Rangel Alves da Costa
O ano era 34. No Coito da Pia das Panelas, nos sertões sergipanos de Poço Redondo, a cangaceirama estava amoitada quando uma tragédia logo se anunciou. O cangaceiro Coqueiro havia flagrado Lídia e Bem-te-vi mantendo relações sexuais. Só que Lídia era companheira de uma fera chamada Zé Baiano. Então o mundo desandou. A fera entrou em completo estado de insanidade e resolveu matar a traíra. Mesmo com discordâncias no bando, Lídia foi amarrada no umbuzeiro para ser morta na manhã seguinte. Ao alvorecer, Zé Baiano se armou com pedaço de pau e destroçou a ex-amada. Morte terrível, a pauladas. Depois abriu uma cova logo adiante e por cima despejou pedra e areia. Coqueiro, o delator, também não teve melhor fim. Foi morto e deixado aos urubus. Já Bem-te-vi caiu no oco do mundo, desesperadamente fugindo da morte certa. Após as mortes, a cangaceirama tomou novo rumo sem olhar pra trás. E Lídia ficou. E ainda está lá. Sem uma cruz sequer, apenas com umas poucas pedras marcando seu descanso final. Cangaço, cangaços. Histórias e tristes sinas!
Rangel Alves da Costa, pesquisador e escritor
Conselheiro do Cariri Cangaço
Poço Redondo-SE
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