Cacau, Manoel Severo e Jairo Luiz, em manhã de Cariri Cangaço
Durante estes muitos anos que venho acompanhando de perto a saga de homens e mulheres que enveredaram para o Cangaço ,sejam como cangaceiros, volantes ou coiteiros, cheguei a ouvir muitos relatos que me impressionaram; no entanto alguns marcaram para sempre e continuaram assim por toda minha vida. Dentre os relatos que mais deixaram-me "curioso" foi o das mulheres que participaram do Cangaço e em especial os que tive oportunidade de ouvir de duas mulheres cangaceiras: Adília e Sila.
Quando perguntadas sobre seus companheiros a resposta praticamente era a mesma para as duas que viveram situações parecidas; o amor não existia e sim a admiração, o respeito e até mesmo a necessidade de sobrevivência. O grande poeta da minha geração, Renato Russo, em um das suas músicas diz: "O amor é bom, não quer o mal /Não sente inveja ou se envaidece/amor é o fogo que arde sem se ver/ É ferida que dói e não se sente/ É um contentamento descontente/ É dor que desatina sem doer." E o que vimos nessas mulheres foi muita mágoa, muito rancor e raiva, no entanto vemos admiração , respeito e medo; perguntamos então a nós mesmo: Isso é AMOR ?
Adília em entrevista, disse que havia prometido seguir Canário para onde ele fosse e Sila afirmou que NUNCA havia beijado Zé Sereno e não sentia nada por ele. Talvez, no modo de pensar delas isso seja amor , mas o amor verdadeiro mata, trai, maltrata e deixa lembranças ruins para o resto da vida ? Creio que não ! As mulheres no Cangaço foram verdadeiras heroínas que souberam como ninguém sofrer, amar e principalmente abdicarem da família, dos amigos e de um futuro simples mas tranquilo.Mas essa renuncia foi por amor ? Ou simplesmente por conveniência ou por medo ? Não podemos afirmar que todos casais do Cangaço não sentiram amor e não viveram esse amor, mas a história nos mostra que nem sempre o amor em sua forma plena esteve presente no Cangaço, portanto o amor no Cangaço pode ter acontecido mas precedido de muito rancor e mágoa e isso não é AMOR.
Jairo Luiz Oliveira, turismólogo
Idealizador da Rota do Cangaço Xingó
Conselheiro Cariri Cangaço
Jairo Luiz Oliveira, turismólogo
Idealizador da Rota do Cangaço Xingó
Conselheiro Cariri Cangaço
5 comentários:
Nesse assunto tão complicado de amor, eu só posso afirmar uma coisa: O único amor verdadeiro e eterno é o amor de um torcedor pelo seu time de futebol. Nunca vi um torcedor trocar de time, mas estou cansado de ver homens e mulheres trocando de casamento. Aderbal colocou os cangaceirólogos para andar sobre um campo minado.
Mas eu vou perguntar uma coisa para a turma que entende das coisas do coração: Lampião quando aceitou, ou conquistou a companhia de Da. Maria para andar ao seu lado na vida cangaceira deveria estar gostando, pelo menos um pouquinho, da companhia da cabocla de Sta. Brígida. Não é mesmo? Qual seria o outro motivo para dividir a torda com a morena?
C Eduardo
Conheço a Rota do Cangaço de Xingó, um passeio sem igual e que vamos guardar para sempre. Fomos muito bem recebidos e fomos conduzidos no catamarã "Volante" que tinha o amigo Jairo como anfitrião e que nos levou até Angico. Parabens meu amigo.
YURI
É, temos uma grande dificuldade de analisar essas coisa, também meu camarada Severo, colocar esse pessoal todo nessa saia justa ! kkkkkk. Senhor Jairo, ainda não tive o privilégio de conhecer a Rota do cangaço, espero um dia ser convidado por nosso embaixador Severo para acompanhá-los pelas terras alagoanas.
saudações
Professor Mario Helio
Poxa, achar que Maria Déia(Bonita) não amor Lampião isso seria uma ilação das mais inseguras. Há muitas formas de amor e de amar, posto ser este um sentimento dos mais subjetivos que há muito movem os seres humanos pela história afora. E no cangaço não foi diferente. O diabo é que muitas das causas e razões que levaram homens e mulheres a optarem pela vida cangaceira quer seja, o ódio, o medo, o desejo de sobrevivência e/ou vingança terminram fazendo com que estas pessoas vivessem uma lida de contradições sentimentais. Dentre outras coisas... De sorte que o fenômeno do cangaço, assim como nenhuma luta da história esteve imune a este sentimento superlativo que convencionamos até hoje denominar de Amor.
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José Cícero
Aurora-CE
www.blogdaaurorajc.blogspot.com
caro companheiro Jairo, a rota do cangaço de Piranhas até Angico é um sucesso pela perseverança de pessoas como vc e pelo apoio do grande Inacio Damasceno, parabens.
Lincon Nunes Filho
Maceio
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