Getúlio Vargas
O Estado Novo, de Getúlio Vargas, estava determinado a eliminar todos os “estadualismos anacrônicos” ainda ativos na periferia do Brasil. Os focos derradeiros de insurgência coletiva ligados ao mágico e ao heroico popular, a que a ditadura Vargas satanizava por igual, sob as denominações oficiais de “fanatismo” e de “banditismo”. Um ano antes, o melhor jornal do Nordeste no período, o Diário de Pernambuco, deixava patente esse luxo fora da lei, publicando foto de Maria Bonita em composição digna de François Boucher, sentada elegantemente em clareira da caatinga, vestido de domingo em linho azul claro pincelado de riscas – um tenue de ville, como requintou o repórter - cabelos assentados em “pastinha”, presos por broches de ouro, várias voltas ao pescoço do mesmo metal, tendo ao pé os cachorros famosos do marido, Guarani e Ligeiro, tudo sob a manchete explosiva: “Maria do Capitão – a Madame Pompadour do Cangaço”.
Não teria ido além dos 27 anos de vida a mais famosa vivandeira do Brasil, a quem a história acendeu uma vela no dia 8 de março último, julgando assinalar os cem anos de seu nascimento. Acendeu por engano, ao que se constata no momento, a data festejada parecendo não ser a verdadeira. No vazio de registro escrito, que persistiu até meses atrás, esse 8 de março teria prosperado com base no testemunho de parentes, fonte reconhecidamente precária quando se trata de datas. Para não falar do caráter confuso e pouco explicado desse testemunho. Contra o qual se insurge agora o resultado de levantamento feito há pouco no arquivo da Diocese de Jeremoabo, Bahia, pelo sociólogo Voldi Ribeiro, auxiliado pelo padre Celso Anunciação, que deu como resultado a descoberta do batistério da cangaceira-mor. Documento que a torna mais velha em pouco mais de um ano, vez que nascida aos 17 de janeiro de 1910, ao que reza o papel da sacristia amarelecido pelo tempo. Teria morrido, assim, com 28 anos e seis meses de idade, naquele 28 de julho de 1938, para os que apreciam as exatidões. E conseguido negar um pouquinho de idade para o marido famoso, como toda mulher que se preza...
Sociólogo Voldi Ribeiro e a nova data de nascimento da Maria mais famosa do sertão.
O pouco que se sabe de Maria Gomes Oliveira está aí. Resta a pergunta: e o apelido Maria Bonita - que engoliu inteiramente o nome de batismo e apelidos anteriores nos meses finais da existência truncada - de onde teria vindo? Quem responde, afinal, pela cunhagem do cognome gigantesco, cada vez mais divulgado tanto nas letras científicas quanto nos escritos de arte, além de encerrar apelo poético à flor da pele?
É certo que a sujeição completa do nome pelo apelido se dá ainda em vida da Rainha do Cangaço, de maneira a não haver lugar para o Maria Gomes Oliveira, ou mesmo para cognomes anteriores, como Maria de Dona Déa, ou Maria de Déa de Zé Felipe, ou Maria do Capitão, quando sobrevém a morte desta em 1938. A imprensa em peso, os jornais da região e do Sudeste, as agências de notícias de maior influência sobre a opinião pública do período, a exemplo da Nacional, da Meridional e da Estado, ignoram, em coro, o nome real em benefício do apelido sonoro que se impusera como um raio em apenas poucos meses. Um fenômeno de comunicação a ser compreendido. Vamos examiná-lo.
