Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço, apresentou Ricardo Beliel e sua esposa, também pesquisadora, jornalista, escritora, ilustradora talentosa, a acreana Luciana Nabuco, Luciana abriu a conferência falando da essência da obra e dos muitos sentimentos que acabaram fazendo parte da construção de "Memórias Sangradas"...
"O livro Memórias Sangradas, vida e morte nos tempos do cangaço é um lindo trabalho de mais de 14 anos, com 125 fotografias e no texto depoimentos diversos e a experiência pessoal do autor em busca de seus personagens em seus próprios ambientes originais são apresentados através de uma narrativa como um diário de viagem. Foram realizadas nove viagens no período de 2007 a 2019 nas regiões dos sertões de Alagoas, Pernambuco, Bahia, Sergipe, Rio Grande do Norte, Ceará, São Paulo e Minas Gerais para a coleta de materiais narrativos e imagéticos de míticos cangaceiros, coiteiros e volantes e alguns de seus descendentes" , lembra Beliel.
E continua o autor: "onze mil quilômetros foram percorridos, em grande parte em precárias estradas do interior sertanejo, resultando no encontro com quarenta e três personagens. São eles que guardam relatos importantes relacionados à história do cangaço - ocorridos na primeira metade do século XX - em quarenta e nove localidades – palco de lutas, amizades, emboscadas, amores e massacres entre cangaceiros, volantes, jagunços, coronéis e camponeses; um mundo sertanejo que está se extinguindo nas suas tradições orais."
"Em cada personagem testemunha-se esse fluxo da memória e do esquecimento, onde os encontros nas pesquisas de campo revelaram uma potente e épica narrativa das memórias pessoais que envolvem tradições e lugares. Os personagens entrevistados, em sua grande maioria pessoas quase centenárias, possuem uma riqueza assemelhada ao mistério da terra. Personagens de um ciclo da história do Brasil que aqui resgatamos para que não fiquem no esquecimento, como pedras silenciosas no meio do caminho." Conclui Ricardo Beliel.
A mesa da conferência contou ainda com a participação preciosa e as análises abalizadas dos Conselheiros Cariri Cangaço; Carlos Alberto da Silva de Natal, Rio Grande do Norte, que apresentou uma reflexão sobre o contexto histórico e as repercussões da obra de Beliel, e Kiko Monteiro da cidade sergipana de Lagarto, que nos trouxe a importância e a preciosidade artística do trabalho do grande fotografo que é Ricardo Beliel.
Para Manoel Severo, "foi uma noite impressionante, verdadeiramente rica, o trabalho de Ricardo e Luciana é simplesmente fantástico. Trata-se de uma casal cheio de talento, afeto e uma capacidade de trabalho descomunal, daí não poderia ser diferente, nasceu "Memórias Sangradas". Lançamos em Fortaleza em maio e agora para nossa honra, dentro de uma de nossas programações, para nós é uma grande honra".
Para Celsinho Rodrigues; Conselheiro Cariri Cangaço e presidente da Comissão Organizadora em Piranhas: "mais uma noite ímpar. Testemunhar uma conferência como essa do Beliel e da Luciana, trazendo detalhes tão magníficos da concepção, da pesquisa e da realização desse trabalho excepcional foi um grande presente a todos que estavam no Miguel Arcanjo nessa noite, sensacional, e o livro Memorias Sangradas já nasce grande, um clássico. E além disso, nós da cidade de Piranhas ainda tivemos uma segunda alegria que foi a participação nessa mesma noite da apresentação deste jovem Piranhense, Lucas Gonçalves, que trouxe aos presentes seu trabalho de conclusão de curso, mais uma vez o fenômeno cangaço se faz presente no trabalho dos jovens e o Cariri Cangaço, como sempre, dando o apoio incondicional a esses futuros pesquisadores e escritores".
Lançamento do Livro "Memórias Sangradas, vida e morte nos tempos do cangaço" - de Ricardo Beliel e Luciana Nabuco - Centro Cultural Miguel Arcanjo, 29 de julho de 2022 Piranhas - Alagoas - Nordeste do Brasil.
Ricardo Beliel é graduado em Jornalismo (FACHA) e pós-graduado em Fotografia nas Ciências Sociais (UCAM), em Comunicação e Políticas Públicas (UFRJ) e em Teoria e Prática da Educação de Nível Superior (ESPM). Foi professor na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), na Universidade Estácio de Sá e no Ateliê da Imagem. Também foi jurado do Prêmio PETROBRAS de Jornalismo, em 2018.
Ricardo Beliel iniciou seu interesse pelas artes quando foi aluno do curso de Gravura, ministrado por Fayga Ostrower, Ana Letycia e Ruddy Pozzati, no MAM do Rio de Janeiro e no Centro de Estudos de Arte Ivan Serpa. Em 1973 começa a fotografar, trabalhando com músicos como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Egberto Gismonti e O Terço. Em 1976, entra para o jornalismo como fotógrafo contratado do jornal O Globo, passando depois pela Manchete, Placar, Fatos e Fotos, Veja, Isto É, agência F-4, Manchete Esportiva, Jornal do Brasil, Greenpeace e O Estado de São Paulo. Foi editor de Fotografia da revista Manchete e subeditor no jornal Lance, do qual participou da equipe fundadora. Durante seis anos, fez parte da agência GLMR & Saga Associés em Paris, produzindo reportagens fotográficas na América Latina e na África. Como jornalista e fotógrafo independente tem trabalhos publicados em Grands Reportages, Figaro Magazine, Time, National Geographic, Victory, San Francisco Chronicle, Houston Chronicle, Colors, Geo, La Vanguardia, Los Tiempos, Ícaro, Terra, Próxima Viagem, Marie Claire, Época, Vice, Nova Escola, Placar, Angola Hoje, entre outras revistas e jornais.
Recebeu da Organização Internacional de Jornalistas o prêmio InterPressPhoto e da Confederação de Jornalistas da União Soviética o prêmio Alexander Rodchenko, ambos em 1991. Foi finalista cinco vezes do Prêmio Abril de Jornalismo, sendo vencedor em três anos consecutivos. Em 1997, foi finalista no Prêmio Esso de Jornalismo, com uma reportagem sobre a expedição da Funai para estabelecer o primeiro contato pacífico com os índios Korubo, na floresta amazônica. Participou de 99 exposições em locais como Kunsthaus, em Zurique; Museo Carillo Gill, na cidade do México; Museo de Bellas Artes, em Caracas; Centro Cultural Banco do Brasil, Centro Cultural Telemar, Museu de Arte do Rio/ MAR e Centro Cultural Justiça Federal, no Rio de Janeiro; e Museu de Arte de São Paulo. Beliel tem obras nos acervos do Museu de Arte do Rio/MAR, do Museu Afro Brasil / SP e da Biblioteca Nacional.
2 comentários:
Piauí cada dia se aproxima da história do cangaço
Uma obra fantástica, para se ver, para se ler, para se maravilhar!
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