Ângelo Osmiro
Jesuíno Alves de Melo Calado ou simplesmente Jesuíno Brilhante, o cangaceiro romântico. Nasceu no sítio Tuiuiú nas proximidades de Patu no Estado do Rio Grande do Norte. Agricultor e criador até os vinte e cinco anos, era um homem pacato. Segundo o grande folclorista potiguar Câmara Cascudo que por sua vez ouvira do padre Antônio Brilhante, Jesuino era de estatura baixa, robusto, pele clara, arruivado e de olhos azuis, falava manso e tato; exímio atirador tinha grande pontaria sendo ainda ambidestro. Casou-se com uma prima, chamada Maria Carolina C. de Mello com quem teve cinco filhos.
Um verdadeiro “Robin Hood” do sertão, roubava dos ricos para distribuir aos pobres, tendo como fato que durante a grande seca que assolou o sertão nordestino em 1877, uma das mais catastróficas da história, ele e seu bando saqueavam os comboios enviados pelo governo transportando alimentos. Distribuía aos flagelados a seu critério; era aquele que protegia as donzelas ultrajadas, fazendo casamentos, principalmente de filhos de poderosos que abusavam das filhas dos sertanejos humildes, achando que não seriam punidos ou obrigados a casar.
A entrada de Jesuíno Brilhante no cangaço deu-se em razão de uma desavença com uns vizinhos da família Limão, esses ligados ao partido Conservador, então dominante da política local, em contra partida a família de Jesuíno estava ligada ao partido Liberal, “em baixa” como se dizia na época. Este fato em especial viria causar a perseguição de Jesuíno por parte de um governo tendencioso.
Após um roubo de cabras na fazenda dos Calados, praticados por membros da família Limão, a briga esquentou, tendo um irmão de Jesuíno de nome Lucas Alves, levado uma surra de Honorato Limão na “rua” de Patu. O fato revoltou Jesuíno Brilhante que se dirigiu à localidade em busca de vingança, tendo encontrado o agressor em um bar, zombando e mandando abrir uma garrafa de cachaça em “honra do morto”. Jesuíno invadiu o estabelecimento comercial e matou Honorato Limão a golpes de faca, fato ocorrido precisamente no dia 25 de dezembro de 1871, noite de natal.
Outra versão é que um menino da família Limão teria desrespeitado o patriarca da família, o major João Alves de Mello Calado. Zé Limão cumprindo ordens de seu patrão José Lobo, fora à fazenda Tuiuiú devolver uma junta de bois que João Alves havia emprestado a seu patrão. Desgostoso com a ordem, o moleque foi a contragosto e chegando a propriedade dos Calados, não tratara com o devido respeito ao velho fazendeiro. Naquele mesmo instante chegava à fazenda Jesuíno, filho de João Alves que presenciou toda a cena e pediu respeito para com seu pai, o menino atrevidamente respondeu ao filho de João Alves e puxou uma faca para agredi-lo, sendo desarmado e dominado por Jesuíno, acabou levando uma surra. A família Limão passou a jurar vingança pela sova levada pelo caçula.
A partir do assassinato de Honorato Limão, Jesuíno Alves de Melo Calado passaria a ser Jesuíno Brilhante, o nome era uma homenagem a um tio, que havia abraçado a vida bandoleira anteriormente.Sua vida foi repleta de histórias extraordinárias, como a que uma vez, chegando à fazenda de um conhecido seu, pediu ao fazendeiro cavalos, viveres e dinheiro, tendo este negado, dizendo que dar não daria se quisesse que levasse, Jesuíno respondeu-lhe que era cangaceiro sim, ladrão não, montou em seu cavalo e saiu sem mais nada dizer ou fazer. Outro fato famoso de sua vida bandoleira deu-se no assalto a cadeia de Pombal na Paraíba, com o intuito de soltar seu irmão que estava preso naquela cidade. Assim como também o ataque à cadeia de Martins no Rio Grande do Norte, quando, enquanto tiroteava com seus inimigos ia furando buracos nas paredes das casas conjugadas, indo sair na última casa da rua, deixando seus adversários atônitos com sua astúcia. Nesta ocasião deu fuga a 43 presos conforme consta no processo aberto para apurar o caso.