Para que não reste dúvida sobre a absorção repentina das designações anteriores pelo novo apelido, oferecemos abaixo a transcrição literal do telegrama histórico do tenente João Bezerra da Silva, o vitorioso do combate do Angico, dirigido ao coronel Teodoreto Camargo do Nascimento, comandante-geral do Regimento Policial Militar do Estado de Alagoas, e passado no mesmo dia do acontecimento extraordinário, não custa repetir, 28 de julho de 1938, em que o apelido Maria Bonita brilha isolado, com a suficiência das denominações já consagradas:
Piranhas - n. 31 – Pls. 81 – Data 28 – Hora 14
Cmte Teodoreto – Maceió
Rejubilado vitória nossa força vg cumpre-me cientificar
vossoria que hoje vg conjuntamente volantes aspirante
Ferreira sargento Aniceto vg cercamos Lampeão no
lugar Angico no Estado Sergipe vg o tiroteio resultou
morte nove bandidos duas bandidas inclusive Lampeão
vg Angelo Roque vg Luiz Pedro vg Maria Bonita vg
os quais foram reconhecidos pt Da volante aspirante
Ferreira houve baixa um soldado saindo outro ferido
pt Tambem me encontro ferido pt Saudações Tenente
João Bezerra – comte volante
Não é outro o emprego que vamos encontrar no folheto A morte de Lampeão, de João Martins de Athayde, escrito em cima do acontecimento e vendido às grosas para todo o Nordeste, segundo nos revelou o antropólogo Valdemar Valente, frequentador da oficinazinha acanhada do poeta, nos estreitos da Rua Velha. Vejamos dois dos versos com que Athayde faz a crônica, a bem dizer instantânea, da morte da companheira de Lampião:
A tal Maria Bonita,
Amante de Lampião,
Sua cabeça está inteira,
Mostrando grande inchação,
Mas assim mesmo se via,
Uns traços da simpatia
Da cabocla do sertão.
Morreu Maria Bonita:
Que Deus tenha compaixão,
Perdoando os grandes crimes
Que ela fez pelo sertão,
Nos livre de outra desdita,
Que outra Maria Bonita
Não surja mais neste chão.
Vamos finalmente à revelação sobre a origem do apelido, em que o mérito da descoberta fica todo para o acaso, ao historiador se reservando somente o exame rigoroso da informação oral recebida, segundo a praxe da disciplina. Conversando em 1983 com o jornalista Ivanildo Souto Cunha, muito relacionado no Recife da época e homem sempre disposto a ajudar os amigos, ouvimos dele que era sobrinho do também jornalista e escritor Melchiades da Rocha, natural de Sertãozinho, hoje Major Isidoro, no Estado de Alagoas. E que este, bem acima dos oitenta anos de idade, morava no Rio de Janeiro, pouco saindo do apartamento que tinha no Flamengo, por ter a esposa perdido a vista.
Jornalista Melchiades da Rocha ao lado de Noratinho, da volante do fatídico cerco a Angico
Ao longo dos anos 30, Melchiades tinha sido um dos bons repórteres investigativos do jornal A Noite e da excelente revista semanal conexa a este, A Noite Ilustrada, do Rio de Janeiro, veículos de uma empresa de prestígio em todo o continente, que se manteve pujante até ser encampada pela ditadura de Getúlio Vargas, o chamado Estado Novo, em 1940, sob a alegação cavilosa de que o governo precisava de um jornal na situação de guerra que se abria na Europa.
Cortando a história para o que nos interessa, esclarecemos que Melchiades foi o primeiro repórter da grande imprensa brasileira a chegar à grota do Angico naquele final de julho de 1938, poucos dias passados apenas da morte de Lampião. Cadáveres ainda insepultos no leito de pedras do riacho do Ouro Fino, enegrecidos por um tapete de urubus ocupadíssimos. A viagem aérea, feita no trimotor Tupã, do Condor Syndicat alemão, se cumprira em dezesseis horas, computadas as escalas entre o Rio de Janeiro e Maceió. Com o que juntou na aventura de 1938, e mais o fundo de recordações sertanejas que tinha tido o cuidado de manter vivas desde quando deixara a terra natal em anos verdes, Melchiades publicou um livro muito interessante dois anos depois, a que deu o título de Bandoleiros das caatingas, no gênero que Danton Jobim viria a batizar de “reportagem retrospectiva”.
Era esse homem baixinho, animado como um esquilo, que tínhamos diante de nós naquele começo de manhã da primavera carioca de 1983. Uma fonte de primeira ordem, a se confirmar pela meticulosidade do conhecimento especializado que despejou sem parar na primeira hora de conversa. De monólogo, para ser preciso, em que aprendemos muito.
