Massilon Leite
Há exatos 90 anos, Umarizal foi saqueada por um bando de cangaceiros. 11 de maio de 1927, aos primeiros raios do sol escaldante, um grupo de cangaceiros aproximava-se sorrateiramente do pequeno vilarejo de Gavião; nome primitivo da cidade de Umarizal, que depois foi chamada de Divinopoles e posteriormente, recebeu a denominação atual. O bando era formado por cerca de vinte homens, e o seu chefe era nada menos que o famoso cangaceiro Massilon Leite, que no dia anterior havia atacado a cidade de Apodi, e um mês depois, estaria integrado ao bando de Lampião no famoso ataque à cidade de Mossoró. Próximo ao povoado, o chefe interrogou uma mulher que lavava roupas numa casa um pouco afastada de Gavião:
- Ali na rua tem “macaco” do governo?
- O que é macaco do governo? – inquiriu a mulher!
- É polícia!
- Tem não senhor! Só esses que estão chegando agora!
( pensava que os cangaceiros eram soldados ).
- Esses não são macacos! São meus cabras!
- E quem é o senhor?
- Sou “Lampião”! ( mentiu ).
A mulher, que ao ouvir o nome de Lampião, ficou trêmula de medo, logo foi tranquilizada pelo chefe dos bandidos que disse que não a fariam mal. Depois de saciarem a sede, os cangaceiros preparam-se pra invadirem o lugarejo. Para isso, Massilon usou inteligente estratagema, mandou que dois dos seus homens tirassem seus apetrechos característicos do cangaço e adentrassem no arruado, um corria a pé na frente, e o outro, montado em um burro em perseguição ao mesmo, gritava: - Pega ladrão! Pega ladrão!!
E assim, chegaram em frente a matriz, onde os moradores aglomeraram-se para assistir a estranha cena. Aproveitando a situação, os cangaceiros entram de súbito em Gavião, cercaram e renderam todos que estavam no centro do lugar.Rendidos os habitantes, começaram a onda de saque. O comerciante José Abílio de Souza Martins foi um dos mais prejudicados. Teve seu estabelecimento comercial invadido e saqueado pelos cangaceiros que subtraíram grande quantidade de mercadorias e certa soma em dinheiro.
A fotografia abaixo foi feita em Limoeiro do Norte, em 16 de junho de 1927, pouco mais de um mês do ataque a Gavião. Na foto, Massilon está assinalado com o número 7 e Lampião com o número 5
O coronel Cristino Leite, chefe político local, foi da mesma forma, preso e obrigado a pagar por sua liberdade. No entanto, pediu ao chefe que não molestassem os moradores, que o mesmo faria uma cota com a população pra arrecadar dinheiro e lhe entregar.
O chefe da horda assassina, exigiu 10 contos de réis, valor exorbitante para os padrões do lugar naquela época. Mas depois de feita a arrecadação, tudo que conseguiu-se foi a quantia de 2 contos e algumas armas. O próprio Massilon sabia que o valor que tinha pedido era muito elevado, sendo assim, aceitou de imediato a quantia que conseguiram.
Os cangaceiros ainda organizaram alegre baile no grupo escolar, mas como o chefe deu a palavra ao coronel Cristino Leite que respeitaria os moradores, as mulheres não foram obrigadas a participar, e os cabras dançaram uns com os outros ao som de um fole e sob efeito de bebidas alcoólicas. Já na parte da tarde os cangaceiros deixavam Gavião e seguiram em direção ao povoado de Itaú, que da mesma forma foi saqueada.
Rivanildo Alexandrino, Pesquisador.
2 comentários:
Prezado Severo: Gostaria de ver nesses artigos o respeito aos créditos. Há partes inteiras aqui no meu "Lampião e o Rio Grande do Norte - A História da Grande Jornada" e não vi sequer referência. Cremos de boa política perguntar, antes de publicar, se o texto é realmente do suposto autor ou é extraído de algum livro. Agradeço.
Sérgio Dantas - NATAL
Prezado Dr Sérgio Dantas, se houve algum deslize ou negligencia com relação ao constante na postagem em referência a créditos, nos colocamos a inteira disposição para a correção, para isso vamos contatar o autor, companheiro Rivanildo Alexandre.
Na oportunidade renovamos protestos de elevada estima e consideração, renovando nosso testemunho diante de seu talento incomparável e trabalho realmente primoroso e referência vital para todos que pesquisam a temática cangaço.
Grande abraço,
Manoel Severo
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