Maranduba no Cariri Cangaço Piranhas 2015 !


Eram cerca de 9 da manha quando a Caravana Cariri Cangaço partiu de solo alagoano rumo a outra margem do Velho Chico, destino: Poço Redondo, em Sergipe - para a famosa fazenda Maranduba; palco de um dos mais espetaculares e sangrentos combates do ciclo lampiônico, o conhecido Fogo da Maranduba. A Caravanas partiu do centro histórico e do hotel Xique Xique em Xingó e em horário pré-determinado seguiram juntas rumo a Maranduba.

35 minutos de Piranhas a Poço Redondo, ali, saindo da rodovia entre Canindé e Poço Redondo, se seguiu por uma estrada de terra por cerca de uns 17 km ate chegar a lendária fazenda Maranduba, antigo território pertencente a Porta da Folha, hoje Poço Redondo. No trajeto, vários lugarejos e fazendas, inclusive a casa da ex-cangaceira Adília. Vislumbrando ao longe a famosa Serra Negra, de João Maria e Zé Rufino, depois se chega a incomparável fazenda Maranduba. Na Caravana pouco mais de 150 pessoas...

 Archimedes e Elane Marques, Manoel Severo
 Manoel Severo e o Fogo da Maranduba
Dentro da programação da visita técnica, Manoel Severo Barbosa , curador do Cariri Cangaço foi o responsável pela apresentação do local e o histórico do combate, apresentação essa precedida pelas palavras dos responsáveis pela programação do Cariri Cangaço Piranhas 2015 em Poço Redondo, os pesquisadores Elane e Archimedes Marques; na capela de Santa Luzia no povoado de Maranduba.

Manoel Severo, nos contou assim: “Maranduba sem dúvidas se configura como mais um surpreendente combate onde Virgulino novamente mostra sua vivacidade e o pleno conhecimento do lugar e de táticas de combate na caatinga. O ano era 1932 e os primeiros dias de janeiro, dias antes havia acontecido o terrível episodio das “ferrações” por Zé Baiano na vizinha Canindé.
 Elisangela e Lamartine Lima, Manoel Severo
 Afranio Mesquita, Ana Lúcia, Juliana Pereira e Wescley Rodrigues
 Abreu Mendes, Cristina Couto, Romero Cardoso, Manoel Severo, Jeová, Cecilia Maria, Neli Conceição e Ruy Gabriel
Manoel Severo e Patricia Brasil

Continua Severo: " O fato acirrou a sanha dos soldados sob o comando de Mané Neto e Liberato de Carvalho...” e continua Severo: “O Tenente Manoel Neto, o bravo Nazareno, viu tombarem sem vida muitos de seus valorosos homens nesse fogo da Maranduba e afirmou que nunca tinha visto tanta bala como viu ali, outra coisa que se comentava foi que no local em que aconteceu o fogo de Maranduba, durante vários anos, das árvores e dos matos rasteiros não ficaram folhas. Tudo era preto, como se tivesse passado um grande fogo. As árvores ficaram completamente descascadas de cima abaixo, de balas”.

E ainda Manoel Severo “o combate se deu perto do meio dia e se estendeu até o sol se por, os cangaceiros estavam se preparando para comer e as pias iriam fornecer a água necessária para os próximos caminhos, dispostos sob a sombra dos sete famosos umbuzeiros do lugar. As volantes cansadas da longa jornada se aproximaram pela caatinga da Maranduba tendo Mané Neto no comando de seus homens, para em seguida se aproximarem os baianos de Liberato de Carvalho. 
 Manoel Severo, Cristina Couto e Celsinho Rodrigues
 Caravana Cariri Cangaço rumo a Maranduba...
Bela Maranduba, cenário de fogo e morte...


Concluindo: "Ali cometeram os mesmos erros de combates anteriores e acabaram envolvidos por várias linhas de tiros, engenhosamente armada por Lampião e seus cangaceiros. Ao final, dentre os muitos que tombaram sem vida, constavam 4 homens de Nazaré: Hercílio de Souza Nogueira e seu irmão Adalgiso de Souza Nogueira (primos dos irmãos Flor), João Cavalcanti de Albuquerque (tio de Neco Gregório) e Antônio Benedito da Silva (irmão por parte de mãe de Lulu Nogueira, filho de Odilon Flor).”

Logo em seguida sob a orientação do pesquisador Ivanildo Silveira a Caravana de visitantes adentraram o local palco do combate. Por mais de 1 hora os confrades puderam conhecer de perto aquele que seria um dos cenários inesquecíveis do cangaço. Um momento marcante da visita em Maranduba foi encontrar a Cruz que marca o local onde foram sepultados os Nazarenos e seus companheiros de farda. Dos velhos Umbuzeiros, únicas testemunhas ainda presentes em Maranduba, restam apenas cinco.
 Marcos de Carmelita, Vanessa Novaes, Cristiano Ferraz e Jorge Remígio
 Wescley Rodrigues, Livio Ferraz, Juliana Pereira e Kiko Monteiro
 Josué Macedo, Jose Joventino, Manoel Severo e Neli Conceição
 Luiz Ruben e Aderbal Nogueira
 Sálvio Siqueira, Edinaldo e Gilmar Leite
Antonio Tomaz, Ana Lúcia e Ingrid Rebouças

Vendo de perto a lendária Maranduba, sua geografia, vegetação, pisando aquele chão, vendo em loco como as tropas da policia se posicionaram e se aproximaram o recuo estratégico dos cangaceiros; só assim vamos entender o quanto foi surpreendente o desempenho e a resistência dos 32 homens de Virgulino contra as forças de baianos e pernambucanos de Manoel Neto e Liberato de Carvalho. 
Ingrid Rebouças e a vida e a esperança nascendo em Maranduba...

Do cenário da batalha pouco se conservou, a casa da fazenda toda ruiu, a vegetação típica da caatinga da época virou uma grande roça, poucas pedras, as pias secas, apenas os enigmáticos umbuzeiros e a cruz que marca o local do sepultamento dos homens de Nazaré, testemunham contra o tempo, aquela que foi uma das mais significativas vitórias de Virgulino Lampião. Por fim a constatação da valiosa visita dentro da Programação do Cariri Cangaço em Poço Redondo, Sergipe. Dali seguiríamos para o centro de Poço Redondo, local das muitas homenagens a Alcino Alves Costa.


Cariri Cangaço Piranhas 2015
Fazenda Maranduba, 26 de Julho
Poço Redondo - Sergipe

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