Num dado momento, levanta-se depressa, vai ao quarto e volta com uma fotografia do que poderíamos chamar de salão da grota do Angico, onde ficava a barraca do chefe e de sua mulher, debaixo de uma craibeira que não existe mais. No meio da cena, caída de barriga no chão e já sem a cabeça, cortada antes mesmo de se extinguir inteiramente o combate, aparecia o cadáver de Maria Bonita, metido em vestido bem curto.
“Está vendo, Frederico, mandei fazer essa chapa para mostrar o quanto ela era bem-feita, mesmo tendo seios pequenos e nádega um pouco batida”, agitou-se o velho jornalista, devolvido à emoção de quase sessenta anos passados. Foi quando respirou fundo e lançou a pergunta: “Você sabe como apareceu esse apelido Maria Bonita?”. E emendou, diante do nosso queixo caído: “Não apareceu no sertão, não. Foi coisa de repórteres daqui do Rio de Janeiro, mesmo. Eu estava entre eles”. Um romance de sucesso, do começo do século, requentado em filme de longa-metragem lançado poucos meses antes do desmantelamento do bando de Lampião, eis a origem de tudo, corria a explicar.
Começava a ser revelado o mistério de tantos anos. Esclarecido principalmente o fenômeno de comunicação que impusera o apelido aos meios jornalísticos de modo completo e em apenas poucos dias. Um conluio tácito entre jornalistas jovens, sem propósito definido, salvo o de simplificar a informação nas redações, a vincular algumas das cabeças mais ativas da imprensa brasileira do período, nucleada no Rio de Janeiro. De volta ao Recife, cuidamos de examinar as pistas deixadas por Melchiades.
Afrânio Peixoto
O romance Maria Bonita, aparecido em 1914, reforçara a fama repentina do baiano Júlio Afrânio Peixoto, tornando-o conhecido nacionalmente. Era de Lençóis, na região das Lavras Diamantinas, do ano de 1876, vindo a se criar em Canavieiras, às margens do rio Pardo. Em Salvador, muito cedo Afrânio Peixoto se fizera médico, romancista, dramaturgo, ensaísta, historiador, professor, crítico literário, chegando a deputado federal por seu Estado. Morava no Rio de Janeiro desde a virada do século XIX para o XX, onde a Academia Brasileira de Letras irá buscá-lo para fazer dele nada menos que o sucessor de Euclides da Cunha na cadeira de número sete, no ano de 1910.
Homem requintado no que escreveu, para bem compor o romance de estreia, A Esfinge, lançado em 1911, sentira a necessidade de conhecer pessoalmente o Egito, demorando-se ali por semanas, sem perder a oportunidade de um olhar de estudos sobre os altos e baixos da Grécia. Ao morrer, em 1947, deixando obra extensa nas letras artísticas e científicas, o romance que nos interessa aqui, o Maria Bonita, tinha merecido ao menos oito edições oficiais ao longo de quatro décadas. E Maria Bonita dera nome a muita mocinha registrada em cartório no começo do século passado.
Bornal e vestido que pertenciam a Rainha do Cangaço, tomado por morte, em 1938 - da coleção pessoal do autor.
Como produção simbolista, a história da matutinha emigrada com a família dos sertões secos de Condeúbas para os brejos de Canavieiras consegue chegar aos anos 30 e 40 com apelo de leitura, depois de sobreviver às bordoadas da crítica moderna do meado dos anos 20. Não surpreende. Para além dos elementos regionais plantados meticulosamente na trama, a essência do romance nos põe diante de alguma coisa muito maior, resultante da transposição para o interior do Nordeste do mito universal da Helena de Troia. A mulher pura de pensamento e de conduta, que padece pela vida afora o ônus de uma beleza que enlouquece os homens, sem conseguir evitar que as maiores desgraças se abatam sobre as pessoas que lhe são mais caras.
A povoação do Jacarandá, entregue à vida simples do trato do cacau, da piaçava e dos diamantes, sendo arrastada pelo destino de tragédia da Maria Bonita de Afrânio Peixoto, e findando por ser destruída ao modo de uma Troia cabocla fiel ao destino da original, pintada por Homero em alguns dos cantos mais inspirados da Ilíada.
