Daniel Walker, por Dario Castro Alves
Acho que já está na hora de se pensar em editar os anais do Cariri Cangaço, pois a produção de conteúdo apresentada nos seminários tem crescido em quantidade e qualidade. A ideia de diversificar os temas sem sair do foco também tem se mostrado eficaz, pois assim abre-se um leque maior de produção literária e científica. Dentre tantos pontos positivos acho que o intercâmbio cultural que se processa entre os participantes deve ser destacado, porquanto isto tem contribuído satisfatoriamente para ampliação dos laços de amizade entre os participantes e difusão dos conhecimentos de cada um fora dos seus lugares de origem.
Como ponto negativo, saliento o seguinte: acho deselegante e antietico um colega apartear um conferencista publicamente para dizer que ele está errado com respeito a alguma informação citada, pois afinal de contas qualquer que seja a informação prestada ela é fruto de pesquisa de campo ou bibliográfica, e nada a impede de ser falsa ou verdadeira. Quem divulga uma informação errada nunca o faz de propósito, mas sempre certo de que a mesma é verdadeira.
Daniel Walker
Juazeiro do Norte
2 comentários:
Concordo plenamente com o nobre Daniel. Querer sem dono da verdade, além de deselegante não coaduna com os princípios do Cariri Cangaço(eu suponho), tampouco com a perspectiva
de se aprender um pouco mais no sentido da construção da verdadeira história do cangaço. Aqui mesmo em Aurora senti isso, quando alguém se postou de costas para a platéia junto a mesa(como uma inquisição) objetando fatos ocorridos em Aurora e que, pouco ou quase nada encontra-se na narrativa livresca do cangaço até então. Ora, pq cargas d'águas só pode ser autêntico aquilo que alguém já escreveu? Então pq não vêm a Aurora pesquisar o que de fato aconteceu por estas bandas?
Mas, convenhamos, haveremos de nos manter eticamente movidos pela elegância sim.
Fraternalmente... abraços caririenses,
José Cícero
Aurora-CE
www.blogdaaurorajc.blogspot.com
www.jcaurora.blogspot.com
www.prosaeversaosjc.blogspot.com
Concordo plenamente com a colocação. É deverásmente deselegante e deprimente uma pessoa ser desmentida ou chamada atenção publicamente, até porque entendo que no assunto cangaço NINGUÉM É DONO DA VERDADE. Notei também que no âmago das discussões há uma certa rivalidade, uma certa competição entre alguns membros, no meu ver desnecessária e descabida, vez que o cangaço não é e jamais será uma "ciência" exata, ainda mais quando de tudo se mostram que a cada livro, a cada texto, a cada opinião, de uma maneira ou de outra, existem certas verdades ou pelo menos fatos descritos que se aproximam delas que se contradizem com outras do mesmo gênero, ademais, a história oral, os testemunhos pessoais são passíveis de erros, de exageros, de enaltecimentos próprios ou interesses diversos.
No âmbito judicial alguns juristas até consideram as provas testemunhais como sendo as "prostitutas das provas" devido a fatores diversos que distorcem as verdades. Transpondo tal acertiva para o cangaço, como saber se os depoimentos prestados pelos sobreviventes daquela época são depoimentos reais daquilo que realmente ocorreu?... As declarações prestadas por determinados cangaceiros, coiteiros, volantes e demais pessoas que vivenciaram o cangaço a certos escritores são mais importantes e verdadeiras do que as outras prestadas a outros escritores e historiadores?...
Quem vive no mundo das investigações e em busca de auxiliar a Justiça, como é o meu caso é quem mais sabe que um cidadão hoje dá uma versão para determinado crime, sobre determinado fato e amanhã da outra narrativa, outra história é contada e quando o Inquérito policial chega à Justiça ele até muda o seu depoimento, por vezes dois ou três depoimentos diferentes.
Como saber qual o verdadeiro depoimento?... Como saber quais as declarações prestadas aos escritores e historiadores do cangaço são as verdadeiras?... É evidente que todas essas indagações podem ser buscadas e melhor pesquisadas pelos estudiosos do assunto, mas nunca sob a alegação de determinado escritor em querer a tudo sobrepor para ser o dono da verdade em detrimento da verdade do outro que então passa a ser uma verdade duvidosa, mascarada e até mesmo uma "verdade-mentirosa". É evidente que as aberrações e invencionices descabidas de certos autores que só visam o comercio devem ser veementemente combatidas para o próprio bem da história do cangaço, mas não discussões que a nada levam.
Abraços a todos os participantes da terceira edição do Cariri Cangaço.
Archimedes Marques
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