Paulo Britto e o filho Benner, no Cariri Cangaço 2009
Em resposta a matéria “Os labirintos de Lampião” por Alcino Alves.
Antes de mais nada, registro meu mais profundo respeito e admiração pelo autor sertanejo, de onde é minha essência alagoana. Pois minha mãe Cyra Britto Bezerra, nasceu nas barrancas do Rio São Francisco, margem sergipana, na Fazenda Gerimun.
Alcino é um vitorioso por tudo que já fez, incluindo no campo dos escritos. Só peço vênia, para discordar com a maior veemência e vindo do mais profundo substrato do meu coração, com as suas colocações contidas em parte da matéria que fala da minha querida Piranhas e do combate travado por meu pai Cel. João Bezerra da Silva e sua volante, na Grota de Angico.
As suas colocações instigantes, que não vem de hoje, vem desde a edição do seu livro“Lampião Além da Versão. Mentiras e Mistérios de Angico”, que se coloca como sendo o único conhecedor, ou vislumbrador de uma verdade, que segundo ele, até hoje não foi relatada por nenhum participante do referido combate, que não foram poucos e pelas autoridades civis e militares da época, referentes a 07 Estados da Federação, que Lampião devastou e as que se seguiram, juntamente com grandes e renomados pesquisadores e historiadores.
Tenente João Bezerra, sentado à esquerda
O autor, em seu texto diz: “Precisa-se urgentemente que se faça à última e definitiva tentativa de não eternizar as grandiosas mentiras que se tornaram verdades na Grota de Angico”
Aqui respondo: Eu me junto ao amigo neste apelo, mas que seja uma obra de credibilidade sem desmerecer as de credibilidade já existentes.Mais adiante comenta: “Tudo que se relaciona com aquele fatídico combate à inteligência humana é incapaz de compreender ou explicar”.
Desculpe-me mais uma vez discordar, pois sendo filho de quem sou, com a convivência que tive com diversos personagens dessa história, escritores e historiadores e a biblioteca que possuo, posso asseverar que o combate de Angico não poderia ter sido mais dissecado do que já foi.
Paulo Britto em entrevista no Cariri Cangaço 2009
O autor ainda diz: “Fico deveras abismado com a inércia dos pesquisadores, historiadores e autoridades”...Decorridos 72 anos do combate de Angico, você coloca como sendo uma inércia massacrante. Quem sabe não seja porque não se tenha mais o que dizer ou do que duvidar.
Tenho no rol dos grandes e sérios escritores do tema, queridos amigos que me orgulho de desfrutar da amizade de cada um e que diante de exaustivo trabalho de pesquisas e entrevistas não deixam qualquer margem de dúvida quanto ao que já foi relatado sobre o combate de Angico.
Portanto, meu querido Alcino, já é hora de se por um basta nestas colocações que como você bem o diz “que mesmo com o passar dos anos ninguém as descobriu nem as descobrirá”. Talvez, quem sabe, não há o que descobrir.
A minha admiração, o meu respeito, não só pelo “Caipira de Poço Redondo”, mas, também pelo sertanejo de Canindé do São Francisco, de Piranhas, um patrimônio da região sertaneja.
Paulo Britto
NOTA CARIRI CANGAÇO: Paulo Britto é filho do tenente João Bezerra e dona Cyra Britto, nos deu o prazer de estar presente ao Cariri Cangaço 2009 e é presença certa no Cariri Cangaço 2010.
4 comentários:
Parabéns Paulo. Mais uma vez você expõe, com pés no chão, que, no combate do Angico, há muito menos mistério do que gostariam que tivesse. Lampião foi pego de surpresa e morto à bala. Não teve veneno, nem "subsituto", nem foi Minas, nem abduzido por extraterrestres. Essa é a verdade: Lampião e Maria foram mortos à bala, pela estratégia bem sucedida de Bezerra e Ferreira de Melo. Pabaréns, mais uma vez.
Abraço do amigo
Leandro Fernandes
Senhor Paulo Britto tive a melhor das impressões quando acompanhei sua palestra por ocasiçao do Cariri cangaço 2009, sobre o tema Angico, na noite de sábado em Juazeiro do Norte.
Parabens pela serenidade, lucidez e transparencia, o senhor foi responsável por momentos únicos de elucidação do ainda estava encoberto sobre o fogo do Angico.
Saudações,
Professor Gregório Freitas
Pedra D"agua dos Seixas
É verdadeiramante enriquecedor ter num mesmo espaço o confronto elegante e respeitoso de duas posições antagônicas em torno de fato tão significativo como o episódio do Angico.
De um lado o escritor Alcino Costa e suas inquietações e do outro a posição firme e serena do pesquisador Paulo Britto, filho do tenente Bezerra, isso é possível pela grandeza dos dois senhores e pela seriedade do blog cariri cangaço. Valeu Severão!
Yuri.
Prezado amigo Paulo Brito, me veio agora à memória, nosso primeiro encontro, cujo qual tive o imenso prazer de conhecer vossa família em Recife no ano de 2008. Gostaria de citar um tópico de nossa longa conversa, e se você me permite, dividir com os demais confrades pesquisadores país afora; quando repassamos aos convidados a entrevista que fiz com Durval Rosa em 1999 em Sergipe, ao ser visto o trecho onde ele cita que entregara sacos de bala à Lampião à mando de João Bezerra, você chamou-me em particular, e com os olhos de um filho sobretudo defensor da imagem de seu pai por diversas vezes injustiçado indagou-me: - Charles, você que esteve lá com Durval, acredita que realmente meu pai teria feito isso? Creio que minha resposta tenha sido oportuna: - Paulo, embora as evidências e opiniões de alguns pesquisadores sejam favoráveis ao relato de Durval, prefiro acreditar que em certas ocasiões, os fins justificam os meios. E você sabiamente acatou minha colocação. Aquilo era uma guerra, que por sinal já perdurava mais de duas décadas, onde sete estados usaram de todos os artifícios com apenas um intuito, e o único que conseguiu esse feito, chama-se Cel. João Bezerra. Creio que algumas pessoas seriam bem mais úteis e oportunas, sobretudo dariam uma grande contribuição ao tema, se ficassem recolhidas à seus devaneios.
Um grande abraço e conte sempre com seu amigo cearense.
Charles Garrido
Charles Garrido
Pesquisador
Fortaleza - Ce
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