Está aí a história de Maria Gonçalves, a Maria Bonita da ficção brasileira, que findaria por batizar a outra Maria, a Gomes Oliveira, a Maria real da tragédia do cangaço. Para o que há de ter conspirado o retorno do nome à evidência, na circunstância do lançamento ruidoso da versão cinematográfica do livro, ocorrida em agosto de 1937, no Cinema Palácio, na Cinelândia, coração artístico do Rio de Janeiro à época.
Desde o mês de janeiro, a imprensa alimentava a curiosidade do público com flashes sucessivos a respeito do longa-metragem. Ao longo do ano, a nossa melhor revista especializada, a Cinearte, do Rio de Janeiro, traria matérias em cada uma de suas edições mensais, cobrindo os acontecimentos de antes e depois do lançamento. Fechada a ficha técnica, apressara-se em trazê-la ao público, nomeando o produtor, André Guiomard; o diretor, o fotógrafo de cinema francês Julien Mandel, assistido pelo pernambucano José Carlos Burle; o sonorizador, Moacir Fenelon; os dois galãs, Vítor Macedo e Plínio Monteiro; os atores Henrique Batista, Lila Olive, Júlio Zauro, Marques Filho, Ricardino Farias, Mário Gomes, Sérgio Schnoor, dentre outros; os dois compositores e cantores, ambos nordestinos, Augusto Calheiros, o Patativa do Norte, e Manezinho Araújo, o Rei da Embolada, trazendo para a película o prestígio de que desfrutavam no rádio. Por fim, a atriz do papel-título, a Maria Bonita do cinema, Eliana Angel, pseudônimo de Suely Bello.
Resta dizer que o projeto do filme sobre o romance de Afrânio Peixoto fora registrado, ainda nos anos 20, por certa Brazilian Southern Cross Productions, de Hollywood, com quem os realizadores de 1937 se entenderam, e que as locações foram feitas em Barra Mansa, Rio de Janeiro.Está aí o modo como foi batizada para a história a mulher de guerra mais representada simbolicamente pelo povo brasileiro até hoje. Ao contrário do que se deu com o vulgo de seu companheiro, o Lampião gigantesco, que parte da cultura popular sertaneja para ganhar o mundo, o apelido Maria Bonita nasce da cultura urbana, erudita e consagrada das academias - se bem que do esforço incessante destas por sintonizar com o Brasil em estado puro das periferias regionais – para somente depois invadir o sertão, já ganha a batalha pela opinião pública do Sudeste. Uma engenhosa viagem de volta que se cumpre, além de tudo, ao feitio do paradoxo que tanto encantava Oscar Wilde: a vida imitando a arte
Frederico Pernambucano de Mello
Historiador, Academia Pernambucana de Letras
Palestra lida no Museu do Estado de Pernambuco, Recife, a 14 de dezembro de 2011
NOTA CARIRI CANGAÇO: Gostaríamos de dizer de nossa felicidade em contar com a presença do pesquisador e historiador Frederico Pernambucano de Mello, em nossa página do cariricangaco.com ; sua gentileza em nos encaminhar a presente matéria como também algumas das fotografias que a ilustram são motivo de satisfação à toda familia Cariri Cangaço.
28 comentários:
A cada dia uma nova revelação e ainda dizem que o tema cangaço está esgotado. Parabens ao grande Frederico Pernambucano de Mello.
Paulo Benevides
FortalezaCE
Confrade Severo, como valeu a pena esperar. O Mestre Frederico nos revela de maneira surpreendente como se trazer o assenhoramento do apelito Maria Bonita, que coisa, esse romance do escritor Afranio Peixoto. Parabens Dr Frederico por mais essa espetacular pesquisa.
