Cariri Cangaço e Muitas Emoções Por:Camilo Lemos


As grandes emoções o destino sempre arranja um jeito para fazer surpresa. Ao pisar no chão de Nazaré do Pico durante o Cariri Cangaço 2016, senti o sangue correndo apressado nas veias. Meu corpo avisava o que parecia um retorno. Nunca fui a Nazaré, mas já havia estado ali. Conheci e entrei na casa do tenente João Gomes de Lira. Caminhei pelas ruas de Nazaré ao seu lado. Foi Aderbal quem me apresentou a esses personagens históricos, não esquecer seu Neco de Pautilha, do qual sou fã. Ao ver um senhor caminhando por um instante, eu estava vendo o tenente João Gomes de Lira, o mesmo caminhar. Dei bom dia aquele senhor e perguntei se ele era da família do tenente. Respondeu-me com o mesmo jeito calmo e educado de falar do homem que conheci pelos vídeos – Sim, sou filho – Eu estava falando com o senhor Rubelvan Lira, cópia no andar e no falar do famoso tenente João Gomes de lira. Disse a ele: conheci seu pai, quem me apresentou foi Aderbal.

 Camilo Lemos no Cariri Cangaço Floresta 2016

Um sentimento indescritível me tomou naquele momento. Pisar no chão da história, conhecer o povo daquele lugar do mesmo sangue dos afamados perseguidores de Lampião, os Nazarenos. Sem sombra de dúvida um povo bravo.  A máquina que eu estava usando parou de funcionar e fui tirar dúvida com Aderbal, que tenho como pessoa de maior importância para minha pesquisa, pouco tempo depois, ele bate no meu ombro e diz: vamos comigo no meu carro? 

Apressei-me e fui chamar professor Múcio Procópio, o qual também tenho um grande apreço, tanto pelo ser humano, quanto pelo pesquisador. De repente, o destino havia reunido os meus ídolos no quesito Cangaço, Canudos e Nordeste. Conheci a voz, o gesto, os personagens, as histórias pelas gravações de Aderbal. Cheguei ao ponto de decorar todas as falas. O mesmo aconteceu com o documentário “Os Últimos Cangaceiros” que conta parte da extraordinária história de vida dos ex-cangaceiros Morena e Durvinha, pais de Neli. 

Camilo Lemos e Múcio Procópio

Trabalho este, fundamental para minha entrada no mundo da pesquisa. O coração disparou quando Aderbal disse: a Neli vai com a gente. Esses minutos dentro do carro foram sem dúvidas momentos de sonhos, jamais imaginei tal encontro, o destino me dando um presente para a vida toda. Ouvidos atentos a todas as falas, olhos mirando a paisagem, histórias e fatos vão sendo revelados, enquanto a Caatinga nos revelava um palco histórico. Aderbal, o motorista pede: Neli conte a Rebeka Lúcio como você descobriu a história dos seus pais. 

A partir daí, todo um filme passa na minha cabeça, enquanto outro filme começava e desta vez eu fazendo parte. Eu estava vivendo um sonho e sentindo uma das maiores emoções da minha vida. Tão perto da filha dos cangaceiros que eu tanto quis conhecer. Quando se vive isso, você renasce para viver de novo. Um filme novo agora é a minha vida. Obrigado Aderbal e Neli. Por testemunhas professor Múcio Procópio e Rebeka Lúcio.

Camilo Lemos, Natal-RN

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