Os Cangaceiros - Ensaio de Interpretação Histórica

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Os Cangaceiros - Ensaio de Interpretação Histórica, é a nova obra do historiador e escritor Luiz Bernardo Pericás.  Na obra, Pericás analisa as bases históricas e a atuação dos grupos do cangaço, como aqueles chefiados por Antonio Silvino, Sinhô Pereira, Ângelo Roque, Jararaca, Corisco e Lampião.


O tema – já retratado por autores como Graciliano Ramos e José Lins do Rego e mesmo pelo pintor Di Cavalcanti – é desenvolvido à luz de uma abordagem multidimensional, que toma a estrutura agrária sertaneja “como um forte elo entre a base econômica mais ampla e a superestrutura”, mas não se atém somente a uma interpretação economicista, investigando outros níveis para traçar um quadro complexo do banditismo rural nordestino. A influência de outras culturas, como a indígena, a portuguesa e a sertaneja, e o ambiente político e institucional, são elementos considerados no ensaio, assim como os discursos que permeavam as diversas camadas sociais da região. 

Como aponta na orelha o também historiador Lincoln Secco, na história do Nordeste brasileiro “o cangaço apareceu como a forma pela qual se moviam as contradições típicas de uma sociedade formada por populações errantes, pobres e vitimadas pelo mandonismo local e marcada pela instabilidade”. Segundo Secco, “as vivas descrições geográficas revelam que o autor realmente percorreu o sertão nordestino”, relatando “os casos de violência, torturas, as relações amorosas, o cotidiano, o papel das mulheres e das crianças, a questão racial, os hábitos alimentares, as relações políticas, o coronelismo, as formas de combate, os armamentos e até as malogradas tentativas dos comunistas em dar uma direção programática para aquela forma de banditismo”.

Para se entender toda a complexidade da dinâmica social do Sertão e do Agreste nordestinos, o surgimento e o fim do cangaço “independente” e as implicações que ele exerceu sobre as populações locais é necessário abordar os diferentes fatores de aparentes “imobilidades” e sobrevivências de resquícios culturais, como também as rupturas e modificações conjunturais e estruturais na região. A compreensão dos distintos traços característicos do modus vivendi local, do misticismo, do fanatismo, das superstições, da religiosidade, do “coronelismo”, das disputas familiares, da estrutura política e administrativa sertaneja e agrestina, e a presença de jagunços e coiteiros dentro da chamada “Civilização do Couro” são fundamentais, assim como um levantamento e uma análise do surgimento e da expansão das ferrovias, estradas de rodagem, movimento operário nas capitais em contraposição a um suposto isolamento (ou pelo menos, um maior distanciamento) das populações das áreas mais afastadas, a superestrutura jurídica estadual e federal, a entrada de capitais e investimentos nos diferentes estados nordestinos, as políticas dos governos federal e estaduais em relação ao banditismo rural, o mercado de trabalho, os ciclos de secas, o ambiente físico, as migrações populacionais, a industrialização do país, a economia nacional, as mudanças e modernização do Estado brasileiro, entre outros fatores. Ou seja, uma combinação de todos esses elementos. Explicações simplistas, exclusivistas, não conseguem compreender satisfatoriamente o fenômeno, que deve ser discutido a partir de uma realidade multidimensional.

Luiz Bernardo Pericás é formado em História pela George Washington University, doutor em História Econômica pela USP e pós-doutor em Ciência Política pela FLACSO (México). Foi Visiting Scholar na Universidade do Texas. É também autor de Che Guevara: a luta revolucionária na Bolívia (Nacional, 1997), Um andarilho das Américas (Elevação, 2000),Che Guevara e o debate econômico em Cuba (Xamã, 2004) e Mistery Train (Nacional, 2007).

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Um comentário:

Anônimo disse...

Prezado Manoel Severo,
obrigado por divulga-lo no blog.
Esperamos que o livro seja bem aceito.

atenciosamente,

Ivam Oliveira
Supervisor comercial
Boitempo editorial