Jesuíno entrou na vida bandoleira aos vinte e cinco anos, passando cerca de dez anos vivendo em baixo do cangaço, porém jamais foi assalariado para cometer qualquer tipo de crime, tinha orgulho de dizer que nunca havia matado para roubar.Dentre as histórias heróicas da tradição oral atribuída a Jesuino Brilhante, conta-se que certa vez pedindo pouso em uma fazenda, foi atendido pela mulher do fazendeiro, pois este estava viajando. Aflita, a mulher pede socorro, um valentão do lugar havia mandado avisar que ela se preparasse àquela noite, pois ele viria dormir com ela. Jesuino orientou a mulher a sair de casa e tomou seu lugar no quarto. Brilhante esperou o valentão, que apareceu à noite e adentrou no quarto pensando encontrar a pobre mulher indefesa. Pouco tempo depois o homem saiu gravemente ferido e veio a falecer. Ao amanhecer a mulher voltou para casa, encontrou Jesuino que a tranqüilizou, dizendo ter resolvido o problema, o valentão não voltaria mais, pois havia viajado.
Também no Ceará, o cangaceiro romântico fez das suas. Após sua esposa e seu pai sofrerem severas humilhações praticadas pelo Alferes Sá Leitão no Rio Grande do Norte, o militar agressor tentou refugiar-se nas redondezas da cidade de Russas, onde para seu azar, moravam vários familiares do cangaceiro. Não demorou muito para que Jesuíno Brilhante fosse avisado pelos parentes do paradeiro de seu inimigo.Deslocou-se para as terras jaguaribanas acompanhado somente do cabra conhecido por Pajeú. Sabendo de todos os passos do militar, Jesuíno preparou uma emboscada e feriu mortalmente seu opositor, após o ocorrido voltou oculto para o território potiguar.
Sua saga foi romantizada pelo grande escritor cearense Rodolfo Teófilo, através do livro “Os Brilhantes”. Escritor nascido na Bahia, entretanto dizia ser cearense por opção.Algumas histórias de gentil homem são atribuídas hoje em dia ao cangaceiro Lampião, o que cria de certa forma uma áurea de herói para o cangaceiro do Pajéu, o que na realidade Lampião não foi, algumas dessas atitudes foram mesmo protagonizadas pelo cangaceiro herói potiguar, esse sim um cangaceiro romântico. Outras histórias sequer existiram, sendo pura criação do imaginário popular.
A vida de Jesuíno Brilhante foi heróica, e sua morte não poderia ser diferente. Sendo atacado pela polícia comandada por um seu inimigo da família Limão, vendo-se acuado montou em seu cavalo e partiu célere em direção dos seus perseguidores disparando seu bacamarte, mas foi ferido mortalmente pelo inimigo. Jesuino foi ainda carregado pelos companheiros, vindo a falecer no lugar Palha, no meio do mato, onde foi enterrado. Anos depois seu amigo o médico Francisco Pinheiro de Almeida Castro exumou o esqueleto, levando a caveira para Mossoró, daí para a cidade do Rio de Janeiro de onde não se sabe hoje seu paradeiro. Jesuíno Brilhante o verdadeiro Cangaceiro Romântico.
Ângelo Osmiro
Fonte: lampiaoaceso.blogspot.com
*Ângelo Osmiro Barreto é Historiador e Pesquisador do Cangaço, atual presidente da SBEC - Sociedade brasileira de estudos do cangaço
19 comentários:
PARA FOMENTAR O DEBATE, COLOCO AQUI O QUE JÁ HAVIA COMENTADO ANTES EM OUTRO BLOG:
Parabéns ao amigo Ângelo por trazer a lume notícia sobre o conterrâneo Jesuíno Brilhante, o 'CANGACEIRO', na real acepção da palavra.
É curioso - e digno de análise, já que pretendemos não ficar presos somente à História - porque figuras de cangaceiros chamados 'românticos' ou 'justiceiros', como é o caso de Brilhante, Antônio Silvino e Adolfo Meia-Noite são RELEGADOS A PLANOS EXAGERADAMENTE INFERIORES. Vemos, de fato, que os estudos sobre estes personagens são quase inexistentes.
Lampião, POSSIVELMENTE O MAIS SANGUINÁRIO DE TODOS, é o mais estudado, o mais mitificado, o mais vendido, o mais cultuado e até mesmo 'o mais idolatrado' dentre tantos outros que o precederam.
