Cariri Cangaço visita Poço Redondo
Em dias de Trilogia, a Caravana Cariri Cangaço atravessou o Velho Chico e de Alagoas chegou às terras sergipanas e emblemáticas de Poço Redondo, berço de um dos mais festejados e respeitados pesquisadores da temática cangaço de todos os tempos: Alcino Alves Costa, o Caipira de Poço Redondo; patrono do Conselho do Cariri Cangaço.
Os Conselheiros Manoel Severo, João de Sousa Lima, Aderbal Nogueira, Archimedes Marques e Ivanildo Silveira ao lado de uma legião de pesquisadores, dentre esses: Louro Teles, Quirino Silva, Jorge Figueiredo, Camilo Lemos, Josué Santana, Neli Conceição, Elane Marques, Afranio Oliveira foram recebidos na manhã do último dia 08 de setembro de 2017 no Memorial Alcino Alves Costa, no centro de Poço Redondo pelo mantenedor do Memorial, Rangel Alves da Costa; pesquisador, poeta e escritor, filho de Alcino; como também pela Comissão Organizadora do Cariri Cangaço Poço Redondo 2018.
Cariri Cangaço e a Festa da recepção no Memorial Alcino Alves Costa
Evanilson Sousa, Danilo, Lili, Tássio Sereno, Manoel Severo, Eliana e Jorge, Vera Costa
Louro Teles, Camilo Lemos, João de Sousa Lima, Manoel Severo e Josué Santana
Maristela Mafuz, Quirino e Célia Maria e Aderbal Nogueira
Elane Marques e Neli Conceição
Quirino Silva
Do Memorial Alcino Alves Costa a comitiva do Cariri Cangaço tendo a frente o anfitrião Rangel Alves da Costa, seguiu para a sede da prefeitura municipal onde foi recebida pelo senhor prefeito municipal de Poço Redondo, Junior Chagas, pelo senhor vice-prefeito Manoel, secretários municipais e outros colaboradores da gestão municipal. Segundo o prefeito de Poço Redondo, Junior Chagas, "Poço Redondo se sente muito honrado pela chagada do Cariri Cangaço em 2018, realmente temos muito o que mostrar, Poço Redondo é rico em historia, e vamos realizar um grande evento; por isso fui ao Cariri Cangaço Exu, em julho, para conhecer de perto o evento e confirmar o apoio desta prefeitura para sua realização no ano que vem".
Com a palavra o Mestre Rangel Alves da Costa: "A formação histórica de Poço Redondo, contudo, possui nuances que vão além dos documentos e escritos confeccionados até o presente momento. Não possui ainda, pode-se afirmar, um preciso contexto histórico definido pelas realidades envolventes que permitiram a sua formação. Há, por exemplo, discordâncias sobre os primeiros povoadores, sobre famílias e nomes que adentraram o sertão para gerar as primeiras sementes do povoamento. A origem dos primeiros exploradores das matas virgens sertanejas também ainda não está consensualizada."
E continua o espetacular texto de Rangel... "Contudo, a partir do instante em que o primeiro núcleo de povoação, que foi no Poço de Cima, já estava organizado, então os relatos passam a corresponder a uma verdadeira cronologia histórico/sertaneja, com os feitos dos desbravadores e suas gerações, com as constantes secas que se abateram sobre o lugar, com a transferência da povoação para o Poço de Baixo (mais tarde Poço Redondo), com as lides cangaceiras nas suas terras, com a luta dos seus moradores para o desmembramento do município de Porto da Folha, com a efetiva emancipação alcançada, com as primeiras disputas eleitorais, com as consequências tristes dessas disputas e com os caminhos de lutas e sacrifícios até chegar aos dias atuais.
Mesmo diante dessas dificuldades de se delimitar com precisão os fatos envolvidos e os seus personagens, alguns documentos principais servem de base para se entender a formação histórica de Poço Redondo. O primeiro desses documentos é um livro produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, denominado "História dos Municípios Brasileiros" Rio de Janeiro: IBGE, 1959); o segundo é um livreto produzido pelo mesmo IBGE em 1984 como parte da Coleção de Monografias Municipais (nº 162); o terceiro é um livro de autoria do pesquisador e historiador poço-redondense Alcino Alves Costa, denominado "Lampião Além da Versão – Mentiras e Mistérios de Angico" (Aracaju: Sociedade Editorial de Sergipe, 1994), onde a história do município se entrelaça aos fatos cangaceiros então relatados; e por último outro livro de Alcino Alves Costa, intitulado "Poço Redondo – A Saga de um Povo" (Aracaju: Editora Diário Oficial, 2009), este totalmente voltado para o relato e análise dos fatos históricos que envolvem Poço Redondo desde os seus primórdios."
