Alcino Alves Costa
Um dos pesquisadores mais respeitados do universo da pesquisa do cangaço, Alcino Costa, presente também ao II Seminário Internacional de Maria Bonita, nos traz as suas impressões sobre a presença feminina nos bandos cangaceiros, a partir da entrada de Maria Bonita, levada por Virgulino Ferreira da Malhada da Caiçara. Alcino revela "Maria Bonita para mim era a referência do amor; quantas e quantas vezes temos registrado pela história, a presença marcante da amada do rei do cangaço, evitando atrocidades e a selvageria por parte de seu amado e do bando."
E continua Alcino, "Essas meninas e mocinhas que entraram no cangaço, para mim, eram umas heroínas. Entraram enfeitiçadas pela magia que aqueles homens temidos e de vestes diferentes exerciam sobre todas elas nos confins dos sertões, e dali passavam a sofrer todo tipo de tomento vivendo as tormentas da vida cangaceira, passavam fome, sede, combates, sem falar nas caminhadas sem fim, muitas vezes grávidas prestes a dá a luz,e o pior, quando tinham seus pequenos rebentos, tinham que entregar, ou seja, se separar daquelas pequenas sementes fruto daquela vida desregrada. As mulheres na verdade aplacaram em muito a selvageria e a sanha dos companheiros cangaceiros, humanizaram em parte o cangaço", conclui o pesquisador.
Estamos a poucos minutos da abertura oficial do II Seminário Internacional de Paulo Afonso, por aqui são exatamente 20:12H.
Natural de Poço Redondo, Alcino Costa, prefeito por tres vezes de sua cidade natal, é o autor de "O Sertão de Lampião" e "Mentiras e Mistérios de Angico". Poço Redondo ao lado da própria Paulo Afonso foram os municípios que mais emprestaram homens e mulheres aos bandos de Lampião e seus sub-chefes, durante a segunda fase da vida do líder cangaceiro, entre os anos de 1928 e 1938.
Por:Manoel Severo, em tempo real.
4 comentários:
A PRIMEIRA MULHER CANGACEIRA
Em 1973, o Jornal “O Pasquim”, Nº. 221, Setembro/Outubro publicou uma entrevista que fez com Antonio dos Santos, o assecla Volta Seca, afirmando ele que quando Maria Bonita incorporou-se ao bando de cangaceiros, já fazia mais de dois anos que ele estava em companhia dos asseclas. O seu encontro com Lampião se deu quando certo dia o bando se hospedara na Malhada da Caiçara, e lá, chegou uma senhora de nome Maria Déia, afirmando ser a mãe de Maria (a futura Maria Bonita), e foi de encontro a Lampião, dizendo-lhe que sua filha Maria desejava muito conhecê-lo. Lampião se sentindo orgulhoso, disse-lhe que para ela o conhecer não havia dificuldades, pois ele estava sempre por ali. E voltando-se para Dona Maria Déia, perguntou-lhe onde ela morava. Ela o respondeu que a filha era casada e residia em Santa Brígida.
Lampião interessado para conhecê-la pediu que a chamasse, pois estaria até a manhã do dia seguinte, e não comunicasse mais a ninguém da sua presença naquele lugar. Dona Maria Déia querendo que a filha o conhecesse, já que era um dos desejos dela, mandou um dos filhos chamá-la em sua residência. Ao chegar, mãe e filha dirigiram-se à presença do desejado homem. E depois de se apresentarem, os dois ficaram palestrando. Maria desejou acompanhá-lo, mas Lampião tentou convencê-la, explicando-lhe que não tinha futuro, pois ele era um homem que vivia da desgraceira e não era engraçado levá-la para uma vida que não tinha tranqüilidade. E lá, o sofrimento era constante; passava fome, sol, poeira..., e ele mesmo vivia naquela vida, mas não gostava. Disse-lhe ainda que muitas vezes passavam dias sem se banharem, e não era justo uma mulher tão linda quanto ela levar a vida sem se banhar. Ainda a aconselhou que ficasse com o seu marido, já que haviam sido abençoados por Deus para viverem a vida até que a morte os separasse. A vida de cangaceiro não era mar de rosas, nem para ele e nem para ninguém. Muitas vezes se sentia desprezado por Deus e por todos; e no cangaço era somente tiroteio e mais nada. Ele ainda alegou que não era um homem da sociedade. Mas ela insistiu tanto que findou Lampião a carregando na garupa do seu cavalo para as caatingas, sendo ela a primeira cangaceira brasileira. O que disse Volta Seca ao jornalista, sobre a entrada de Maria Bonita para o cangaço, foi bem detalhado. Mas uma resposta me deixou confuso: O jornalista do Jornal Pasquim fez-lhe uma pergunta: “Ela atirava também?”. E ele o respondeu: “Atirava! Eu queria está com ela e não queria está com dez homens da marca dos que eu conheço por aqui. Estava mais satisfeito” A sua resposta contraria o que disse Balão em novembro de 1973 à Revista Realidade. Veja: “Maria Bonita usava uma pistola Mauser de 11 tiros, mas também não atirava nada”. Balão deixou a sua resposta com duplo sentido. Quem era que não atirava nada, Maria Bonita ou a mauser? Apesar de não conhecer muito sobre o cangaço, mas acho difícil Maria Bonita ter assassinado alguém no período em que ela participou do movimento social dos cangaceiros. É óbvio que o seu olhar era sério, duro, mas apenas o olhar, e dentro dela batia um coração amável e generoso. Afinal, Maria Bonita entrou no cangaço não para se vingar de ninguém, e sim, para ser a mulher do homem que ela achava que era a sua verdadeira alma gêmea. Em tudo que eu tenho lido sobre o cangaço, ainda não encontrei algo escrito por algum autor de livros, textos ou outra coisa parecida, afirmando que Maria Bonita era perversa. Mesmo eu discordando algumas respostas de Balão, na entrevista que ele cedeu à Revista Realidade, e deixando a resposta com duplo sentido, eu estou mais para acreditar nele, quando disse que Maria Bonita não atirava nada.
