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Carlos Santos e Severo
Entre os dias 17 e 22 de agosto, seis municípios do Ceará vão sediar concomitantemente o "Cariri Cangaço". A iniciatia é marcada por palestras, debates, exposições, visitas técnicas e apresentação de estudos científicos.
Ouvi essas informações hoje à tarde em Pipa (Tibau do Sul-RN), onde estive.
Os estudiosos do cangaço, cearenses Manoel Severo e Aderbal Nogueira, dissertaram sobre o assunto, que será a segunda edição do evento. O primeiro ocorreu entre os dias 23 e 27 de setembro do ano passado.
Crato, Juazeiro, Barbalha, Jati, Missão Velha e Aurora vão sediar a programação - conta Severo, com nítida empolgação. "Ano passado eram quatro. Agora teremos também Jati e Aurora", complementa. Ele é um dos principais organizadores da iniciativa.
O bate-papo foi provocado pelo advogado e professor Honório de Medeiros, estudioso do assunto. Ao lado de sua filha, a infante Bárbara, não poderíamos conversar em lugar diferente: "Restaurante Lampião". Tocamos essa confraria lá, à tarde desta quinta (7).
- Não tenha dúvidas: os estudos sobre o cangaço exigem uma abordagem mais científica - admite Severo. Existe farto material produzido de forma empírica, que é significativo, mas os trabalhos precisam avançar para esse campo, reconhece.
Administrador de empresas, mas historiador e documentarista por paixão, Aderbal vê o assunto como inesgotável. Em sua ótica, "há muito ainda a ser discutido".O mito gerado a partir do cangaceiro "Lampião" o mantém atual, ainda mais quando questões como poder e violência não saem de cena, aponta Aderbal.
Fonte: blogdocarlossantos
8 comentários:
Senhores:
Já disse em outra discussão neste fórum que não sou a pessoa indicada para falar sobre cangaço, uma vez que sei apenas o trivial, lido em livros esparsos e nem sempre verdadeiros do ponto de vista científico. Tanto é verdade que pouco frequento este espaço virtual.
Louvo a preocupação com esse caráter científico no curso do majestoso seminário a se realizar no Cariri, mas gostaria de saber o que se quer dizer com o uso do termo CIÊNCIA no contexto deste artigo. Acho que está havendo alguma confusão de conceito. Intepretar um fato sob o ponto de vista antropológico, sociológico ou psicolológico é CIÊNCIA, sem dúvida, mas não se pode esquecer que a HISTÒRIA é a mãe de todas estas ciências.
Sim. História é CIÊNCIA e talvez seja a mais importante daquelas ditas SOCIAIS. A História e a ciência que estuda o Homem e sua ação no tempo e no espaço, concomitante à análise de processos e eventos ocorridos no passado. Por metonímia, o conjunto destes processos e eventos. A palavra história tem sua origem nas «investigações» de Heródoto, mas será Tucídides o primeiro a aplicar métodos críticos, como o cruzamento de dados e fontes diferentes. (continua...)
O estudo histórico tem início quando os homens encontram os elementos de sua existência nas realizações dos seus antepassados. Os historiadores usam várias fontes de informação para construir a sucessão de processos históricos, como, por exemplo, escritos, gravações, entrevistas (A CHAMADA MEMÓRIA ORAL).
Como já disse alguém, NÃO SE PASSA PELA VIDA SEM DEIXAR MARCAS. Um objeto, uma obra, um desenho, uma canção, uma carta, uma hipótese formulada. Itens assim são traços da passagem do homem. Todo e qualquer vestígio do passado, de qualquer natureza, define o documento histórico. Quantas vezes não foi tentada a falsificação de documentos ou narrativas históricas? Heróis fictícios, peças com atribuições alteradas de origem, tempo e uso, informações sem fontes… muitas e tantas deturpações de alguns que querem moldar a história aos seus caprichos. Por isso existe uma ciência especial, a Heurística, só para cuidar da verificação e investigação da autenticidade das fontes históricas.
Até a história mais inocente, aquela recolhida no seio do povo, a MEMÓRIA ORAL, mesmo não sendo ciência no rigor da palavra, tem um valor imprescindível na contextualização histórica. (continua...)
Então, feitas essas observações, pergunto o que DEVE SER DEFINIDO COMO CIÊNCIA. Seria ciência usar termos rebuscados, lançar teses complexas ou criar teorias inalcançáveis? Se o seminário busca se revestir de complexos debates de natureza sociológica ou antropológica, creio que é dispensável a presença de historiadores (sejam profissionais ou amadores). No caso, como estes não tem a pretensão e nem a obrigação de interpretar, mas apenas de NARRAR, seriam dispensáveis, não é verdade?
Fica a sugestão. Saudações cordiais
Adauto M. Souto
Professor de Língua e Literatura Portuguesa
Fortaleza
Professor Adauto é sempre uma satisfação acolher seus comentários, sempre tão abalisados e oportunos.
Gostaria de concordar plenamente com o senhor; na verdade o trecho publicado na postagem em tela, estava dentro de um contexto mais amplo e a partir de uma pergunta do amigo jornalista Carlos Santos que me perguntava se o Cariri Cangaço iria também provocar um aprofundamento do estudo do cangaço a partir de um olhar mais apurado de outras ciências, e aí, entenda-se , como o amigo mesmo pontua; antropologia, sociologia, enfim. Foi quando eu coloquei que sim, que sempre haveria espaço para esse outro olhar.
Ressalto ainda que o Cariri Cangaço nunca iria dissociar fenômeno tão encantador da mais encantadora das ciencias que é a História.
Humildemente penso que não houve confusão de conceito, talvez não tenha me feito entender da forma correta, pelo que peço perdão.
De qualquer forma estimo que o senhor possa estar ao nosso lado no Cariri Cangaço 2010, o que com certeza em muito enriquecerá o debate e para nós será uma satisfação.
Manoel Severo - Cariri Cangaço
São meus planos, Sr. Severo. No ano passado não pude comparecer por questões de saúde. Soube do encontro através da mídia. Este ano, se tudo correr bem, devo fazer minha inscrição com a necessária antecedência, para aprender um pouco mais sobre este palpitante tema.
Saudações
Adauto
Caros amigos
Vejo no Cariri Cangaço, não por ser em nossa terra, Juazeiro e as outras cidades do Cariri, mas como uma grande oportunidade ´para além de conhecermos as mais variadas verdades históricas do cangaço, realmente aprofundarmos também outras questões. Quem foi a palestra da noite da URCA - Universidade Regional do Cariri, pôde testemunhar o alto nível das discussoes, sem que fosse preciso abandonar o viéis histórico, colhido pelos pesquisadores, muitos deles que dedicam toda uma vida a buscar os fatos de nosso sertão.
valeu professor Adauto pela reflexão e parabens ao manoel severo, prefeito santana, profa. glória tavares e todos da organização pelo brilhante evento, até 2010.
Felipe Lima - Juazeiro do Norte
Em alguns pontos tendo a concordar com o professor Adauto. Ponderações interessantes.
Abraço
Sérgio.'.
Espetacular o nível de debate desse blog, parabens a todos os senhores.
Maria do Rosário Neves - Juazeiro CE
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