Será que é o 'prazer de sangue' que reside no inconsciente de cada um de nós? Façamos essa abordagem de cunho psicnalítico!
Acho que é esta uma questão que desafia o tirocínio não só de estudiosos do cangaço, mas também de antropólogos, sociológicos, psicólogos, etc.
Há um prazer mórbido aí dentro de cada um de nós, que precisa ser analisado à luz destas Ciências.
Os reais cangaceiros que aplicaram Justiça (a seu modo, bem entendido), estão a cada dia mais esquecidos, ao passo que o nome Lampião é catapultado cada vez mais alto. Qual a razão?
Parabéns, amigo Ângelo pelo artigo e por nos lembrar de tão importante figura.
Sérgio Dantas.'.
NATAL
Muito bom o artigo de nosso Presidente. E, também, muito bom o comentário de Sérgio Dantas.
Honório de Medeiros
Muito oportuno e lúcido o comentário do Dr Sergio Dantas, parabens ao Senhor Angelo pelo feliz artigo.
Rômulo - Juazeiro do Norte
AMIGOS DO CARIRI CANGAÇO:
PARABENIZO O AMIGO ANGELO OSMIRO, PELO BRILHANTE ARTIGO, POSTADO, LOGO ACIMA.
SOBRE OS COMENTÁRIOS DO DR. SÉRGIO DANTAS, SÃO ALTAMENTE PERTINENTES SUAS COLOCAÇÕES ACERCA DO ASSUNTO EM TELA.
Um abraço a todos.
IVANILDO SILVEIRA
Colecionador do cangaço
Acho que já poderíamos lançar a pedra fundamental do debate. Afinal, muitos há por aqui que tem capacidade de sobra para analisar as pertinentes obervações do Sr. Sérgio.
Fraternalmente,
Adauto
Gostaria também de colaborar com o artigo do Professor Angelo e fazer algumas considerações sobre as reflexões do Professor Sérgio Dantas.
Entendo que Lampião é na verdade o mais festejado, concordo em parte com a indagação do Professor Sérgio quando nos traz o "prazer mórbido dentro de cada um de nós....a interesse pelo sanguinário, tragédias, etc" mas também poderíamos refletir sob um outro aspecto sobre a fama e o mito de Lampião.
Como por exemplo: 1. O tempo, foram 20 anos de cangaço; 2. Seu carater extremamente carismático e de liderança; 3. Sua capacidade de Articulação com as forças da época; 4. Sua mobilidade, nunca antes havíamos estudado um bandido com tanta mobilidade, deve ter andado quanto mil kms em toda a sua história...e por sete estados; 5.e por fim a sua inegável inteligencia; como vi em um artigo do professor Severo, em postagem anterior: Lampião um cangaceiro a frente de seu tempo.
Talvez também por esses pontos que me arvorei em situar acima, lampião seja o que é.
Parabens aos partticipantes desse prestigiado blog, o nível a cada dia que passa melhora consideravelmente.
Obrigada pela oportunidade de participar.
Maria do Rosario Neves - Juazeiro do Norte CE
Sao quatro pontos importantes, mas apenas destacam o papel do personagem na longa historia do cangaço, mas não explicam os motivos para tanta idolatria.
Saudacoes
Bruno
Concordo com os pontos levantados por Maria do Rosário. Lampião foi como bem disse Severo "um cangaceiro a frente de seu tempo". Soube como ninguém, explorar o marketing pessoal. Antes de Lampião morrer, ja existia obras falando de suas façanhas. A imprensa dentro e fora do Brasil também contribuiu para criação do mito.
Saudações a todos.
Assis Nascimento
De minha parte, já retiro o que escrevi acima.
De fato, nada há a ser analisado ou discutido neste particular. 'Lampião é Lampião', ora bolas!
Acho que escrevi uma bobagem sem tamanho e peço desculpas por essa asneira a todos que frequentam este Blog!
Sou apenas um aprendiz no tema. Acho que até ouvi falar desses livros que foram escritos quando o cangaceiros ainda era vivo...Parece que Érico de Almeida e Ranulfo Prata foram os autores. Coisa assim..ou parecido.
Abraço a todos.
Sérgio.'.
Também concordo com o Bruno, poderiam ser pontos importantes mas não justificam a idolatria, estou plenamente de acordo com as reflexões do Dr. Sérgio Dantas, inteiramente de acordo em gênero, número e grau.
