Citações sobre João Bezerra Parte II Por:Paulo Britto

Tenente João Bezerra

Ainda em decorrência ao artigo "Polêmica de Angico" publicado neste mesmo blog, gostaria de fazer constar mais algumas citações sobre o Tenente João Bezerra...

Antônio Jacó

Colocações de Antônio Jacó no livro “Assim morreu Lampião” de autoria do escritor e pesquisador Antônio Amaury Correa de Araújo, página 117, Edição 1982.
-João Bezerra armou uma rede, botou os bornaes pendurados num galho e disse assim:
- Mané Véio, deita aqui dibaxo da minha rede:
Eu respondi:
- Ôce tá pensando qui eu sô muié? Prá seiscentos diabos!
Mas deitei no chão, qui eu obedecia eli. ...

Quando estive com Antônio Jacó na cidade de Pires do Rio em Goiás, ele bastante emocionado, sem acreditar que estaria ao lado do filho de Ten. João Bezerra, em longa entrevista me disse:

- O seu pai, eu considerava como meu pai.

Sargento Elias Marques e Paulo Britto

Elias Marques

Em conversa com Elias Marques, soldado da volante do meu pai, que residia em Olho D`Água do Casado, onde lá estive por diversas vezes, perguntei a ele:
– Elias e essas conversas que meu pai se encontrava com Lampião, etc?
Ele respondeu:
– Paulo você vai acreditar nisso, seu pai não se afastava pra lugar nenhum que não levasse um de nós e nós nunca vimos falar nisso.
O Tenente não era de brincadeira”. ...

Estas colocações são para demonstrar a confiança e o respeito de Antônio Jacó e demais soldados pelo então Tenente João Bezerra, demonstrando que pessoas como estas jamais se insubordinariam ao seu comando, a consideração e a confiança do comandante por eles.

Ferreira de Melo

O coronel Francisco Ferreira de Melo no livro do Dr. Estácio de Lima “O Mundo Estranho dos Cangaceiros”, páginas 285, 286 e 287:
-Lastimamos a perda de meu excelente soldado ADRIÃO ou ADRIANO PEDRO DE SOUZA. Também foi baleado o nosso digno Comandante e mais um praça que teve o braço partido.
-De qualquer forma, LAMPIÃO foi liquidado pela tropa sob o comando geral de BEZERRA.
- As precauções e as providências. BEZERRA nunca se mostrava egoísta, ou vaidoso. Gostava de ouvir a opinião dos comandados.


Coronel Manoel Neto, à esquerda, em foto da década 70

Manoel Neto
Comentário de Manoel Neto em um Jornal do Nordeste:
O capitão Manoel Netto reconstitue, para esta folha, a luta em que se empenhou durante 12 anos.


-
O capitão Manoel Netto, pertencente à Brigada Militar do Estado, tem a sua carreira ligada ao combate sistemático e constante ao cangaceirismo no nordeste. Por fim, o capitão Manoel Neto allude a antigos companheiros de jornada, destacando os nomes do Tenente Coronel Hygino, do Tenente Arlindo Rocha, Luiz Mariano, Capitão Optato Gueiros, Major José de Alencar, concluindo refere-se ao Tenente João Bezerra dizendo:
- O Tenente João Bezerra a quem conheço pessoalmente, é um official disposto, disciplinado e muito bem quisto no seio da Polícia alagoana e dos Estados vizinhos.

Coronel José Rufino

Carta do Cel José Rufino; Jeremoabo, 1 de abril de 1964

Amigo Cel João Bezerra,
... Aqui fica o teu velho amigo que muito te estima.
Olha João, eu ainda hoje sonho com aqueles tempos daqueles em que nós vivíamos naquela mardita campanha.

Manoel Flor
Carta de Coronel Manoel de Souza Ferraz (Manoel Flor)
João Bezerra, Recebi sua carta, ontem, 19 de agosto de 1961, quando me preparava para um ligueiro passeio pela cidade. Seria faltar a primorosa verdade se lhe afirmasse ter sido um momento de alegria ao recebê-la. Foi meu caro amigo muito mais do que uma satisfação passageira. Ela veio me transportar a terreno mais profundo, o qual ficou no passado, mas de meandro crateroso, contemplado por mim com tantas emoções.

