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Luiz era seu nome de batismo, mas foi imortalizado tragicamente nas crônicas da violência do século dezenove pelo apelido cangaceiro de Rio Preto. Não tinha bando próprio, agia sozinho, pois preferiu destilar seu ódio solitário pelas quebradas do sertão.
Luiz nasceu em Pombal (PB), foi criado, melhor dizer acolhido na humilhação extrema, pelo sacerdote católico Amâncio Leite, que não poupou em nenhum momento o pobre Luiz das mais vexatórias e ignominiosas manifestações de escárnio visando massagear ego doentio condicionado pelo histórico racismo que marca o imaginário de pessoas sem formação e detentor de falsa devoção a Deus, que não difere negros, brancos, amarelos ou vermelhos.
Não seria de estranhar que nêgo Luiz despertasse revolta incontida contra a sociedade de sua época. Ganhou as caatingas sertanejas feito fera bravia sem limites para a violência que disseminou. Sequestrava mocinhas brancas, seviciava-as e depois de torturá-las ao extremo, reservava-lhes morte cruel e desumana. O covil no qual se homiziava era cheio de ossos dessas infelizes que tiveram a desdita de cair em suas garras tenebrosas. Imitava com invulgar perfeição o rincho de um jumento, razão pela qual o terror era instalado no coração das pessoas quando ouviam o som estridente do animal que conduziu Jesus quando da fuga para o Egito, fugindo das perseguições romanas impostas por Heródoto.
Professor Romero Cardoso
Rio Preto foi um cangaceiro semelhante a Lucas da Feira, cuja perversidade marcou época na Bahia. O modus operandi de ambos foi marcado pela ferocidade como agiam, pela forma como extravasou o ódio contra as estruturas da sociedade de suas épocas. Diziam que Rio Preto tinha feito pacto com o demônio, pois se propalou que o cangaceiro era imune a facas e balas, nada o atingia, pois além de tudo era dotado de “encantamentos”, transformando-se em tocos ou pedras quando alguma força volante estava em diligência a fim de capturá-lo. Rio Preto tinha inúmeras mortes nas costas, era o terror de Pombal (PB) e áreas fronteiriças das Províncias Parahybana e norte-riograndense. A ira implacável de nêgo Luiz fez muitos sertanejos tremerem de medo durante décadas.
Afirmo categoricamente que o responsável pela gênese do malvado cangaceiro paraibano foi o Padre Amâncio Leite. Esse foi o principal responsável pelo terror instalado no sertão devido a forma extremamente perversa como tratou a criança desde a mais tenra idade, infringindo-lhe castigos terríveis que forjaram a personalidade doentia e criminosa de Rio Preto. Mas nêgo Luiz não tinha o corpo fechado como se dizia. Responsável pela morte de um fazendeiro em Pombal (PB), Rio Preto foi alvo de uma tocaia montada pelos filhos do sertanejo assassinado. Chovia aos tântaros quando os adolescentes escalaram os clavinotes em direção ao cangaceiro. Haviam colocado algodão nas agulhas das armas, para facilitar os disparos na enxurrada.
A fama de mau de Rio Preto era tão conhecida que os dois rapazes não esperaram para constatar se havia consumado a vingança. Mas Rio Preto resistiu com estoicismo aos disparos, sendo encontrado por forças policiais estertorando. Conduzido à cadeia de Pombal (PB), considerada a mais segura do sertão setentrional, Rio Preto faleceu em uma das celas, morrendo sem se arrepender dos crimes abomináveis que cometeu em suas estrepolias violentas pelas veredas da terra do sol.
Romero Cardoso
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6 comentários:
Muito bom, nunca tinha visto falar desse cangaceiro Rio Preto. Vai lançar um livro sobre a história desse cangaceiro??? Ser for gostaria de ser informado para providêciar a compra.
Atenciosamente,
NETO
meu pai é paraibano. e falava com muita frequencia nesse rio preto de quem é primo do meu pai. ele contava tdo direitinho da morte dele . só agora e vii q é verdade tdo q meu pai falava desse meu tio.. um abraço.. louzamcaze@hotmail.com
Ajudou
QUAL A DATA DA MORTE DE RIO NEGRO?
Meu pai, que foi engenheiro agrônomo do DNOCS, tendo trabalhado na implantação da irrigação no açude Coremas- Mae D'água, sob as ordens do grande engeniro José Guimarães Duque, tendo como colegas o Dr. Paulo Guerra e Strauss, no início da década de 40, no século 20. Me deixou de herança um bacamarte - tipo pederneira, que dizia pertencer ao cangaceiro Rio Preto. Ele me disse que afirmavam que se podia ouvir o relincho dele há mais de uma légua de distância.
Meu bisavô era da cidade de Sousa que fica na paraiba. Ele dizia ter visto a passagem do bando de lampião na cidade. Ele também dizia ter visto o cangaceiro rio preto e é por isso que eu vim aqui dar uma olhada.
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