Professor Mario Helio
POIS É, QUEM DIRIA NÃO? É COMO EU DIGO: NÃO HÁ FICÇÃO QUE SUPERE A REALIDADE. MAIS UM MISTÉRIO REVELADO? MUITOS E MUITOS MISTÉRIOS AINDA SE ESPERAM REVELAR. FREDERICO PERNAMBUCANO DE MELO, ANTÔNIO AMAURY CORRÊA DE ARAÚJO E ALCINO COSTA, DENTRE OUTROS, TEM VALOR IMPORTANTÍSSIMO NESSES DESVENDAMENTOS. PARABÉNS AO PROF. FREDERICO, E MEU MUITO OBRIGADO PELAS VEZES EM QUE FUI TÃO BEM RECEBIDO PELA SUA PESSOA. CONTE SEMPRE COM MINHA AMIZADE AQUI EM FORTALEZA.
ADERBAL NOGUEIRA
Dr Frederico mais uma vez a seriedade de suas pesquisas nos trazem capítulos da verdadeira história do cangaço. O senhor é uma grande referência para todos nós. Esse romance do Afranio Peixoto, já havia ouvido falar, mas nunca imaginei ou fiz alguma ligação com a nossa famosa rainha das Malhada da Caiçara.
Abraços ao amigo Severo.
Demétrius
Aderbal tem razão, não ficção que supere a realidade que surge do trabalho sério de pesquisadores do naipe de Frederico, Amaury e Alcino. Parabens ao pessoal do cariri cangaço.
vaninha
O grande pesquisador Frederico Pernambucano de Mello mostra de maneira magistral qual foi a origem da mídia ter adotado o cognome Maria Bonita para a companheira de Lampião, também conhecemos a origem do termo "governador dos sertões" mas pergunto aos amigos do Cariri Cangaço: Se tem idéia onde primeiro foi usado ou criado o termo REI DO CANGAÇO?
Saudações ao Mestre Frederico Pernambucano de Mello e ao amigo Severo
YURI
Parabéns ao Pesquisador Frederico Pernambuncano, por ter desvendado esse mistério da origem do nome de Maria Bonita. Também temos que agradecer ao amigo Severo, por disponibilizar essas novas informações em seu blogger.
Neto - Natal/RN.
Manoel Severo, seu blog é leitura obrigatória junto com o Lampião Aceso, aqui temos contato com os maiores historiadores do cangaço, além de receber em primeira mão as novidades e as revelações desses grandes pesquisadores como o fenomenal Frederico Pernambucano de Mello, que hoje revela a origem do nome Maria Bonita.
Professor Cláudio Regis
Fortaleza CE
Valew Severo, SDS
Ricardo
Parabéns ao Dr.Frederico,por elucidar o mistério em relação ao pseudônimo de Maria Gomes Oliveira.Vejo que na complexidade do estudo do cangaço sempre existirá algumas lacunas, que com o conhecimento de estudiosos sérios aos poucos vão sendo preenchidas. É gratificante ver grandes pesquisadores preocupados com a veracidade histórica.
abraço à todos.
Narciso Dias - João Pessoa-PB
Conselheiro cariri cangaço.
Caro Severo,
Importante destacar dentro do texto de Frederico, muito mais uma curiosidade bem teorizada quanto à origem do cognome Maria Bonita, a importante informação obtida pelo professor Voldi Ribeiro, sobre a data precisa de nascimento da companheira do Capitão.
Parabéns a ambos, Frederico e Voldi.
William White
Muito nos honra ter a todos como companheiros de jornada através desta "sala de visitas" que é o Cariri Cangaço. Hoje recebemos com muita felicidade mais um grande amigo, um homem que tem se dedicado a emprestar todo o seu talento e dons, a serviço da cultura, memória e história de nosso Nordeste. Todos os comentários do estimados amigos, acima, só consolidam o que não chega a ser novidade: O grande carater e grande pesquisador que é Frederico Pernambucano de Mello. Seja bem vindo a esta família Cariri Cangaço, Mestre Frederico, "puxe o tamborete e se abanque, a casa é sua". Saiba que hoje estamos mais felizes por sua chegada.
Severo
Amigo Severo, meus parabens pela chegada do professor Frederico Pernambucano de Mello ao Cariri Cangaço, e em grande estilo.
Fátima Gomes
Crato
Caro Severo e Frederico Pernambucano de Mello,
É com muita honra que me dirigo a vocês como amigos que são.
