Mandacaru "faceiro" sob o por do sol de Maranduba...
“... Nóis cheguêmo na caatinga de MARANDUBA, pru vorta di maio dia, i tratemo di discansá i fazê fogo prôs dicumê, i nóis armoçá. Mas a gente num si descôidava um tico, i nóis sabia qui as volante andava pirigosa. Inquanto nóis discansava, botemo imboscada forte, di déiz cabra pra atacá us macaco qui si proximasse. Nóis cunhicia us terreno daqueles mundão, parmo a parmo. Us macaco num sabia tanto cuma nóis. Todos buraco, pedreguio, levação, pé di pau, pru perto, nóis sabia di ôio-fechado, i pudia tirá di pontaria sem sê vistado..
Nisso, vem cheganou’a das maió macacada qui tivemos di infrentá. I us cumandante todo di dispusiçãoprá daná: MANUÉ NETO, qui us cangacêro tamém chamava MANÉ FUMAÇA, ODILON, EUCRIDE, ARCONSO I AFONSO FRÔ. Tamém um NOGUÊRA. Nesse bucadão di macaco tava u Capitão ou Tenente LIBERATO, du izérto. Dizia us povo qui ele era duro di ruê. I era mesmo. Brigava cuma gente grande, i marvado cumo minino. Mas porém, valente cumo u capêta.
Ex-cangaceiro Ângelo Roque, o Labareda, presente em Maranduba no fogo de 1932
Di nada sirvia a gente gostá i tratá com côidado um mano qui êle tinha na Serra Nêga. Essa FORÇA toda dus macaco si pegô mais nóis na MARANDUBA. Nóis era trinta e dois cabra bom. U CapitãoVirgulino tinha di junto, nessa brigada, us principá cangacêro: VIRGINO, IZEQUIÉ, ZÉ BAIANO, LUIZ PÊDO i seu criado LABAREDA. Dus maiorá só fartava mesmo CURISCO sempre gostô di trabaiá sozinho, num grupo isculido dicangacêro, mais DADÁ.
Briguemo na MARANDUBA a tarde toda i nóis cum as vantage cumpreta das pusição, apôis us macaco num pudia vê nóis. A volante di NAZARÉ deve tê murrido quaji toda. Caiu, tamém, matado di ua vêis, um dus FRÔ, qui si bem mi alembro, foi u AFONSO. Cumpade Lampião chegô pra di junto do finado i abriu di faca a capanga dêle, i achô um papé qui tinha iscrito um decreto dizeno qu ele já tinha dado vinte i quatro combate cum u cumpade Lampião. Veio morrê nu vinte i cinco. A valia qui tivemo nessa brigada foi us iscundirijo. Morrero, aí, trêiz cangacêro i trêiz ficô baliado. Us istrago qui fizemo nessa brigada foi danado ! Matemo macaco di horrô !”
Depoimento de Ângelo Roque a Estácio de Lima
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