O Que vem a ser o Cariri Cangaço Por:Sálvio Siqueira

Junior Almeida, Manoel Severo, Sálvio Siqueira e Ana Gleide no Cariri Cangaço Floresta 

O cangaço foi um Fenômeno Social, que ergueu suas pilastras dentro do campo de outro Fenômeno Social mais abrangente e duradouro, o “Coronelismo”. Caracterizado por atitudes violentas, de ambas as partes, tanto dos perseguidos como dos perseguidores. Por ambas as partes, também, ao estudarmos, notamos que essa violência vem de muitos anos anteriores. Pregada, sentida e sofrida pelo homem sertanejo, através dos senhores proprietários de grandes áreas de terra, Políticos e autoridades sem escrúpulos, que em vez de fazer-se cumprirem a “Lei Vigente”, faziam valer a ‘Lei do Coroné’ fulano de tal, no espinhaço da população carente. Quando se tem lições de violência, é claro, logicamente, que são gerados frutos violentos.


Não citarei motivos, pois, cada um que dele, do Fenômeno estudado, fez parte, tivera suas razões, sendo ela qual tenha sido, em qual das colunas históricas, cangaceira ou volante, participou. Eles, os cangaceiros em sua horda, andavam em bandos, armados, espalhando o terror pelo sertão nordestino. Promoviam saques a fazendas, atacavam caravanas de animais de cargas, comboios e chegavam a sequestrar fazendeiros, políticos, militares e mulheres, para obtenção de resgates. Aqueles que respeitavam e acatavam as solicitações dos cangaceiros, ‘não sofriam’, lógico que não sofreram agressões físicas, pois, psicológicas e financeiras já haviam sofrido. Excetuando-se esses tipos, eram ajudados e protegidos por eles. Esta atitude, fez com que os cangaceiros fossem respeitados e até mesmo admirados por parte da população da época. 


As volantes, também compostas por homens forjados nas durezas impostas por ancestrais, também foram de uma violência terrível. E, meus amigos, tinham que serem, serem ferro contra ferro, fogo contra fogo. 
Por vezes, muitos dos que delas fizeram parte, eram pessoas que tinham alguma rixa, despeita, intriga... etc., com alguém que fazia parte do bando de cangaceiros. Outros fizeram parte por ser uma maneira de contentar seu ego maléfico, protegidos pela farda, escapando da perseguição da Força Pública.

Em determinadas épocas, principalmente quando as intempéries climáticas da região, onde ocorreu o Fenômeno, tornava-se mais um torturador do sofrido povo sertanejo, só havia duas saídas para o mesmo, os bandos de foras- da- Lei ou as tropas Volantes, como meio de sobrevivência.

Sálvio Siqueira em Noite de Luxo do Cariri Cangaço Floresta 2016

Sem fazer apologia ao crime e/ou criminosos, os eventos do Cariri Cangaço, tenta, de uma brilhante, científica e harmoniosa maneira, levar ao conhecimento popular o que, realmente, foi o Fenômeno Social denominado Cangaço, que sobreviveu por vários séculos.

Em suas diversas e distintas realizações, veio nos mostrando que o fato Social ocorrido, abrangeu todas as camadas sociais por décadas e décadas. Desde o tempo do Império, continuando pela República e indo ter seu epílogo, depois de implantado o Estado Novo, Ditadura vinda de um golpe de um dirigente em seu próprio Regime Constitucionalista.

Durante sua existência, o Cangaço enraizou, e foi enraizado, por fatos históricos nacionais, como por exemplo: a Revolução de 1930, A Grande Marcha da Coluna Prestes, a Guerra de 12, na Paraíba, as revoltas e suas consequências nos vários Estados da Região Nordeste,revoltas os Estados do Sudeste quando as mesma levaram a levantarem-se os motins nos quartéis nordestinos, donde, desses, alguns componentes se lançam nas trilhas cangaceiras e etc., entrelaçando-se, dessa forma, na História de uma Nação.

Pesquisadores Conselheiros do Cariri Cangaço

E é com essa responsabilidade, que o Mestre Manoel Severo, juntamente com sua equipe, formada pelos ilustres estudiosos e pesquisadores João de Sousa Lima, Ivanildo Silveira, Juliana Pereira, Ângelo Osmiro, Kiko Monteiro, Narciso Dias, José Tavares, Jorge Remigio, Aderbal Nogueira e mais um naipe de ilustres personalidades, juntamente as equipes regionais, formadas por pessoas das comunidades, parentes e não parentes das personagens estudadas, em cada um dos lugares por onde passou, desdobram-se, multiplicam-se, para que esse "barco" nunca esteja sem Norte, nunca fique a deriva, para nos trazerem os fatos, se não de uma total veracidade, pelo menos, o mais próximo possível desta.


Isso tudo e muito mais, além do aconchego das novas amizades. As saudades matadas dos amigos a cada reencontro são um pouco daquilo que vejo como sendo os eventos do CARIRI CANGAÇO.
PARABÉNS!!! OBRIGADO SENHORES E AQUELE ABRAÇO.

Sálvio Siqueira - 
GECOE - Grupo de Estudos do Cangaço Ofício das Espingardas
São José do Egito - PE

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