Os Bandidos na Fronteira - Uma Photographia Célebre Por:Valdir José Nogueira de Moura


Photographia que o tenente Germano Solon de França, da polícia cearense, comandante de uma das forças volantes na fronteira, encontrou no reducto dos bandidos, quando estes perseguidos, fugiam em desordenada carreira no último encontro.

1 – Virgulino Ferreira da Silva, vulgo “Lampião”, chefe do bando sinistro; 2 – Antônio Ferreira da Silva, irmão de “Lampião”; 3 - Antônio Rosa, assassinado por Livino, irmão de “Lampião” no lugar Cipó em Pajehú (Pernambuco); 4 – Tiburtino Ignácio, filho de José Ignácio, do sítio Barro; 5 – Bandido conhecido por Cajueiro; - 6 – José Dedé, morto por ocasião do trucidamento do Cel. Gonzaga, em Belmonte (Pernambuco); 7 – Bandido conhecido por “Meia-Noite”, morto no ataque da cidade de Patos (Parahyba); 8 – Antônio Taruga, vulgo “Chá Preto” , morto no lugar Gangorra próximo da cidade de Milagres (Ceará) pela força sob o comando do Tenente Germano, em 18 de abril de 1925; 9 – 10 – 11 – Os três irmãos Virgílios; 12 – Bandido conhecido por “Graveto”, morto por “Meia-Noite”; 13 – Bandido conhecido por Mourão; 14 – Antônio Saturnino; 15 – 16 – 17 – Ignoram-se os nomes.
A photographia que publicamos é dos 17 bandidos componentes do bando chefiado pelo célebre cangaceiro Lampião, um dos últimos grupos que obedecendo ao temível bandoleiro conhecido por “Azulão”, morto pela polícia parahybana num tiroteio ocorrido no município de Conceição.Lampião tem infestado os sertões de Pernambuco e Parahyba e tentando penetrar no território do Ceará, exercendo a criminosa profissão do incêndio, do saque, do roubo e da morte.

Esta photographia foi encontrada entre os destroços deixados pelos bandidos do grupo chefiado pelo “Chá Preto”, na fuga desordenada a que foram obrigados a effectuar ante o cerrado tiroteio que lhes offerecera a força volante sob o comando do destemido tenente Germano Solon de França, do Regimento Policial do Ceará, em abril do corrente anno, no município de Milagres, naquelle Estado. Em poucas linhas, as diligências para capturar o bando, se verificaram assim:

Em dias dos últimos meses do ano passado, o Dr. José Pires de Carvalho, Chefe de Polícia do Ceará, satisfazendo pedidos que lhe fizeram os seus colegas de Pernambuco e Parahyba, em cujos territórios os bandos chefiados pelo cangaceiro “Azulão”, e ultimamente pelo temível bandido “Lampião”, praticavam os maiores desatinos, incumbiu o tenente do Regimento Policial, Germano Solon de França, de organizar destacamentos volantes e, com estes, prestar o auxílio solicitado, promovendo, ao mesmo tempo, os meios de evitar incursões dos bandoleiros no território cearense.

Confiando este official o comando de três destacamentos aos esforçados sargentos Jonathas Borges Pereira, Firmino Zeferino da Rocha e Antônio Pereira Lima, desenvolveu, desde logo, persistentemente, várias diligências, ora nos sertões do Ceará, ora nos de Pernambuco e Parahyba, effectuando diversos cercos nos homizios dos bandidos, sustentando renhido fogo contra os mesmos, capturando uns e obrigando a fuga de outros.

Entre as diligências por elles effectuadas, destacam-se as dos municípios de Milagres e de Brejo dos Santos, as quais foram coroadas do mais feliz êxito, por isso que conseguiram capturar os bandidos João Ignácio, Manoel Ignácio, Antônio Ignácio, Manoel Cursino, Pedro Cursino, Antônio Cursino, Cícero Cursino, Raymundo Cursino, José Cândido, Cornélio Antônio de Sá e Miguel Rodrigues.

Vários tiroteios houve, sobressaindo os sustentados contra o grupo do temível bandoleiro “Chá Preto”, e o chefiado pelo bandoleiro “Manoel Mouco”, e, finalmente, o dirigido pelo bandido “Maçarico”, dos quais resultaram a morte do primeiro, ferimentos do segundo e fuga do último, com os do seu bando. A açção desse oficial e de seus auxiliares lhes granjeou merecidos applausos do público e elogios e louvores das autoridades superiores do Estado.”
Transcrito do “Vida Policial” (RJ), Ed. 17, págs. 28/29, de 4 de julho de 1925.
Valdir José Nogueira de Moura, São José de Belmonte PE
Conselheiro Cariri Cangaço

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