A vida política de Padre Cícero é tão importante quanto a sua vida religiosa, pois ambas foram polêmicas. Como religioso ele esteve sempre às turras com as autoridades eclesiásticas, que o censuravam por causa da questão do milagre da hóstia; como político ele sempre procurou manter uma conduta de harmonia e paz, embora isso em alguns momentos não tenha sido possível. Na verdade, ele nunca quis ser político, como explicou no seu Testamento.
Sua opção pelo caminho sinuoso da política se deu de forma circunstancial e isso foi explorado de várias maneiras pelos seus biógrafos, não havendo ainda consenso. Diante do que foi publicado até hoje, dá para perceber que ninguém acredita na explicação dada por ele mesmo. E não poderia ser diferente, pois em se tratando do Padre Cícero tudo é controverso. Sua vida, tão cheia de ambiguidade, jamais deixará de ser dissecada pela caneta dos seus biógrafos, cujos trabalhos já renderam uma bibliografia com mais de 500 títulos.
Neste trabalho, minha análise da vida política do Padre Cícero está baseada em dois eventos significativos e polêmicos: a outorga da patente de Capitão a Lampião (1926) e o Pacto dos Coronéis (1911). Segundo os pesquisadores, a vida política do Padre Cícero só foi tumultuada porque colada a ela, como uma espécie de alter ego, esteve a figura emblemática do médico baiano adotado pelo Juazeiro, Dr. Floro Bartholomeu da Costa. Este estudo deixa evidente que a vida política de Padre Cícero está intrinsecamente ligada à de Floro, mas realmente era o médico baiano quem de fato articulava ou maquinava tudo com ou sem o consentimento do Padre Cícero.
Manoel Severo e Daniel Walker
Daniel Walker, pesquisador e escritor
Juazeiro do Norte, Ceará
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