No rastro de João Bezerra a Lampião

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Diário de Viagem, Canindé e Poço.
Grota:Angico, Dia 28, 11h 30min

Passo a passo até o cenário do último ato de Virgulino
 
Do desembarque na pequena praia fluvial do restaurante Angico até a grota são mais ou menos 800 metros da mais pura caatinga braba. Os mandacarus, xique xique, caibreiras, espinhos, urtigas, as pedras e pedregulhos de todos os tamanhos sem falar no sol abrasador são nossas companhias naturais. Nossa bagagem: muita água, protetor solar e uma bengala improvisada para o decano do grupo: Alcino Alves Costa.  
 
Washington Rodrigues e o futuro memorial Angico

Pesquisadores e a polêmica das fotografias...

No rastro das volantes

De encontro a Virgulino e seu bando

A trilha utilizada pelos soldados de João Bezerra ha 72 anos atras é a mesmo que os visitantes percorrem nos dias de hoje; com uma ou outra pequena modificação, fruto da ação da natureza e do tempo; de resto, temos a real impressão dos passos dos 49 homens que deram cabo de Lampião naquela manhã de julho de 1938.

No Alto das Perdidas, 
a primeira polêmica...

O Alto das Perdidas, já bem perto do ponto central do coito do Angico, foi o local onde as tropas comandadas por João Bezerra pararam para definir; de acordo com a localização do bando, indicada pelos irmãos Pedro e Durval Rosa; como se daria o cerco, a aproximação e o ataque.

Temos na obra do Dr. Antonio Amauri, "Assim morreu Lampião", detalhes importantes e elucidativos sobre esse crucial momento. O que sabemos é que o grupo teria se dividido em tres ou quatro colunas; mais crível que tenha sido em tres colunas, com o comando de um grupo sob as ordens do sargento Aniceto, um outro sob as ordens do aspirante Ferreira de Melo e o principal sob as ordens do tenente Bezerra.

As tres colunas teriam sido orientadas a cercarem o bando e atacarem sob o sinal de João Bezerra; ao final, os homens de Ferreira de Melo em função das circunstãncias; a aproximação perigosa do cangaceiro Amoroso; deu inicio ao combate, ali estavam os protagonistas dos primeiros e decisivos balaços, Maria, Lampião e Luiz Pedro, certamente foram alvejados pelos homens de Ferreira de Melo.

Ali, no alto das Perdidas, os pesquisadores; Alcino Costa, Jairo Luiz e Antônio Vilela, com o auxílio de Manoel Severo, Washington Rodrigues e Ricardo Sabadia, tentaram responder algumas perguntas: No meio da noite os policiais teriam tido condições de estabeler a melhor forma de cercar os cangaceiros? Como não conheciam o lugar, nem o relevo, nem a disposição real do coito, que elementos teriam utilizado, além das informações dos coiteiros ? Porque Aniceto não disparou um único tiro? Onde falhou a estratégia militar em permitir ainda a fuga de mais de 20 cangaceiros?

 A primeira polêmica da Caravana ao parar no Alto das Perdidas

Uma das fotografias mais famosas do episódio do cerco de Angico é sem dúvidas a que nos mostra os corpos mortos e insepultos dos cangaceiros, empilhados, e sobre eles seus algozes; inclusive em uma delas aparece Pedro de Cândido e também uma garrafa de bebida sobre o corpo de um cangaceiro. Polêmica: Onde teria sido tirada essa fotografia? Em que local do grota aqueles corpos foram amontoados daquela forma? Como explicar o paradoxo do relevo que aparece na foto e o naturalmente encontrado na grota, onde estão atualmente as cruzes?

A foto em questão: Qual teria sido realmente o local?

Ricardo Sabadia e Jairo Luiz: Mais polêmica quanto ao relevo do lugar onde foi feita a foto

Discussões, versões e interpretações a parte, está em Angico é algo incrivelmente inexplicável. Ali, na manhã fria daquele 28 de julho de 1938, os homens comandados por João Bezerra, Ferreira de Melo e Aniceto, cercaram e mataram 11cangaceiros, entre eles; Lampião e sua Maria. Depois do embate, se encontrava morto um policial, Adrião Pedro de Sousa, doze mortos no mais polêmico e misterioso episódio do cangaço de Virgulino Ferreira da Silva.

Quem teria sido realmente o grande herói de Angico? O tenente João Bezerra? O aspirante Ferreira de Melo? O soldado Antônio Jacó, conhecido por Manel Véi?

Para o Caipira de Poço Redondo, pesquisador e escritor, Alcino Alves Costa, o grande herói de Angico "foi mesmo Virgulino Ferreira da Silva, que ha 72 atras armou esse lamirinto que é Angico e que até os dias de hoje não conseguimos sair dele...vocês podem até achar que é uma bobagem o que eu digo, mas velho acaba ficando mesmo meio bobo e abestalhado, rsrsrs"

Ricardo, Vilela, Severo, Jairo e Alcino

Danielle, Alcino Costa e o verdadeiro herói de Angico: Virgulino

Esse Caipira Alcino ! Se não existisse teria que ser inventado. Na verdade teríamos ainda muito o que postar, apenas considerando a visita a Angico, e em se tratando de Alcino Alves Costa... que não se considera polêmico! Mas, vamos aguardar, estaremos postando em outras oportunidades neste mesmo blog, um conjunto surpreendente de depoimentos, principalmente em vídeo, produzidos durante a visita. Continuem conosco e o nosso Diário de Viagem.

Abraços.

Manoel Severo
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Um comentário:

José Mendes Pereira disse...

Onde falhou a estratégia militar em permitir ainda a fuga de mais de 20 cangaceiros?

A peça principal do xadrez do cangaço era Lampião. Depois que os policiais sentiram que ele tinha sido abatido, não seria mais necessário perseguirem os que haviam furado o cerco, pois a partir dali, os fugitivos passariam a ser formigas sem formigueiros. E se os cangaceiros estavam interessados na cabeça de Lampião, muito mais era a ambição pelas suas riquezas. Por essa razão, não foram mais atrás dos que fugiram.

José Mendes Pereira - Mossoró-RN.