Serra Grande, pedaço de chão encravado no sertão pernambucano de Virgulino Ferreira, serra enigmática com seus mais de 900 metros de altitude situada entre os municípios de Calumbi, Flores e Serra Talhada, no famoso Vale do Pajeú. Serra Grande, palco do maior combate que o cangaço de Lampião protagonizou ao longo de seus 20 anos de reinado.
O pesquisador Lourinaldo Teles, unindo seu talento nato de farejador das caatingas a um senso de determinação impressionante nos traz sua primeira Obra, com um olhar totalmente diferenciado sobre esse que sem duvidas trata-se de um dos episódios mais importantes desta saga nordestina. Calumbi; seu berço e terra natal entra para a historiografia do cangaço como o cenário da maior batalha de todos os tempos, envolvendo cangaceiros e volantes.
Louro Teles como é mais conhecido o autor, veio ao longo dos anos aprimorando sua capacidade de investigar. Inúmeras entrevistas, checagens, confrontos de informações, vasta documentação, visitas iminentemente técnicas ao cenário de “guerra” unido a uma pesquisa criteriosa à bibliografia sobre o tema, nos permitem agora receber essa obra realmente valiosa sobre Serra Grande, inclusive com o passo a passo da estratégia dos cangaceiros liderados por Virgulino Ferreira da Silva, que impuseram uma derrota impressionante às forças volantes.
Louro Teles nos leva e desvenda Serra Grande...
Os números são impressionantes até para aqueles que são afeitos ao estudo do fenômeno: 10 mortos, 14 feridos, quase 300 militares numa sanha desesperada em busca de dar fim a Virgulino com seus mais de 115 cangaceiros; foram cerca de 3 mil tiros em quase 10 horas de combate naquele longínquo 26 de novembro de 1926.
O combate de Serra Grande vem situar-se entre duas das mais polêmicas passagens da saga do filho de seu Zé Ferreira, vulgo Lampião, a saber; em Março do mesmo ano o rei dos cangaceiros visita Juazeiro do Norte para se integrar às forças dos Batalhões Patrióticos e receber fardamento e armas na Meca de padre Cícero Romão Batista e logo em seguida ao combate que ocorreu em novembro, escreveria a ousada carta ao governador de Pernambuco, Júlio de Melo, sugerindo a divisão do território pernambucano entre os dois.
Manoel Severo e Louro Teles
Outra polêmica acaba nos conduzindo ao grande combate; o que teria realmente acontecido em relação à morte do irmão do cangaceiro mais famoso da história? Antonio Ferreira; irmão de Virgulino e seu braço direito; teria tido sua vida ceifada a partir de um “sucesso” envolvendo Luiz Pedro na fazenda Poço do Ferro, de Ângelo da Gia, em meados de 1926 ou inicio de 1927, mas existem pesquisadores que defendem a hipótese que a morte estaria diretamente ligada a ferimentos recebidos pelo cangaceiro no sangrento combate de Serra Grande, onde está a verdade?
Louro Teles ainda nos traz outro foco na presente obra: A ligação de Lampião com Calumbi. Desde os tempos em que a família Ferreira dedicava-se ao oficio de almocreve. O autor nos apresenta a amizade do rei do cangaço com moradores do lugar, os coiteiros, os amigos, os inimigos, um surpreendente romance e até um suposto filho do rei cego com uma menina chamada Tatu. Estupro, a briga de Lampião com o primeiro prefeito, o processo movido pelo delegado da cidade e a invasão de Calumbi por Lampião e 50 cangaceiros, fazem da obra, o mais autentico registro da passagem de Virgulino Ferreira no antigo distrito de Flores: Calumbi.
Louro Teles, João de Sousa Lima, Manoel Severo e Afrânio Gomes
“A maior batalha de Lampião: Serra Grande e a Invasão de Calumbi” é uma dessas obras imprescindíveis não só para os amantes da temática, mas e principalmente para os pesquisadores, pelo conjunto responsável de informações e pela riqueza de detalhes que envolve um dos episódios mais comentados dos vinte anos de reinado de Lampião.
A leitura se torna fácil e extremamente atraente, a linguagem utilizada por Louro Teles nos envolve e nos transporta no tempo e ao lugar. Em determinadas passagens podemos ate crer que a qualquer momento seremos surpreendidos pelos cabras de Virgulino ou mesmo por homens de Quelé ou Mané Neto por entre a caatinga e o relevo de Serra Grande.
Uma obra que veio para ficar, dentre as centenas que já podem ser encontradas na bibliografia cangaceira, na verdade todos estamos de parabéns: O autor Louro Teles, a cidade de Calumbi, a história do cangaço e principalmente os leitores. Boa leitura em breve...
Prefácio da Obra por:
Manoel Severo Barbosa, Curador do Cariri Cangaço
Manoel Severo Barbosa, Curador do Cariri Cangaço
Diretor da SBEC – Sócio do GECC, GPEC e GFEC
GRANDE LANÇAMENTO
Dia 01 de Abril de 2017
Câmara Municipal de Calumbi
16 horas
Um comentário:
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