Pereira e mais oito soldados fugiram deixando os moradores desguarnecidos. Os populares tiveram que suprir a falta dos “Homens da Lei, dai os grupos de resistência foram os próprios moradores com destaques para Chiquinho Rodrigues e a própria dona Cyra Britto, homenageada neste Cariri Cangaço”. 

Conselheiros Cariri Cangaço, Jorge Figueiredo e Junior Almeida
João Andrade, casal Paulo Britto e Ane Ranzan
Odilon Nogueira, Kiko Monteiro, Manoel Severo, Ten Cel Marcelo Rocha e Junior Almeida
Cariri Cangaço, onde o Brasil de Alma Nordestina se Encontra: Piranhas 2022

No Cemitério; segunda parada da rota; tínhamos a resistência de Joãozinho Carão ao lado de outros homens da cidade ; mais para o centro vamos encontrar outro foco de resistência a partir da casa de João Bezerra com a ação da própria esposa do militar, dona Cyra Britto. Chiquinho Rodrigues e Joãozinho Marcelino, se encontravam nos sobrados mais abaixo, sustentando fogo contra os grupos dos cangaceiros Corisco e Gato.

Caravana Cariri Cangaço parte para a terceira parada dos "Caminhos da Resistência" em Piranhas 2022
Todos os caminhos levam ao Cariri Cangaço

Quem confere é o Conselheiro Cariri Cangaço Emmanuel Arruda; presidente da Academia de Letras de Princesa Isabel: "Essa rota dos Caminhos da Resistencia, lançada aqui em Piranhas e trazendo o episódio marcante da invasão de Gato e Corisco em 1936, marca uma forte presença do Cariri Cangaço em resgastes a partir de visitas similares em cenários importantes do cangaço. Andar pelas ruas de Piranhas Velha, vendo cada local, cada detalhe, é como se fossemos transportados no tempo e no espaço. O Cariri Cangaço fez isso em muitas outras oportunidades: Floresta , Pedro Alexandre, Poço Redondo, Lavras da Mangabeira, Nazaré do Pico, enfim, Piranhas e o Cariri Cangaço estão de parabéns por oportunizar a todos conhecer mais de perto esse episodio" 

Conselheiro Cariri Cangaço Marcus Vinícius
Conselheiro Cariri Cangaço Professor Pereira

A terceira parada da rota pelas ruas de Piranhas foi o Paço Municipal, local emblemático onde localiza-se a prefeitura municipal e suas famosas escadarias - onde foram expostas pela primeira vez - as cabeças dos cangaceiros tombados no Angico em 1938, local também onde se localizavam as casas da familia Britto conjugada com a casa de João Bezerra, onde estava sua esposa, dona Cyra Britto. 

Um dos depoimentos principais dessa manhã foi o de Paulo Britto; filho do tenente Bezerra e de dona Cyra Britto; uma das protagonistas desse marcante episodio: "Os cangaceiros chegaram aqui na parte da tarde, a casa de meus pais era aquela da ponta, que hoje é de cor amarela, a de meus avós era vizinha, conjugada. Minha mãe contava que vieram pelos dois lados e que Corisco chegou por esse lado direito, vindo como se seguindo essa atual entrada de Piranhas..." 

Dona Cyra Britto, esposa de João Bezerra: trocou tiros com os cangaceiros 
em setembro de 1936

Segue depoimento própria dona Cyra Britto em entrevista: "Eram duas da tarde quando eles chegaram a Piranhas. Eu pensei que fosse [o tenente] Bezerra de volta com a volante [proveniente de Delmiro Gouveia]. Então eu saí para a calçada, porém uma prima minha gritou: 'Cyra, entre são os cangaceiros'. Piranhas é uma cidade construída num vale cercado de serras. Quando eu olhei, vi que vinham descendo cangaceiros por todos os lados. Recuei e fui fechar a porta da casa, mas não consegui fechar a primeira janela e, um cangaceiro, escondido atrás de uma gameleira (uma árvore secular que havia em frente à casa) disse: 'Não feche que morre'. Eu me encostei na janela e olhei. Vi a um canto da parede um riflezinho. Peguei-o e atirei no cangaceiro. Fiquei trocando tiro. Ele tentava me alvejar pela janela e eu atirava nele. (...) Nós tínhamos armas em todos os cantos da casa."