Célia Maria e Rangel Alves da Costa, anfitrião em Poço Redondo
Mesmo diante dessas dificuldades de se delimitar com precisão os fatos envolvidos e os seus personagens, alguns documentos principais servem de base para se entender a formação histórica de Poço Redondo. O primeiro desses documentos é um livro produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, denominado "História dos Municípios Brasileiros" Rio de Janeiro: IBGE, 1959); o segundo é um livreto produzido pelo mesmo IBGE em 1984 como parte da Coleção de Monografias Municipais (nº 162); o terceiro é um livro de autoria do pesquisador e historiador poço-redondense Alcino Alves Costa, denominado "Lampião Além da Versão – Mentiras e Mistérios de Angico" (Aracaju: Sociedade Editorial de Sergipe, 1994), onde a história do município se entrelaça aos fatos cangaceiros então relatados; e por último outro livro de Alcino Alves Costa, intitulado "Poço Redondo – A Saga de um Povo" (Aracaju: Editora Diário Oficial, 2009), este totalmente voltado para o relato e análise dos fatos históricos que envolvem Poço Redondo desde os seus primórdios."
Prefeito Junior Chagas e equipe da prefeitura recebem o Cariri Cangaço
Na prefeitura a confraternização da chegada a Poço Redondo
Rangel, Lili, Manoel Severo, Junior Chagas e Quirino Silva
Prefeito Junior Chagas e Quirino Silva
Ivanildo Silveira, Rangel Alves da Costa, Junior Chagas, Manoel Severo e Quirino Silva
Vamos recorrer ao amigo Rangel Alves da Costa: "A morte do cangaceiro Pau-Ferro gerou uma vingança cangaceira tamanha que até hoje as cruzes da estrada de Curralinho testemunham aquele troco de sangue, tendo como vítima os soldados Tonho Vicente e Sisi. Ainda hoje, duas cruzes marcam o local da emboscada e onde foram enterrados os dois soldados. Quem segue pela estrada de Curralinho, do lado direito de que vai em direção ao rio, facilmente avista o retrato póstumo daquela vingança cangaceira. E além das duas cruzes, também avistará outro retrato impressionante: a devoção atual pelos dois soldados mortos. Com efeito, muitos moradores chegam ali adoentados, desesperançados, aturdidos pelas consequências da vida, e se entregam a orações e promessas. E os ex-votos estão ao redor das cruzes para ninguém duvidar. Cabeça em madeira, pé e mão, fitas, rosários, dádivas da crença de um povo, ainda que nem sempre saiba dos fatos que originaram a atual devoção."
Rangel Alves da Costa comandou a Caravana do Cariri Cangaço em dias de Trilogia visitando as "cruzes dos soldados Sisi e Tonho Vicente".
Louro Teles, Quirino Silva, João de Sousa Lima, Josué Santana e Ivanildo Silveira
Em Curralinho o Cariri Cangaço foi recebido pelo pesquisador Orlando da Serra Negra, sobrinho neto de Liberato de Carvalho e do coronel João Maria da Serra Negra; emblemático cenário da divisa entre os estados de Sergipe e Bahia e deveras ponto de passagem de Virgulino Ferreira da Silva e base das ações de um dos mais ferrenhos de seus perseguidores: José Rufino. Hoje é o município de Pedro Alexandre na Bahia.
"Curralinho, povoado localizado no sertão sergipano de Poço Redondo, às margens do São Francisco, possui uma denominação apropriada ao seu primeiro contexto histórico enquanto porteira para os sertões. Com efeito, o nome Curralinho vem de curral pequeno. É diminutivo da expressão portuguesa “curral”. E foram os currais pequenos – ou curralinhos – que permitiram a povoação não só daquelas beiradas de rio como da região interior sertaneja.
