Cariri Cangaço, onde conhecimento, sabedoria e fraternidade se encontram Por:Wescley Rodrigues

Confraria Cariri Cangaço

Nos aproximamos de mais uma edição do Cariri Cangaço. Entre os dias 20 a 25 de setembro, os olhares e perspectivas dos amantes da história regional nordestina se voltam para o Cariri cearense, objetivando beber da fonte abundante de conhecimento que jorrará dessas terras férteis nos seus vários aspectos.

Com um tema instigante: “Da Insurreição a Sedição”, pretende-se aprofundar os debates sobre um dos acontecimentos mais inusitados da historia cearense, mas tão pouco conhecido no âmbito regional. Falar do cariri cearense é, antes de tudo, falar de história. Região onde o arcaico e o moderno se encontram em uma perfeita harmonia. Local de fé exacerbada, crendices fascinantes e mitos que desafiam a nossa racionalidade.

Sob o signo da fé popular e do misticismo surgiu uma micro região fincada em um homem, o padre Cícero Romão Batista. O Ceará não teria tal projeção nacional e até mesmo internacional se Cícero Romão Batista não tivesse existido naquelas paragens e feito do seu ministério religioso um dos mais contraditórios de nossa história.

 Confraria Cariri Cangaço

Na sua terceira edição, sob a idealização de Manoel Severo, acompanhamos de perto a construção de uma história de sucesso. Um evento que não para e, durante os 365 dias do ano, é pensado carinhosamente, para acolher de forma magistral, os maiores nomes e curiosos sobre a temática do cangaço e demais fatores responsáveis pela formação da História do Nordeste e da nordestinidade.

Ao mesmo tempo em que se pensa na grandiosidade do evento, também, inevitavelmente, levantam-se as críticas em torno do mesmo. Os eventos que se voltam para a temática do cangaço e do banditismo em geral, sempre são passivos de concepções críticas de que estão fazendo apologia ao banditismo. De maneira alguma devemos encarar por tal perspectiva, haja vista que, o que seria da história se pesquisadores não tivessem se debruçado sobre as atrocidades cometidas por Hitler ou pelos Cruzados? Teríamos perdido muito.

 Wescley Rodrigues entre os confrades Cariri Cangaço
A nossa história é feita por sangue, barbárie e destruição. Já dizia Walter Benjamin, “todo monumento da nossa história é monumento de barbárie”. No entanto, estudar esses fenômenos é abrir luz para o presente, possibilitar que verdades sociais venham a tona, evitar que os erros do passado sejam cometidos.

Pensar o Cariri Cangaço é, analogicamente, visualizar uma porta aberta para o saber, com seus méritos e defeitos, mas, antes de tudo, com o intuito de enriquecer o conhecimento e a nossa história. Se iniciativas como essa fossem encabeçadas em múltiplas regiões, teríamos um salto substancial nas pesquisas históricas. Assim, ficamos ansiando o momento de reencontrar os confrades antigos e abraçar de forma acolhedora os novos amigos que se juntam a família.

 

Cordial abraço e saudações cangaceiras!

Prof. Wescley Rodrigues
Brasília - DF

2 comentários:

ADERBAL NOGUEIRA disse...

Grande WESCLEY, o maior polêmico entre os polêmicos. Bom que pessoas como você, com um olhar crítico e acadêmico sobre um assunto tão difícil faça parte de nosso grupo, pois precisamos sair da mesmice para podermos alçar voos mais altos.
Parabéns.
Aderbal Nogueira

Juliana Ischiara disse...

Querido Wescley,
Sábias palavras, sem sobra de dúvida um evento como o cariri cangaço, além de nos proporcionar a alegria de rever os amigos, nos proporciona mais um momento de debates, debates estes importantíssimos para a CONSTRUÇÃO de uma nova história sedimentada na neutralidade e a RECONSTRUÇÃO destes mesmos fatos, porém, sem endeusamentos de alguns personagens históricos em detrimentos de outros. Devemos nos lembrar que, ao falarmos de cangaço e o poder do Estado (volante) há toda uma complexidade envolvida.

Infelizmente muitos ainda vêem este fenômeno com uma lente hollywoodiana, estamos falando de muitos sertanejos que tiveram suas vidas ceifadas, famílias destruídas, massacradas por indivíduos sanguinolentos, pertencentes às duas facções, cangaceiros e volantes. Claro, com isso não estou generalizando.

No mais, devemos sim sair da mesmice, já se fazia mais do que necessário o interesse da academia por este fenômeno, só assim poderemos alçar vôos mais altos, como bem disse o amigo Aderbal.

Abraço fraterno em todos.

Juliana Ischiara