.
Renato Casimiro e Manoel Severo
O dia 5 do mês passado assinalou a passagem dos 270 anos de nascimento de Leandro Bezerra Monteiro, ligado à fundação do Juazeiro. A história de sua família, Bezerra de Menezes, no Cariri cearense e em duas outras regiões do Estado do Ceará (Riacho do Sangue – em torno da atual Solonópole, e na Zona Norte), em fins do século XVIII, remonta a ascendentes de origens espanholas e portuguesas. A mais antiga registrada na história é a da contribuição étnica de um núcleo familiar de pecuaristas do Reino da Galícia, norte da Espanha, no século XIII, onde aí viveu João Gonzáles Annes, nascido na localidade de Becerreá, em 1255. Hoje esta região é parte do município de Lugo, da província galega. O nome Becerra foi incorporado voluntariamente por este primeiro precursor, passando ao registro definitivo de João Gonzáles Annes Becerra. Da vocação e atividades destes primeiros membros da família releva-se a criação de gado, sendo também um grupo familiar que aos poucos ascende à nobreza e por fidelidade e atos de bravura incorpora títulos e fama de sangue guerreiro.
Leandro Bezerra Monteiro descende em linha direta desta longa genealogia. Nascido em 05.11.1740, no sítio Moquém, município de Crato, ele era filho do sergipano Antônio Pinheiro Lobo e Mendonça e da pernambucana Joana Bezerra de Menezes. Muito jovem perdeu o seu pai e continuou vivendo com sua mãe, até que se muda para Sergipe, em 1764, aí se demorando quinze anos. Neste período, Leandro recebeu a herança que cabia a si e seus irmãos, em decorrência do falecimento do avô paterno, o sargento-mor José Pinheiro Lobo. Afeiçoou-se de sua prima Rosa Josefa do Sacramento, casou e constituiu numerosa família, com os filhos: Luisa Joana Bezerra de Menezes, Pe. Antonio Pinheiro Lobo de Menezes, Simeão Teles de Menezes, Gonçalo Luiz Teles de Menezes, Joaquim Antonio Bezerra de Menezes, José Geraldo Bezerra de Menezes, Ana Maria Bezerra de Menezes, e Manuel Leandro Bezerra de Menezes.
Dedicou-se por estes anos ao empreendimento que comprara à margem do Rio Vasa-Barris, o Engenho São José. Retornando ao Cariri, em 1779, foi residir no Sítio Porteiras, até falecer. Efetivamente, mesmo no século XIX, Leandro não residiu no Sítio Joaseiro, então propriedade de seu neto, o Pe. Pedro Ribeiro da Silva. Mas recebeu esta herança do seu neto, depois legada aos seus filhos, pelos anos 1840. Conforme registra Joaryvar Macedo, Leandro era “homem de preponderante atuação política, sua participação ativa na contra-revolução de 1817, quase octogenário, foi que o projetou na história política da província, sem o que talvez sua vida tivesse decorrido em tranqüila obscuridade”.
Seu título de Brigadeiro, atribuído neste princípio do século XIX foi dado em razão de sua grande fidelidade à monarquia brasileira e portuguesa. É interessante observar, portanto, que o marco fundante da futura cidade de Juazeiro do Norte repousa sobre a fixação da família Bezerra de Menezes no Cariri, uma vez constituída religiosa, social e cartorialmente, e já na posse da outrora Fazenda Zoróes (Icó). Mais de perto, as terras da Fazenda Moquém-Crato, que seriam o legado da filha Joana Bezerra de Menezes e do seu marido, Antonio Pinheiro Lobo e Mendonça. O Sítio Joaseiro, cujas terras o vulgo chamaria como parte do Tabuleiro Grande, marco zero da cidade, hoje centenária e metrópole regional, já era propriedade da família no final do século XVIII.
No ato que passaria a História, em 15.09.1827, na sala de orações do Sítio, uma capela tem a sua pedra fundamental celebrada, sob a invocação de Nossa Senhora das Dores. Com essa proteção e a dedicação da Família Bezerra de Menezes, o Sítio se tornaria Povoado em meados do século XIX. No começo do século XX a Família estaria presente na luta pela Emancipação, em 22.07.1911. Daí por diante, nunca mais deixou de participar do seu desenvolvimento, até os dias presentes. Uma saga ilustrada pela exuberância de vida e obra de personagens, incorporadas na História de uma civilização que já percorreu mais de 270 anos e da qual faz parte o nosso querido Juazeiro.
Renato Casimiro, Doutor em Química, professor aposentado da UFC, historiador, memorialista, pesquisador, conferencista, escritor, ensaísta.
Artigo do blogdocrato, postado por Armando Rafael.
.
2 comentários:
Dois professores do mais alto nível: Renato Cassimiro e Armando Rafael.
Grande Abraço
Professor Mario Helio
Este senhor foi meu Tetreavô ,,,meu nome é Abdulaize cassandra da Costa
Postar um comentário