Lamartine Lima no Cariri Cangaço 2013
A primeira vez que ouvi
falar sobre os Seminários Cariri Cangaço foi no início do ano de 2012, em nossa
casa de Gravatá, Pernambuco, quando estava recebendo à bem vinda visita do pesquisador,
escritor e confrade Geraldo Ferraz, da Academia de Letras e Artes daquela
cidade. Tratávamos sobre um texto meu que ele solicitara para o seu livro, que
havia acabado de escrever, acerca do cangaceiro e depois soldado Dé Araújo, e
Geraldo referiu-se com entusiasmo àquelas reuniões periódicas de estudiosos do
Ciclo Sociológico Criminal do Cangaceirismo, que aconteciam em terras do Ceará.
No meado deste ano de
2013, resolvi revisitar a região onde se encontra a Usina Hidrelétrica de
Xingó, que já conhecia havia uma década, e realizar o passeio turístico pelos
chamados “cânions” do Rio São Francisco, entre os estados de Alagoas e Sergipe.
E, lembrando-me que no dia 28 de julho fariam 75 anos de um acontecimento muito
importante para o sertão nordestino, o qual determinou o princípio do fim do
Cangaceirismo – fenômeno com características próprias e único no mundo –, a
morte de Lampião, o maior dos chefes de cangaceiros do Nordeste do Brasil, mais
sua mulher Maria Bonita e nove de seus cabras, e um defensor da lei, o soldado
da polícia alagoana Adrião Pedro de Souza, determinei-me a, naquela data, ir ao
local do seu último combate, ali perto, a Grota de Angico.
Dr.Lamartine Lima, Jairo Luiz e Manoel Severo na Grota do Angico em 2013
No dia anterior àquela
data histórica, na cidade alagoana de Piranhas, em restaurante, com minha
família, estava terminando de almoçar típica peixada, quando ouvi alguém avisar
que ia começar, no auditório próximo, palestra sobre Cangaceirismo. Então,
soube que acontecia na cidade um conjunto de conferências, debates e
apresentações de cinema e teatro denominado Semana do Cangaço. Fui assisti-la.
Lá, encontrei o amigo, pesquisador e escritor João de Souza Lima, que
imediatamente apresentou-me ao mentor dos Seminários Cariri Cangaço, Manoel
Severo, mais Jairo Oliveira, Juliana Ischiara, Antonio Vilela, Archimedes
Marques, Ângelo Osmiro e o livreiro Pereira Lima, entre outros, todos também
seminaristas. Recebi logo o convite de João, Jairo e Severo para, na manhã
seguinte, embarcar no catamarã que eles disponibilizaram para ir ao porto
fluvial da Forquilha e, de lá, em caravana a pé, irmos à Grota de Angico,
participar da cerimônia comemorativa, na qual seria celebrada missa. E assim
aconteceu.
Juliana Ischiara, João de Sousa Lima, Lamartine Lima, Manoel Severo e Letícia na abertura da Semana do Cangaço - Cariri Cangaço em Piranhas / 2013
Uma quinzena depois,
recebi, através de correspondência eletrônica, o convite formal de Doutor
Manoel Severo Gurgel Barbosa, pioneiro dos congressos e organizador do IV –
Seminário Cariri Cangaço – 2013, no qual se reuniriam membros da Sociedade
Brasileira de Estudos do Cangaço, componentes de associações de estudiosos de
alguns estados nordestinos sobre Cangaceirismo, e pesquisadores e escritores de
muitos estados do Brasil, a começar no dia 17 de setembro, na cidade de
Juazeiro do Norte, no Cariri do Ceará, para participar com uma palestra sobre
tema de minha especialidade: os estudos de Antropologia Criminal e as cabeças
dos cangaceiros que estiveram guardadas por três décadas no Instituto “Nina
Rodrigues”, em Salvador, Bahia. Honrado pela deferência, logo aceitei.
Em Juazeiro do Norte, logo
que cheguei ao hotel, encontrei e festejei os velhos amigos Geraldo Ferraz, a
antropóloga e socióloga, professora doutora, pesquisadora e escritora Luitgarde
Barros – que, entre outros trabalhos importantes, tem três livros sobre o
Cariri –, e o maior, mais antigo e acatado dos pesquisadores sobre cangaceiros,
escritor de quase uma vintena de livros, Antonio Amaury Corrêa de Araújo.
Luiz Ruben, Narciso Dias, Antonio Amaury, Jairo Luiz e Jorge Remigio no Hotel do Cariri Cangaço 2013
Depois, foram
aparecendo: o anfitrião Manoel Severo, grande articulador do Seminário,
muitíssimo bem relacionado com o mundo intelectual e político do Cariri e
profundo conhecedor de Cangaceirismo; Antonio Vilela, o escritor que fez
lembrar a memória do único defensor da sociedade tombado em Angico e ali
colocou a cruz do soldado Adrião Pedro de Souza; o colega médico, estudioso,
conferencista e escritor Leandro Cardoso Fernandes; a jurista e conferencista
Juliana Ischiara, devotada à lembrança do escritor e memorialista Alcino Alves
Costa, pranteado em tocante homenagem dos seminaristas à sua memória; o escritor
Archimedes Marques, defensor do resguardo da moral de um homem, mesmo tendo ele
sido um cangaceiro cruel; o estudioso dos cabras do sertão e realizador de
turismo regional piranhense Jairo Oliveira; o escritor Ângelo Osmiro, presidente
daquela sociedade de estudiosos do Cangaço, que trouxe e distribuiu o jornal da
sua associação, com importantes artigos; o livreiro Pereira Lima; e Lili, filha
de Moreno e Durvinha, antigos cangaceiros que conheci há alguns anos em
Fortaleza, apresentados pelo nosso amigo Antonio Amaury.
Fui também apresentado
ao jurista interessadíssimo nos assuntos do Cangaceirismo, o dinâmico Ivanildo
Silveira, e a Sabino Basseti, escritor de um importante livro, analisando as
contradições sobre a morte de Lampião; e foram chegando outros, como Múcio
Procópio, especialista na Canudos do Bom Jesus Conselheiro; Luiz Ruben, pesquisador
e escritor; Rubinho Lima, também escritor; Paulo Gastão, escritor e referência
entre os pesquisadores do cangaço em Mossoró, Rio Grande do Norte; Kydelmir
Dantas, parceiro de João de Souza Lima na divulgação de pesquisas inéditas
sobre Cangaceirismo; Jonasluís da Silva de Icapui, professor universitário e
cineasta documentarista...
Senti falta de quatro
amigos nossos e notáveis intelectuais dedicados ao estudo dos sertões e dos
cangaceiros: Frederico Pernambucano de Mello, do Recife; Sérgio Augusto Dantas,
de Natal, Oleone Coelho Fontes e Manoel Neto, ambos de Salvador.
Continua...
Lamartine Lima
Gravatá - Pernambuco
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