José Mendes Pereira – Mossoró-Rn.
O amigo Manoel Severo diz que Alcindo Alves da Costa é um dos pesquisadores mais respeitados do universo da pesquisa do cangaço. Realmente é! São muitos escritores que se envolveram nessa loucura, como loucos, afirma Alcindo, e têm talentos de sobra para redigirem textos sobre o cangaço. Mas o Alcindo, além de ser dono de sua própria maneira de escrever, e que não era cangaceiro, mas nasceu dentro do cangaço, isto é, na terra onde surgiu o maoir movimento de cangaceiros, lá em Poço Redondo.
Parabéns escritor Alcindo Alves da Costa! Através dos seus textos, dos seus livros, dos seus pequenos comentários, os estudantes do cangaço, inclusive eu, aprendemos mais e mais.
Abraços aos confrades do Cariri Cangaço.
José Mendes Pereira – Mossoró-Rn.
Em 1973, “O Pasquim” publicou uma entrevista que fez com o assecla Volta Seca, afirmando que quando Maria Bonita incorporou-se ao bando, já fazia mais de dois anos que ele estava lá. O seu encontro com Lampião se deu lá na Malhada da Caiçara, e lá, chegou uma senhora de nome Maria Déia, afirmando ser a mãe de Maria Bonita, e disse a Lampião que sua filha Maria desejava muito conhecê-lo. Lampião lhe disse que não havia dificuldades, pois ele estava sempre por ali. Lampião interessado para conhecê-la pediu que a chamasse, mas não comunicasse a ninguém a sua presença naquele lugar. Dona Maria Déia mandou um dos filhos chamá-la em sua residência. Ao chegar, mãe e filha dirigiram-se à presença do desejado homem. Maria desejou acompanhá-lo, mas Lampião tentou convencê-la, explicando-lhe que não tinha futuro, pois ele era um homem que vivia da desgraceira e não era engraçado levá-la para uma vida que não tinha tranqüilidade. E lá, o sofrimento era constante; passava fome, sol, poeira..., e ele mesmo vivia naquela vida, mas não gostava. Ainda a aconselhou que ficasse com o seu marido. A vida de cangaceiro não era mar de rosas, nem para ele e nem para ninguém. Muitas vezes se sentia desprezado, e no cangaço era somente tiroteio e mais nada. Mas ela insistiu tanto que findou Lampião a carregando na garupa do seu cavalo para as caatingas, sendo ela a primeira mulher cangaceira. O que disse Volta Seca ao jornalista, sobre a entrada de Maria Bonita para o cangaço, foi bem detalhado. Mas uma resposta me deixou confuso: O jornalista do Jornal perguntou-lhe: “Ela atirava também?”. E ele o respondeu: “Atirava! Eu queria está com ela e não queria está com dez homens da marca dos que eu conheço por aqui. Estava mais satisfeito” A resposta de Volta Seca contraria o que disse Balão em novembro de 1973 à Revista Realidade: “Maria Bonita usava uma pistola Mauser de 11 tiros, mas também não atirava nada”. Balão deixou a sua resposta com duplo sentido. Quem era que não atirava nada, Maria Bonita ou a mauser? Apesar de não conhecer muito sobre o cangaço, mas eu acho difícil Maria Bonita ter assassinado alguém no período em que ela participou do cangaço. É óbvio que o seu olhar era sério, duro, mas apenas o olhar, e dentro dela batia um coração amável e generoso. Afinal, Maria Bonita entrou no cangaço não para se vingar de ninguém, e sim, para ser a mulher do homem que ela achava que era a sua alma gêmea. Em tudo que eu tenho lido sobre o cangaço, ainda não encontrei algo escrito por algum autor de livros, textos ou outra coisa parecida, afirmando que Maria Bonita era perversa. Mesmo eu discordando algumas respostas de Balão na entrevista que ele cedeu à Revista Realidade, e deixando a resposta com duplo sentido, eu estou mais para acreditar nele, quando disse que Maria Bonita não atirava nada.
Felicidades para os confrades do Cariri Cangaço.
José Mendes Pereira – Mossoró-Rn.
Confrade Severo:
Mais uma vez eu te peço que me desculpe por ter sido postado este meu comentário duas vezes. Afinal, eu não sei o porquê de acontecer este erro.
José Mendes Pereira - Mossró-Rn.
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