Raul Meleneu e dona Francisca na Casa da Baronesa
Mas não é sobre essa visita que quero trazer o amigo leitor para as portas do Casarão da Água Branca, e nem sobre essa visita inesperada de Lampião à pequenina Nazaré, inclusive com uma crítica da autora à respeito da tolerância que os nazarenos, incluindo Manuel Flor, tiveram por conta dessa ocasião, pois o leitor poderá ler em meu artigo "Os dois lados do cangaço: o pitoresco e o agressivo".
A atenção que quero lhes trazer é sobre uma entrevista que fiz, por ocasião dessa nossa visita ao Casarão do Barão de Água Branca, (imagens inéditas do interior da mansão) Joaquim Antonio de Siqueira Torres. O herdeiro proprietário desse patrimônio da história aguabranquense, alagoana e brasileira, senhor Inácio Loiola, descendente do Barão de Água Branca, afirmou que Lampião não tinha levado o cordão de ouro mais famoso desse assalto, juntamente com o crucifixo.
Inácio Loiola; herdeiro do Barão; e a passagem de Virgulino
Com essa declaração, o
herdeiro do Barão de Água Branca faz uma colocação até hoje não levada em
consideração pelos autores que focaram suas pesquisas nesse assalto. Até então, tudo que eu tinha lido,
sempre mostrou Lampião como responsável pelo afano de tão famosa joia. Essa
fotografia de Maria Bonita (abaixo) , com diversos cordões de ouro e medalhas, não
apresenta tal crucifixo. O assalto ao casarão se deu em 1922 e depois de 8
anos, foi que Lampião conheceu Maria Bonita. Quase que impossível Lampião ou
Maria ter esse crucifixo. Ponto para o descendente de Joaquim Antonio de
Siqueira Torres, o Barão de Águia Branca.
Sua
manutenção é urgente. Existe a Lei municipal nº 447/71 de 18 de abril de 2001,⁴ que dispõe
sobre o Tombamento Municipal do Centro Histórico, Seus Entornos, Seus
Monumentos Históricos e Ecológicos, publicada e registrada na Secretaria
Municipal de Administração e Finanças da Prefeitura Municipal de Água Branca. O Artigo 3º desta Lei diz que os bens do
patrimônio público e particular situados nos limites da área tombada, ficam
sujeitos, no pertinente a seu uso gozo, às normas que dispõe sua manutenção e
preservação do patrimônio Histórico e Artístico estabelecidas nas legislações
Estadual e Federal especificadas, bem como a preservação da Lei municipal nº
388/96 de 15 de agosto de 1996.
O artigo 4º desta lei diz que os Projetos
de restauração e reforma de edificações considerados de valor histórico e
artísticos, bem como os daqueles não classificados, observarão as diretrizes
estabelecidas nesta Lei. Precisa-se aplicar a lei no que refere-se à
manutenção e seus custos. Por não poderem mais sustentar a manutenção os
proprietários estão vendendo o patrimônio por falta de ajuda para mante-lo.
Encontramos
muitas peças em leilões, e quantas mais foram vendidas, espalhando-se o acervo
de móveis, prataria, louças, etc. Em 13 de
dezembro de 2004 houve um leilão, da Casa Dutra Leilões, onde foi exposto o
seguinte objeto que fazia parte do acervo do Barão de Águia Branca, Barão de Água Branca. "Prato de porcelana sem marca, aba delimitada com friso azul entre filetes dourados; no centro da caldeira a legenda Barão de Água Branca sob coroa de Visconde em azul, pertencente a Joaquim Antônio Siqueira Torres; 23 cm de diâmetro. Apresenta fios de cabelo na aba. França, séc. XIX. Outra peça leiloada: Barão de Água Branca;Prato de porcelana sem marca; borda com friso azul entre filete dourado; ao centro a legenda Barão de Água Branca sob coroa de Visconde, pertencente a Joaquim Antonio de Siqueira Torres; 18,5 cm de diâmetro. Apresenta bicado na borda. França, séc. XIX. Reproduzido às páginas do livro Louça da Aristocracia no Brasil por Jenny Dreyfus.
Quanto ao Crucifixo que pertenceu à baronesa de Água Branca, hoje encontra-se em coleção privada, fechado a sete chaves, escondido do público, assim como as demais peças históricas do Casarão da Água Branca. Recentemente encontrei a seguinte notícia a respeito do crucifixo: "Em ouro maciço 22 quilates. Esta magnifica peça, segundo o Dr Orlins Santana de Oliveira Membro do Instituto Histórico da Bahia, Membro do Instituto Genealógico da Bahia, estava à venda em 2005 em Salvador. Foi vendido para fora do Estado por 12 mil reais. Um comerciante deve ter levado. Fiquei muito sentido pela perda do acervo do cangaço. Na época não tinha recursos para adquirir o mesmo. Salvador era o local mais perto para as volantes revenderem os achados. E tudo vinha pela via ferroviária." - Hoje faz parte de uma coleção particular conforme livro "Estrelas de Couro" de Frederico Pernambucano de Mello.
Raul Meneleu Mascarenhas, pesquisador e escritor Conselheiro Cariri Cangaço - Aracaju SE http://meneleu.blogspot.com.br/
Um comentário:
Professor Marcelo tem esse material de primeira .li e achei interessante e estou compartilhando.
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