Querido amigo Manoel Severo Barbosa, diletos companheiros do Cariri Cangaço. Li recentemente uma mensagem do companheiro Marcos Damasceno, em que ele assinala um preconceito que foi inoculado em nossas mentes desde a época da colonização. “Durante séculos, a maioria do povo, sem saber ou sabendo, tem vergonha de sua origem (de vaqueiro, de índio, de sertanejo)”.
As considerações feitas pelo eminente Marcos Damasceno são simplesmente magistrais. Temos de fato esse cacoete de, sem saber ou sabendo, nos envergonharmos de nossas origens, quando elas não são douradas. Nos esboços genealógicos, ninguém destaca ser descendente de índio, negro, vaqueiro – o que todo mundo destaca é seus vínculos com figuras ilustres ou potentados.
Como Damasceno registra com toda propriedade, adota-se desse modo a visão do colonizador, que depois se tornou o coronel, o chefe político. Quando negamos ou omitimos nossa origem, perdemos nossa identidade, abandonamos nossa cultura, perdemos nossa identidade. O Cariri Cangaço é um movimento cultural que mergulha fundo em busca do resgate de aspectos da verdadeira alma nordestina. O estudo do cangaço não visa a endeusar ou condenar bandidos. O cangaço foi um fenômeno social que merece ser estudado com respeito. Precisamos fazer isso antes que seja tarde. As fontes primárias estão desaparecendo. Um abraço a todos. Nos veremos em Piranhas.
José Bezerra Lima Irmão
Pesquisador e Escritor, Salvador BA
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