Curralinho foi a porta de entrada para o que se tem hoje como município de Poço Redondo. Esperava-se que Bonsucesso, povoação igualmente ribeirinha, por ter suas margens avistadas um pouco antes que Curralinho, ali recebesse as embarcações que começavam a trilhar pelos caminhos das águas de um mundo novo e desconhecido. Mas talvez porque as barrancas de Bonsucesso possuíssem maior declive que as de Curralinho, suas margens tivessem sido escolhidas como porto de fixação e passagem.
Antes que as revoltas coloniais impusessem uma debandada do litoral através das águas do Velho Chico, os sertões eram praticamente desconhecidos. Era uma verdadeira vastidão de terras da natureza, tomadas de plantas, de bichos, de mataria fechada. Os primitivos habitantes já haviam desaparecido nos confins de suas cavernas. Não havia estrada, não havia vereda, não havia sequer uma clareira aberta. Somente através das águas do São Francisco se poderia alcançar as entranhas desse mundo distante e tão hostil. E mesmo os que aportaram do litoral por necessidade ou fuga desconheciam o que poderiam encontrar adiante.
No leito das águas grandes, de lado a lado num piscoso caudal, as embarcações rumavam carregando vidas, sonhos, esperanças. Ora, aqueles desbravadores traziam consigo quase tudo que lhes restava do rebanho: boi, vaca, cavalo, jumento, cabrito. E quanto mais adentravam pelos sertões mais se enchiam de espanto pelo desconhecido além das margens do rio: apenas a mata virgem, fechada, talvez perigosa demais. Mas tinham de escolher lugares mais apropriados para desembarcar seus rebanhos. Alguns resolvendo ficar numa margem mais aberta, outros preferindo as proximidades da mataria. E assim as ribeiras do rio foram sendo povoadas pelos criadores e seus rebanhos. Estava cumprido o destino do Rio dos Currais, como o São Francisco também é chamado." Rangel Alves da Costa.
Capela de Nossa Senhora da Conceição em Curralinho
construída por Antônio Conselheiro no alto do Curralinho,
sob o olhar de Maristela Mafuz.
"Quem chega hoje a Curralinho nem imagina sua riqueza histórica, sequer conhece a passagem de Antônio Conselheiro pela região, também não tem conhecimento da profunda religiosidade de seu povo. Em 1874 o beato missionário incentivou a construção de uma capelinha em devoção a Nossa Senhora da Conceição, que ainda é avistada no alto. Defronte ao rio há outra igreja, construída em louvor a Santo Antônio e que possui um significado histórico indescritível. Na fachada principal, uma porta em madeira arrematada por um arco abatido. O belo frontão é encimado por uma pequena cruz. Noutros tempos, no altar havia imagens do padroeiro Santo Antônio, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e do Coração de Jesus. Destaque para a bela imagem de Nossa Senhora da Conceição, em madeira, que talvez já tenha sido retirada de lá" Rangel Alves da Costa.
Pedro Alexandre casou-se com Guilhermina Maria da Conceição e teve 14 filhos. Entre eles, vale destacar: João Maria de Carvalho (Coronel) e Liberato Matos de Carvalho (Coronel Liberato). Ao lado dos coronéis João Gonçalves de Sá (da atual cidade Coronel João Sá) que ministrava a região de Jeremoabo e o respeitado Coronel Petro, João Maria de Carvalho se impôs com maestria, domínio e autoridade não só na região de Serra Negra como em outras localidades além fronteiras. Ora, senhor de muitas terras na Bahia e também no sertão sergipano, sem falar na influência política que mantinha em ambos os lados. Muitos perseguidos chegavam naquela região pedindo ajuda para sobreviver, proteção política ou por medo das perseguições das autoridades, da polícia ou de inimigos comuns. Esse fato deu à cidade a fama de "Terra de Coronéis".
O município de Pedro Alexandre recebeu este nome quando elevado à condição de cidade. Criado com o território do distrito de Voturuna (onde situa-se a sede da atual Pedro Alexandre) e parte do território do distrito de Jeremoabo, o mesmo foi desmembrado do município de Jeremoabo pela Lei Estadual de 28 de julho de 1962. O sr. Heraldo de Carvalho que era filho de João Maria de Carvalho e seu sobrinho Sr. Evaldo de Carvalho, ambos foram políticos e prefeitos do município em várias gestões.