Ricardo Lima
Além de muito bem organizado e administrado, o blog nos proporcionado esses debates bastante salutares.
Pois bem, quem esteve no Cariri Cangaço I e teve a sorte e ou o prazer de assistir à brilhante e instigante palestra do prof. Honório de Medeiros, não só entende o comentário do Dr. Sérgio, como o endossa. O professor Honório defende a idéia em um de seus artigos, que já é chagado a hora, de se analisar o fenômeno cangaço sob a luz da ciência, ou seja, se faz necessário fazer uma análise mais científica, visto que até então, pouco encontramos em nossa literatura sobre este prisma. Além de se fazer necessário entender o cangaço, não só na era lampionica, porém as causas que levaram a conseqüências nefastas
Todos nos sabemos que ninguém chega a lugar algum sozinho, portanto, Lampião não seria o “Lampião” sem seus subordinados ou comparsas. Então, porque não falar dos feitos destes homens? Porque não resgatá-los do anonimato histórico? Será que suas ações foram tão insignificantes que não mereçam tal resgate?
Entendo e concordo com Ângelo, Honório, Ivanildo e Sérgio Dantas, não estão nos dizendo para esquecer as ações do sanguinário Lampião, creio que a idéia de todos seja o de aprofundar mais as pesquisas, sair do senso comum, ousar, ir adiante, além do óbvio. Para isso, devemos saber ou querer saber quem veio antes de Lampião, quem esteve com o ele e quem continuou após sua morte. Devemos entender em que conjuntura social, econômica e política surgiu o cangaceirismo, um fato histórico não pode ser analisado isolado de sua gênese. Só podemos compreender o presente e aqui me reporto à era Lampião como presente, se compreendermos o passado, afinal ele não foi o precursor do cangaço.
Em síntese, parabéns Ângelo pelo o artigo, excelente.
Obrigada Dr. Sergio pelo primeiro comentário, este espaço tem se tornado uma sala de aula virtual, pelo menos para mim, que busco entender e aprender um pouco mais com quem sabem, aqueles que enfrentaram e enfrentam sol escaldante,o calor e a poeira das estradas, em busca da história e, que generosamente nos repassa o resultado de suas andanças de forma tão brilhante. Não concordo com seu segundo comentário, pois não disserte nenhuma asneira, pelo contrário. Assim como não és um pesquisador iniciante, seus trabalhos são provas cabais de seu compromisso para com a história.
Caro Severo, agradeço por este espaço propício aos debates, um espaço onde os artigos não estão sendo postados como verdades absolutas, onde os autores não tem se comportado como donos da verdade, mas colaboradores e operários na construção da história. Todos estão de parabéns.
Juliana Ischiara
Quixadá-Ce
Muito bom os comentários.
Realmente os livros escritos quando Lampião ainda era vivo serviram como ótimas ferramentas para criar o seu mito e ajudar nesta idolatria que de muitas maneiras atrapalham mais que ajudam a compreendermos o fenômeno do cangaço.
Entendo que os trabalhos de Érico de Almeida (Lampeão – 1926), Pedro Vergne de Abreu (Os dramas dolorosos do nordeste -1930 e O flagelo de Lampeão – 1931), Gustavo Barroso (Almas de lama e aço, Lampeão e outros cangaceiros -1930) e Ranulfo Prata (Lampeão -1934) tinham mais a intenção de mostrar aquilo que a sociedade de sua época considerava em relação a este chefe cangaceiro e seus comandados; como bandidos.
Um abraço.
O senhor Assis quis dizer FAÇANHAS ou CRIMES? Se a narrativa destes livros apontados no comentario logo acima mostrava o cangaceiro como um bandido, narrando essas FAÇANHAS, certamente o mito não seria criado a partir daí como insiste o professor Assis.
Abraço
Bruno
Gostaria de "checar" alguns dados: o escritor Nertan Macedo (“Capitão Virgulino Ferreira Lampião” – Nertan Macedo – Editora Leitura S. A.) diz que o cangaço surgiu como decorrência das guerras de 1817 e 1824 ocorridas no Nordeste, especialmente na região do Cariri. No entanto, parece que só se ouve falar de um cangaceiro a partir de 1870 com Jesuíno Brilhante. Ou temos notícias de outros em data anterior?