Celsinho Rodrigues, Manoel Severo, José Irari, Paulo Britto, Fabio Ator, 
 João de Sousa Lima, Jacqueline e Ivanildo Silveira
Celsinho Rodrigues, Manoel Severo e Paulo Britto

E continua dona Cyra: "Quando eu estava assim trocando tiros com esse homem, Corisco surgiu na esquina da avenida Tabira de Britto [próxima à Prefeitura Municipal], perseguindo meu tio João Correa de Britto, prefeito nessa época. Corisco estava quase pegando meu tio quando eu atirei nele, mas só consegui atingir os bornais. Ele rodopiou, entrincheirou-se na escada de uma casa e ficou atirando em mim. Eu deixei de atirar naquele que estava junto à gameleira e fiquei atirando para o outro. É quando surge na mesma esquina um grupo de cangaceiros trazendo uma rede com um corpo, uma rede toda ensanguentada. Era Gato, marido de Inacinha, que tinha morrido. Um tiro [dos muitos dados pelos defensores da cidade em duas horas de cerrado tiroteio] atingiu a cartucheira que ele trazia na cintura, atingiu o pente de onde explodiram cinco balas que esfacelaram seu intestino." (1985, p. 13) Os cangaceiros, diante do inesperado, bateram em retirada.”

Conselheiro Cariri Cangaço Celsinho Rodrigues
Luma Holanda, Manoel Severo, Eduardo Clemente, Celsinho, João Dantas, Paulo Britto, 
João de Sousa, Ivanildo Silveira
Manoel Severo, Eduardo Clemente, Celsinho, Irari, Paulo Britto, Fábio,
João de Sousa, Ivanildo Silveira e Kiko Monteiro
Conselheiros Cariri Cangaço, Jacqueline Rodrigues e Kydelmir Dantas

Um dos pontos altos da manhã diante do Palácio Pedro II, sede da prefeitura de Piranhas foi a fala de Eduardo Clemente, Secretário de Turismo e Cultura do Município que assegurou a decisão da municipalidade em restaurar a arquitetura das escadarias do prédio para a escadaria original dos anos trinta, quando ali foram expostas pela primeira vez as cabeças dos cangaceiros que tombaram no Angico em julho de 1938. "Essa informação do senhor secretário de turismo e cultura, Eduardo Clemente, nos deixa muito felizes, restaurar a arquitetura das escadarias aqui da prefeitura para a original da época da famosa e clássica foto das cabeças dos cangaceiros, dispostas aqui mesmo nesse prédio é um resgate histórico importante, mais uma vez estão de parabéns Piranhas e o Cariri Cangaço" confirma Narciso Dias, Conselheiro Cariri Cangaço e presidente do GPEC.

À esquerda a atual arquitetura das escadarias da prefeitura de Piranhas, à direita, a escadaria original na foto clássica das cabeças dos cangaceiros mortos no Angico em 1938. "É compromisso de nossa gestão, restaurarmos a arquitetura original das escadarias para a original da época de 1938" confirma Eduardo Clemente, secretário de turismo e cultura de Piranhas.

Eduardo Clemente, Secretário de Turismo e Cultura de Piranhas.
Cariri Cangaço, mais que um evento, um sentimento...
Cariri Cangaço, Território de Grandes Encontros...

"Foi a melhor oportunidade para se viver a história, pois estávamos diante dela, com a presença de, ainda, personagens participantes. Os locais, ainda estavam lá, de pé, fortes, e se podia ouvir o que eles contavam sobre o tempo passado" revela a pesquisadora cearense Arusha Kelly.

"Emoção enorme de hoje rever a história desta Piranhense sendo contada de forma saudosa, lembrando a amiga, comadre, prima, madrinha, parente, de alguns aqui presentes e de muitos que vivem nesta cidade. Mas não só isso, Piranhas tem o berço da história dos meus antepassados e a junção de encontrar muitos parentes e amigos nesse encontro, ficará nas páginas da minha vida como dias muito felizes, de fortes abraços, de momentos marcantes, que se pudesse pediria ao tempo para eternizar e perpetuar" confessa Paulo Britto, filho do Tenente Bezerra e Cyra Britto.

Frei Tibério e Manoel Severo
Otávio Cardoso, Manoel Severo, Tiago Meneses e Tiaguinho
Joseane e Louro Teles e Gláucia Feitosa

Ainda dentro da visita ao paço municipal , o Monsenhor Luciano Rodrigues Brito fez uso da palavra para apresentar aos presentes a história daquela edificação: o palácio Pedro II; nome que é uma homenagem ao monarca Dom Pedro II, que visitou a cidade de Piranhas em outubro de 1859, o palácio atualmente é a sede da Prefeitura Municipal de Piranhas.

Monsenhor Luciano Rodrigues Brito e a história do palácio Pedro II
Junior Almeida, Calixto Junior, Thiago Meneses e Fagner Lopes

Recorremos ao pesquisador João de Sousa Lima, Conselheiro Cariri Cangaço, para falar sobre o perfil do cangaceiro Gato: "Santílio Barros era o verdadeiro nome do cangaceiro Gato e não se tem na história do cangaço, outro homem que tenha sido tão sanguinário, perverso e frio como foi este cangaceiro. Era filho de Ana (Aninha Bola) e Fabiano, um dos sobreviventes da guerra de Canudos, seguidor do reverenciado beato Antonio Conselheiro. Era índio da tribo Pankararé.