O texto desvenda com há uma inversão entre o nome LAMPIÂO e o nome MARIA BONITA - ambos tão próximos e tão distantes - Virgulino deu para o Sertão e o mundo seu título maior e Maria do Capitão ou Maria de Déa simplismente nunca se preocupou com isso - aparentemente. Eis o mistério e a força que teve como cangaceira - óbvio que o fervor da simplificação midiática dos jornalistas da capital Rio de Janeiro não foi ao acaso - acordos de confrades da mídia para simpificar notícias ... Talvez .... O tiro saiu pela culatra - Maria se impôs com uma personalidade para além do NOME de BONITA.
Qual será a mulher brasileira que -antenada com a sua emancipação - não admira a amplitude de Maria Bonita?
Símbolo de rebeldia - de emancipação - de algo novo e de Sertão mais moderno que todo o Brasil na sua época.
Lembremos 1910 (17/01) nasce - primeira união aos 15 anos - 1915 - segunda união estável - 1929 (final) ou início de 1930 - até ser covardemente assassinada em 28 de julho de 1938 - então com 28 anos - ainda jovem.
Não fez discurso, nem escreveu cartas - qual é o mistério da Maria Bonita? A fama é maior porque foi real ou teve a coragem de romper com um mundo de limitações sociais?
Por tudo é um presente de Frederico que estará inédito no livro Lampião e o Nascimento de Maria Bonita - o texto que o Cariri Cangaço divulga agora.
Voldi Ribeiro
Sociólogo e Pesquisador
Paulo Afonso-BA
Amigo Severo, precisei retornar a esta página de comentários para simplesmente render meu reconhecimento ao senhor Voldi Ribeiro, que além de nos brindar com uma palestra inesquecível sobre Delmiro Gouveia, ainda nos proporciona o desvendar da verdadeira fata de nascimento de Maria do Capitão, agora desvendada verdadeiramente pelo Mestre Frederico, a Maria Bonita.
Saudações a todos os amigos,
Professor Mario Helio
Amigo Voldi, discordo um pouco do amigo, desculpe, mas não é preciso entrar para um bando de foras-da-lei para ser diferente de seu tempo, ser rebelde ou mesmo moderna por conta disso. Se for assim, o que dizer para milhares de moças que se encontram em situação dificil em nosso país? Sigam o exemplo de Maria? Acho até que a ignorância, a falta de visão e mesmo a grande ilusão de uma vida melhor a tenha feito entrar naquela vida de sobressaltos sem tamanho. Aquilo não era vida para gente. Lembro do ditado "Se arrependimento matasse..."
Quanto ao 'covardemente assasinada' em 38, concordo perfeitamente, mas sem esquecer também "Quantos inocentes foram mortos tambem COVARDEMENTE por Lampião"
Aderbal Nogueira.
OBS: Toda moeda tem dois lados.
Nem tudo na vida acontece de forma intencional. Essa teoria da conspiração levantada por Voldi não tem absolutamente fundamento. Se o apelido Maria Bonita surgiu da forma como escreve o Prof Frederico, dizer que o tiro saiu pela culatra, como se os jornalistas da época teriam intencionalmente criado uma alcunha depreciativa para a personagem, parece um delírio.
A rebeldia de Maria Bonita, foi largar o casamento e viver ao lado de um criminoso. Não parece ser motivo de exaltação. Sua participação no cangaço foi limitada a ser mulher do chefe. O que já lhe confere as honras de Primeira Dama. Seria esse o rompimento com o mundo de limitações sociais?
Maria foi a companheira de Lampião, por isso ela é famosa e uma personagem bastante conhecida na história. Se houve alguma consequência do apelido dado pelos jornalistas, certamente foi por acaso.
As vezes acho que os cangaceirólogos dão menos atenção ao que dizem os cangaceiros e viajam longe atrás de teorias complexas. Nunca vi nenhum cangaceiro declarar que sentia orgulho da vida criminosa que levou. Todos confessam o arrependimento. Como é que os admiradores da história contradizem os próprios personagens?
C Eduardo
Repito o que disse em outro comentario. Com o devido respeito ao escritor, temo que a historia do cangaco esteja perdida para estrangeiros e para sudestinos. Nao demora e aparecera outra novidade para descaracterizar ainda mais um movimento que eu pensava que era tipicamente nosso (nordestino).