Ilustre Ângelo Osmiro:
É lamentável que em anos longínquos, as cidades eram totalmente despreparadas, e não cuidavam de zelar pela história do seu povo.
Em Mossoró, deram fim aos restos mortais do cangaceiro Colchete, que até hoje ninguém sabe onde se encontram. Da mesma forma, aconteceu com o de Jesuíno Brilhante, quando o médico, o Doutor Almeida Castro se responsabilizou por eles, guardando-os por muitos anos, no Colégio Diocesano de Mossoró, para depois fazerem parte do acervo museológico de um senhor chamado Juliano Moreira, lá no Estado do Rio de Janeiro. E por irresponsabilidade, pois o termo não poderia ser outro, hoje, encontram-se perdidos. Se Jesuíno Brilhante era patuense, por que Mossoró não entregou os restos mortais do bandido à população de Patu como história de sua cidade? E finalmente eu nem sei o que ele veio fazer aqui em Mossoró. Que coia hein?!. Segundo Pôla Pinto, disse que Luis da Câmara Cascudo, Gustavo Barroso, Ariano Suassuna, Raimundo Soares de Brito e Raimundo Nonato, este último, autor do livro Jesuíno Brilhante; escreveram sobre ele.
Câmara Cascudo o chamou de cangaceiro gentil-homem, o bandoleiro romântico, espécie matuta de Robin Hood, adorado pela população pobre, defensor dos fracos, dos velhos oprimidos, das moças ultrajadas e das crianças agredidas.
Felicidade nos seus trabalhos.
José Mendes Pereira - Mossoró-Rn.
GOSTARIA DE SABER SE TEM NOTICIAS SOBRE OS NOMES DAS MULHERES DOS CANGACEIROS DO BANDO DE JESUINO BRILHANTE.
Já faz tanto tempo que foi feita a pergunta que nem sei se a resposta será lida, mas vamos lá: ARRAIAL ENCANTA NATAL CAMPEÃ DO NORDESTE 2011, tenho pouco conhecimento do Cangaço mas até onde sei, o primeiro a introduzir mulheres no Cangaço foi Virgulino Ferreira da Silva. Em relação aos questionamentos sobre o mito Lampião, em primeiro lugar a história carece sim de resgatar a memória de outros cangaceiros que vieram antes, mas a fama de Ferreira da Silva não é por acaso, nem também pelo "prazer de sangue que reside no inconsciente de cada um de nós", como disse o Sr. Dantas, basta lembrarmos que no cangaço de Lampião a mídia já estava muito mais avançada e consequentemente este foi o cangaceiro mais midiático da história. Outros fatores, alguns já mencionados nos comentários acima, foram muito contribuitivos na construção do mito:
-As andanças de Lampião por sete estados nordestinos fizeram com que os populares "não ouvissem falar de Lampião, mas convivessem com Lampião;
-A Violência empregada na perseguição a Lampião por parte das volantes, espancando, castrando e matando inocentes, estuprando mulheres e incendiando sítios de pessoas simples que deu abrigo a Lampião somente porque tinha medo do bandido, fez com que a opinião popular se voltasse a favor do fora da lei;
-O pseudo capitão Virgulino, embora não tenha feito da sua vida no Cangaço uma dedicação a caridade como se atribui a Jesuíno Brilhante e Antônio Silvino, também deu suas esmolas, principalmente após a entrada de mulheres para o bando. O próprio respondendo a acusação de ter feito do Cangaço um meio de vida, disse que "tudo que arrecadava gastava com armas e munições e com esmolas aos pobre". Em uma entrevista ao programa Jô Onze e Meia do SBT, Sila afirmou que distribuíam enxovais pra noivas pobres;
-A violência com a qual justiçava seus inimigos também foi um fator de difusão de sua fama...
Foram os elencados acima e muitas outras circunstâncias que fizeram de Lampião uma lenda do nordeste brasileiro.
Provavelmente ninguém me responderá porque é um post bem antigo, mas o sobrenome Brilhante (hoje comum no nordeste) tem alguma ligação com Jesuino? Perguntando porque já me falaram algo do tipo, mas como "Brilhante" não é o nome real de Jesuino, fiquei na dúvida. Carrego os dois sobrenomes: Brilhante Limão.
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