Além de Gato, duas irmãs sua foram pro bando: Julinha, amante de Mané Revoltoso e Rosalina Maria da Conceição, companheira de Francisco do Nascimento, o cangaceiro Mourão. Mourão mesmo sendo cunhado e primo de Gato, acabou sendo morto por ele, depois que Mourão e Mormaço acabaram uma festa, acontecida no Brejo do Burgo, onde deram alguns tiros colocando a população em pavorosa fuga, Gato sendo cobrado por Lampião que pediu providências por ser o pessoal de sua família, perseguiu e matou os dois companheiros, enquanto eles pegavam água em um barreiro, em um dos coitos no Raso da Catarina. Mourão deixou Rosalina grávida e desta gravidez, nasceu Hercílio Ribeiro do Nascimento, ainda vivo e residindo no Brejo do Burgo."

Cangaceiro Gato, segundo da esquerda para direita

E continua João de Sousa Lima, "Gato por pouco não matou sua própria mãe por esta ter feito comentários sobre as constantes passagens dos cangaceiros por sua casa. Gato foi até a casa da mãe com a finalidade de corta sua língua, quando foi dissuadido por alguns familiares do macabro intento, mostrando pra mãe dois facões e dizendo: Este aqui é o cala boca corno e este é o bateu cagou!" A partir desse perfil traçada pela história do sanguinário Gato, é fácil compreender a sina macabra acontecida logo após a fazenda Picos.

A Quarta parada da caravana Cariri Cangaço se deu em frente a casa onde foram capturado e depois assassinados o jovem João Seixas Brito e seu Abílio, episódios narrados pelo Monsenhor Luciano Rodrigues Brito.


"A emoção é imensa em participar de um momento como esse. Testemunhar mais de duzentos pesquisadores e curiosos da história do sertão, percorrendo as ruas de Piranhas, conhecendo episódios marcantes da história, de forma responsável, é simplesmente extraordinário, mas essa é a marca do Cariri Cangaço, e avante, como diz o amigo Severo" revela o Conselheiro Cariri Cangaço Ângelo Osmiro, presidente do GECC- Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará.

José Irari, Paulo de Tarso e Manoel Severo
Eduardo Clemente, Manoel Severo, Dantas Suassuna, Jacqueline e Ivanildo Silveira

"Nessa vivência do Cariri Cangaço de Piranhas 2022, foram sopradas no solo fértil do conhecimento e da paixão pelo Cangaço, muitas sementes de amizades e afetos que brotaram ao longo do tempo e serão regadas com os abraços e novas histórias dos próximos encontros. Que venha Cariri Cangaço Serra Talhada! Novo Palco, novo espetáculo e novos encontros! Gratidão, abraços, aplausos, saudações a todos!" revela a pesquisadora Luci Araújo, de Recife - Pernambuco.


Monsenhor Luciano Rodrigues Brito

 "Seguir os passos pelos "Caminhos da Resistência", refazendo a trajetória do ataque e defesa de Piranhas nos anos idos do Cangaço, imaginando a invasão pelos cangaceiros e a defesa da cidade pelos moradores, como muitos sentiram, foi arrepiante" fala o pesquisador Sérgio Luiz de Itabuna - Bahia


Cariri Cangaço Piranhas 2022 - Caminhos da Resistência- Pelas Ruas de Piranhas, Mais que um Evento, um Sentimento, sempre...
 
Zé Bezerra Lima Irmão, Dona Zélia e Esposo, João Dantas, Monsenhor Luciano, Celsinho Rodrigues, Manoel Severo, João de Sousa Lima, Miguel Alencar e Jadilson Ferraz

A quinta parada da Caravana Cariri Cangaço aconteceu no largo onde tombou baleado o cangaceiro Gato, até hoje permanece a dúvida de quem realmente foi autor do disparo "de ponto" que atingiu o mais cruel de todos os cangaceiros. Seu Chiquinho Rodrigues, bisavô do Conselheiro Cariri Cangaço e organizador em Piranhas 2022, Celsinho Rodrigues; ao lado de Joãozinho Marcelino, são os possíveis responsáveis pelo fim da trajetória de um dos mais emblemáticos cangaceiros do ciclo lampiônico.

Monsenhor Luciano Rodrigues Brito e... Ricardo Beliel; diante do prédio onde estava sediado o quartel das forças volantes em 1936 e que no final do século XIX hospedou Dom Pedro II. Aqui foi até onde os cangaceiros puderam chegar...
Luiz Antônio, Miguel Alencar, Jadilson Ferraz, Monsenhor Luciano e Zé Bezerra Lima Irmão
Aqui, neste largo, em frente ao quartel da forças volantes;  tombou baleado o cangaceiro Gato e foram assassinados os reféns Abílio e João Brito.