Sera que eh tao vergonho assim ser nordestino? Eh preciso importar para ter valor historico?
Nao sou estudioso profundo do tema, mas isso eh muito para que eu aceite.
Se nao se gosta do Nordeste, que se estude a Revoluçao Farroupilha.
Espero ver esse comentario publicado, para que os outros comentaristas possam pesar e medir os fatos.
Sds
Bruno Tavares
(Perdoem a falta de acentos, pois meu teclado não esta configurado para o portugues)
Amigo Aderbal e C Eduardo, não saberia dizer se a conotação do pesquisador Voldi foi com a intensão que talvez os srs desejaram frisar; ou seja, que Maria Bonita merece ser ressaltada por ter abandonado sua casa e como num ato de rebeldia ter ido para o cangaço; consegui perceber nas palavras do Voldi um sentido diferente, ele diz "símbolo de rebeldia - de emancipação - de algo novo e de Sertão mais moderno que todo o Brasil na sua época" , a meu ver não vi ali nenhuma insinuação de que ela deveria ser ressaltada por ser bandida; nesse caso também penso como o senhor Voldi; acho que Maria Bonita, independente de motivações ou conjecturas, foi sim, um símbolo de rompimento, e não que as mulheres de hoje precisem se espelhar nela, nesse caso, já discordo do senhor Voldi, mas; que esse aspecto poderá sim se ressaltado, mesmo ela tendo sido "coadjuvante" , mas que a meu ver, não foi.
Parabenizo ao amigo Severo pelo blog com esse qualificado e respeitoso debate, é assim que se faz, parabens a Voldi, Aderbal, C Eduardo, Bruno, Mario Helio, William White, enfim, a todos que estão sempre abertos ao confronto de idéias, sadias e respeitosas.
Parabens ao Grande Frederico pela revelação mais que oportuna, seja bem vindo dr Frederico.
Amália Guimarães Fernandes
Psicologa, Psicopedagoga
Cursando História
Universidade Federal do Ceará.
A HISTÓRIA NÃO TEM DONO.
A História pertence a todos. Principalmente com aqueles comprometidos com a verdade, não importando de onde sejam. Se muitos tem vergonha de ser nordestinos, tiro o chapéu para aqueles que vestem a camisa da história, afinal de contas a história não tem fronteiras. Aderbal Nogueira
MARIA BONITA PEDE PAZ
Nordestina comum, sertaneja de Santa Brígida – BA, com nada para chamar a atenção, exceto seu maior feito na vida: juntar-se como companheira do cangaceiro Lampião. Poderia citar mais um desimportante motivo para atrair atenções sobre si: sua singela beleza de cabocla, mas nada que a transformasse em evidente destaque frente a muitas outras caboclinhas da caatinga.
Ocorre que, por motivo que me é totalmente ignorado, seus dotes físicos e seu apelido tornaram-se motivo de acaloradas discussões entre aqueles que pesquisam, escrevem ou, de qualquer forma, estejam envolvidos com o tema cangaço. Falta de assunto? Fetiche? O centenário de seu nascimento?
Se existiram tantos cangaceiros com cognomes que remetessem a uma ou outra habilidade, característica física ou origem natal de seu portador, qual o motivo de não poder existir uma Maria, apelidada Bonita, simplesmente por ser bonita? Seriam efetivamente necessárias tantas discussões, pesquisas e desenvolvimento de elaboradas teorias para justificar tal adjetivação em apelido?
Da mesma forma, e há tempos, se discute o apelido Lampião. Seria de todo estúpido se imaginar que certa vez Virgulino, num desses forrós de última hora, tivesse batido com a cabeça num lampião que dava algum sentido de decência ao ambiente e, desse episódio por diante, passasse a ser tratado pela alcunha pela qual se notabilizou? Seriam necessárias teorias a respeito do clarão que a repetição de tiros de seu rifle provocava? Ou que o bandido iluminasse o ambiente escuro para alguém procurar por um cigarro caído? Me parece mais lógico, barato e rápido procurar pela brasa da ponta de qualquer cigarro. Me parece tudo tão ilógico como Maria Bonita e Sila saírem para pitar numa noite chuvosa, certamente sentadas em pedra molhada!