O Pacto pela realização do Cariri Cangaço Poço Redondo 2018 contemplando
também Serra Negra
Ingrid Rebouças e Afrânio Oliveira
Orlando da "Serra Negra" recebe o Cariri Cangaço em Curralinho
O Pacto pela realização do Cariri Cangaço Poço Redondo 2018 contemplando
também Serra Negra
Ingrid Rebouças e Afrânio Oliveira
Curralinho às margens do São Francisco e a visita do Cariri Cangaço
Na recepção festiva em Curralinho, foram fechadas as parcerias iniciais para a realização do Cariri Cangaço Poço Redondo 2018, entre a prefeitura municipal, o Instituto Cariri do Brasil e a Comissão Organizadora local. "O evento do Cariri Cangaço Poço Redondo deverá acontecer em Junho de 2018, na data de aniversário de nosso Patrono, Alcino Alves da Costa, e deverá também ter um dia em Serra Negra, no município de Pedro Alexandre, aqui pertinho na Bahia, daí a importância da presença e do compromisso de nosso amigo e anfitrião Orlando da Serra Negra", revela Manoel Severo.
Rangel Alves da Costa e Maria Oliveira
Pelos caminhos de Curralinho
A presença forte de Antônio Conselheiro em Curralinho
Neli Conceição: A isso chamo Cariri Cangaço
Ingrid Rebouças, Maristela Mafuz e Elane Marques
Aderbal Nogueira
"Em nosso dia de Cariri Cangaço na Serra Negra em 2018, teremos a grande oportunidade de dissecar a história destes personagens importantes da literatura do sertão e do cangaço, como o coronel João Maria, Liberato de Carvalho, ambos meus tios avôs e principalmente a figura de Zé Rufino" ressalta Orlando e completa: "Pedro Alexandre se sente honrada com o chegada do Cariri Cangaço, faremos o possível para realizar um evento marcante"
Keyla e Louro Teles, Ivanildo Silveira e Maristela Mafuz
Camilo Lemos e Afranio Oliveira
Orlando, Manoel Severo e Ingrid Rebouças
Danilo, Elane Marques, Manoel Severo, Maria Oliveira e Djalma Feitosa
Maristela Mafuz , Elane Marques e Aderbal Nogueira
"Ao lado dos coronéis João Gonçalves de Sá, da região de Jeremoabo, e Petronilo de Alcântara Reis, o sempre temido e respeitado Coronel Petro, João Maria de Carvalho se impôs com maestria, domínio e autoridade não só na região de Serra Negra como em outras localidades além fronteiras. Ora, senhor de muitas terras na Bahia e também no sertão sergipano, sem falar na influência política que mantinha em ambos os lados. Pôs a mão não só nas terras como na vida daquelas regiões, eis que não havia um só dia que não chegasse um sertanejo pedindo ajuda para sobreviver, proteção política ou por medo das perseguições das autoridades, da polícia ou de inimigos comuns." Revela Rangel Alves da Costa.
Manoel Severo, pelo Instituto Cariri do Brasil, Prefeito Junior Chagas pelo município, Rangel Alves da Costa pela Comissão Local e Orlando pelo município de Pedro Alexandre falam do Cariri Cangaço Poço Redondo 2018
Quirino Silva
Prefeito Junior Chagas: Que venha o Cariri Cangaço Poço Redondo
"Retornar a Poço Redondo é sempre uma grande satisfação, foi aqui que ainda em 2005 em uma de minhas primeiras andanças na direção de construir o sonho chamado Cariri Cangaço e em busca de aprofunda, chamado cangaço, que fui recebido por um "caipira encantador". Nunca havia me encontrado antes, mas parecia que éramos amigos de infância, de lá até aqui, Alcino não só começou a fazer parte do Cariri Cangaço, mas também passou a morar em nosso coração; em 2018 terá festa no céu: Alcino de camarote estará participando conosco de um grande momento, o Cariri Cangaço Poço Redondo." Manoel Severo.
Cariri Cangaço em dias de Trilogia
Poço Redondo e Curralinho
08 de Setembro de 2017 - Poço Redondo, Sergipe
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