Quem teria sido o verdadeiro herói em Angico?
Foto: Volante do Tenente João Bezerra em Piranhas, AL
A grande dificuldade que temos ao analisarmos fatos históricos muito distante da nossa contemporaneidade, são justamente os valores que sofreram vicissitudes ao longo do tempo. O Sertão é uma cultura. Costumo dizer que o Sertão é um paîs. Isso porque são tão fortes e emblemáticos os seus valores, que não é incomum e também perdoável e aceitável quando cometemos algum deslize.
Se analisarmos o significado da palavra herói no sentido lato, no sentido "clássico" como o amigo Raul Meneleu Mascarenhas, descreveu em comentário certo dia, claro que não vai ser enquadrado no episódio de Angico. Mas, temos que atentar, que a palavra herói, no Sertão daquela época e também de um tempo não tão distante, se encaixa em várias situações.
Não é uma banalização do emprego do termo, mas a adequação aos valores culturais dos sertanejos. Por exemplo: Uma pessoa que executa uma vingança de um ente querido em condições desfavoráveis ou não, era considetado um herói. Já ouvi do próprio saudoso Alcino Alves Costa, na cidade de Aurora quando se referia a marcha que Lampião encampou daquela cidade até a longinqua Mossoró, percorrendo em três dias e meio, mais de trezentos quilômetros, falou que Lampião era um herói, por ser tão resistente e obstinado. Eu entendi o emprego da palavra herói utilizada pelo escritor.
Poderia citar várias situações em que o sertanejo, o matuto o tabaréu emprega o termo herói. A morte de Lampião, também foi a morte do cangaço. Por que não creditar esse ato heroico ao comandante da operação. O Tenente João Bezerra ?
Jorge Remígio
Pesquisador, Sócio do GPEC
Conselheiro Cariri Cangaço
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