Enfim, minha análise muito reduzida do fato, é que Maria foi nominada Bonita por seus dotes físicos – perceptíveis em muitas fotos – e nada mais ! Teorias que remetem até a clássicos da literatura grega vindas a conhecimento público após quase 3 décadas de existência são, para mim, verdadeiras alucinações do pensamento e um exagero do livre manifestar. Felizmente a liberdade de pensar existe, o contraditório alteia o diálogo e a troca de ideias é salutar.
Mas a bonita Maria Bonita pede paz!
William White
Camarada Severo, amigos do blog do cariri, é uma honra poder participar desta verdadeira mesa redonda "digital". Acompanhando os comentários que seguem o post do dr Frederico, gostaria de me deter ao senhor William White, e o faço com todo respeito. Não sei realmente se o apelido de Maria Bonita é ou foi em algum tempo , motivo de acaloradas discussões entre os escritores ou historiadores, enfim. O próprio artigo do Frederico, escrito de forma magistral e resultado de seu talento e felling, nos traz de maneira firme e sem "lantejoulas" e desprovida de qualquer "teoria", dr. Frederico ouviu a informação, se cercou de um fundamento lógico e hoje nos presenteia, sobre a origem pressumivel do apelido. Ponto para a pesquisa, ponto para um dos maiores pesquisadores, mas daí dizer que é falta de assunto, ou coisa que o valha, me parece um pouco ou totalmente fora do tom. Até porque trata-se de algo curioso e para mim, relevante, da história de Maria. Pesquisar Maria Bonita ou qualquer outro personagem de qualquer ciclo histórico não é de maneira nenhuma, a meu ver, "tirar o sossego de ninguém" , e agora faço como Aderbal, a História não pertence a ninguém, é universal, e quando nos deparamos com pesquisadores sérios e comprometidos, só a história tem a ganhar.
E gostaria de saldar o senhor William, pela disposição e expor suas idéias, e digo como o próprio: "felizmente a liberdade de pensar existe, o contraditório alteia o diálogo e a troca de ideias é salutar."
Abração a todos, e parabens
Assunção
Eita blog arretado de bom !!!!!!
Regina Greisse
Amigos do cariri cangaço, não poderia deixar de "meter minha colher" nesse angu. A pesquisa do dr Frederico mostra mais umz vez o "faro" que os pesquisadores sérios possuem para está no lugar certo na hora certa. Mais uma vez vamos nos unir ao que o Aderbal sempre diz: Será que ainda haverão aqueles que dizem que o tema cangaço está esgotado e discordo frontalmente com a afirmação do senhor White que coloca que algumas linhas de pesquisas acontecem por falta de assunto, o que seria da história se não fossem a busca incessante de dissecar todos os assuntos?????
Saudações ao pesquisador Frederico Pernambucano de Melo
Francisco Turco
Prezado Xico Turco,
Tenho todos os livros do Frederico sobre o tema cangaço e o considero pesquisador capacitado e escritor sofisticado. No entanto, estranho a dedicação dada à origem do apelido de Maria do Capitão. Sou absolutamente a favor de se pesquisar todos os temas importantes relacionados ao cangaço mas, a meu ver, considero esse assunto do apelido em particular, totalmente desimportante. Importante seria pesquisar mais a fundo a vida de Maria: suas atitudes frente ao crime cangaceiro, sua posição como primeira-dama apaziguadora ou instigadora de atritos, sua influência sobre Lampião e demais membros do bando....
Abraço cordial
William White
fico feliz por ver que, embora minha cidade seja pequena, sua historia estende-se pelo nosso grande Brasil, sou de Major Isidoro/AL Lampiao andou muito por nossa Cidade, e fico feliz por saber que Melchiades da Rocha, filho de nossa terra e parede dos fundadores de minha cidade pôde participar dessa Historia.
Muito obrigado por compartilhar
Conteudo de qualidade é assim, simples e direto ao ponto, obrigada!!!
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