Chiquinho Rodrigues e dona Helenira

Chiquinho Rodrigues, tinha 26 anos quando os grupos de Gato e Corisco invadiram Piranhas para o resgate de Inacinha. Do sobrado da família, na rua da igreja, seu Chiquinho ao lado de Joaozinho Marcelino resistiu aos cangaceiros, que cravejaram sua casa com "110 tiros". Em entrevista, Chiquinho Rodrigues confirma: "Minha mulher estava de resguardo da primeira filha, Tereza, que tinha 18 dias de nascida e estava numa cadeirinha no canto da parede. Tanto que acabou ficando com os olhos vexados, segundo o médico, por causa da zoada dos tiros".

Todos os caminhos levam ao Cariri Cangaço: partimos para a sexta e última parada dos Caminhos da Resistência, o Sobrado de Chiquinho Rodrigues na rua da igreja
Padre Agostinho por Ricardo Beliel
Padre Agostinho, Capelão do Cariri Cangaço em Piranhas 2022

Quem nos fala é João de Sousa Lima: ”Chiquinho Rodrigues portava um rifle cruzeta de 10 tiros e tinha um estoque de 260 cartuchos, dos quais deflagrou 170. Existe uma polêmica em razão do tiro que atingiu o cangaceiro Gato. Uns dizem que o autor do foi Chiquinho Rodrigues, outros creditam o certeiro disparo, a Joãozinho Marcelino. A verdade é que Gato saiu baleado e morreu três dias depois do confronto, acabando-se assim um dos mais cruéis homens que engrossaram as fileiras do cangaço.”

Placa Comemorativa fixada no Sobrado de Chiquinho Rodrigues, 
por ocasião do Cariri Cangaço Piranhas 2022

Novamente, agora diante do sobrado de seu Chiquinho; atualmente mantido pela família; nossa sexta parada. Local de onde o destacado comerciante Piranhense defendeu sua casa e sua família e que hipoteticamente partiu o tiro que mataria o cangaceiro Gato; a apresentação do episódio ficou por conta de seus netos,  Monsenhor Luciano Rodrigues Brito e Miguel Alencar, além de participações de Ivanildo Silveira, João de Sousa Lima e da neta Jacqueline Rodrigues, além de Jadilson Ferraz.

Miguel Alencar, filho de dona Tereza; testemunha viva do ataque de Gato a Piranhas. 
Dona Tereza Rodrigues, filha de Chiquinho Rodrigues, com 18 dias de nascida testemunha do fatídico setembro de 1936. Primeira Piranhense a alcançar nível superior, formou-se em medicina. 
Ivanildo Silveira e Jacqueline Rodrigues diante do Sobrado de Chiquinho Rodrigues
João de Sousa Lima, Monsenhor Luciano e Jadilson Ferraz
Ivanildo Silveira e João Dantas: "dessas janelas partiu o tiro que matou o cangaceiro Gato em setembro de 1936"

É a neta Jacqueline Rodrigues, Conselheira do Cariri Cangaço, que conta: "Lembro muito bem quando vovô Chiquinho contava que estava na bodega e sua mãe, bivó Nanoca, chegou e perguntou o que estava acontecendo, daí ele disse que eram os cangaceiros que estavam chegando. Minha bisavó Nanoca então disse: se é para lutar, vamos lutar, não esmoreça. Daí entraram para o sobrado, meu avô ficou na resistência e minha bisavó e minha vó ficaram rezando um "rosário apressado"..."

João Costa, Monsenhor Luciano, Kiko Monteiro e as emblemáticas janelas do Sobrado de Chiquinho Rodrigues, da rua da igreja
Luiza, Paloma, Jorge, Maria Otília e Manoel Severo
Joaquim Pereira

"Para todos nós da família Piranhense e da família Cariri Cangaço a manhã deste dia 29 de julho de 2022 torna-se histórico. Resgatar de forma solene e respeitosa esse episódio marcante e doloroso da invasão de Gato e Corisco a Piranhas em 1936; através do lançamento dos "Caminhos da Resistência-Pelas Ruas de Piranhas" dentro desse Cariri Cangaço 2022; é sobretudo um tributo às vítimas inocentes dessa tragédia. Que a partir de hoje através desse roteiro se perpetuem nossas homenagens a todos eles" revela um emocionado Celsinho Rodrigues.

Lançamento dos "Caminhos da Resistência - Pelas Ruas de Piranhas" Cariri Cangaço Piranhas 2022, 29 de julho de 2022 - Piranhas - Alagoas - Nordeste do Brasil