Emoção pelo desaparecimento de velhos companheiros, cujas cinzas veneramos com admiração e respeito, pela bravura e respeito; Emoção pelo verdadeiro espírito fraternal que sempre existiu entre as tropas pernambucanas e alagoanas. A confiança fazia com que considerássemos Pernambuco, um pedaço de Alagoas e Alagoas, um pedaço de Pernambuco; Emoção dos dias cruentos que enfrentamos, apesar da dureza da campanha, ocasionada pela fadiga, apreensão e responsabilidade, os nossos encontros efetivados na maior cordialidade, ou melhor festivos. ...
Do amigo e companheiro

Manoel de Souza Ferraz (Manoel Flor)

Floresta, 20/9/1961

Frederico Pernambucano de Melo

Colocações feitas pelo escritor e pesquisador Frederico Pernambucano de Melo, na introdução do Livro “Como Dei Cabo de Lampião” de autoria do Capitão João Bezerra, página 38, 3ª edição.

... as curtas memórias do coronel Bezerra nos revelam um homem eleito pela fatalidade de um destino de aventuras permanente, pondo-lhe a vida a cada passo um obstáculo para saltar e lhe proporcionando a aventura capaz de fazer lamber os beiços a um jovem do Pajeú da época, de poder provar, em pelejas sucessivas, aos seus próprios olhos e aos de terceiros que se tratava de “cabra disposto”. Metido no interminável steeple–chase que culminaria com a destruição do “Rei do Cangaço”, Bezerra há de ter-se considerado um homem de sorte, sob esse aspecto. Pois olhe que até uma onça cruzaria seu caminho para lhe dar oportunidade de tirar uma das mais invejadas cartas de valente: a de matador de onça. ...

Outro comentário do escritor e pesquisador Frederico Pernambucano de Melo, no Livro “Como Dei Cabo de Lampião” de autoria do Capitão João Bezerra, página 55 e 56, 3ª edição:
... Fico à vontade, portanto, para reconhecer em Bezerra o homem que não tremeu no momento em que o destino o aceitou como seu agente e ponta de lança, dando-lhe a chance de virar uma das páginas mais expressivas da história do Nordeste rural. ...

... No cenário de Angico, Bezerra não foi outra coisa. Sujeito e objeto da história, soube fazer-se templo da síntese magnífica. Como um Ahab original, mil vezes afortunado, cuidou em atropelar tudo o que se levantou entre ele e o cangaceiro. E ao lhe tomar no último instante a porta, quem sabe não o terá desenganado de um possível brilho derradeiro das estrelas de seu chapéu, sentenciando como o capitão da perna de marfim:

Louco! Sou o lugar-tenente do destino. Apenas cumpro ordens ...

Billy Jaynes Chandler

Repúdio ao Professor Billy Jaynes Chandler, no Livro da escritora Marilourdes Ferraz “O Canto do Acauã”, 3ª Edição – 2011, página 476:

- Pág. 252: “Estas histórias são repetidas pelos pernambucanos, principalmente por aqueles que, como os da família Flor e outros nazarenos, se sentem ludibriados porque, segundo eles, Lampião foi morto por um oficial de Alagoas, corrupto e covarde, indigno de tal honra. Esta honra, de direito, deveria ter sido deles. Bezerra infame, como era, só pode ter...“ Estas referências aéticas lançadas contra o Coronel João Bezerra não podem ser atribuídas a quem não as deu, no caso os Flor de Nazaré que nem ao menos foram entrevistados pelo professor. E, além de tudo, não concordam com esse tratamento contra o colega de outro Estado.

(Marilourdes Ferraz é filha do Coronel Manoel de Souza Ferraz – Manoel Flor).

Belarmino Neto

Carta do Major da Polícia Pernambucana, Belarmino de Souza Neto, dirigida à escritora Marilourdes Ferraz e publicada em seu livro “O Canto do Acauã” – 3ª Edição – 2011, páginas 486 e 487. Há anos li uma obra de Rodrigues de Carvalho, sobre Lampião tratando do tema, aquele autor não tem dúvida: Afirma que a morte foi mesmo por veneno, obscurecendo o trabalho de João Bezerra a quem não poupa ofensas e cobre de ridículo.
Lendo aquela obra, comentei à margem: “Lampião foi um bandido, sem nobreza, sem ética, sem piedade. Seria um injustificável exagero que se fosse exigir, para a sua destruição, o emprego de princípios, de lealdade cavalheiresca que ele nunca usara para com suas vítimas. Teria sido ele envenenado? Para mim o assunto é irrelevante e não conduz a nada. O Coronel João Bezerra continuará a ser o homem que livrou o nordeste brasileiro daquela praga de vândalos. Que o tenha feito a bala, pelo arsênico, pela surpresa ou através de qualquer artifício, isso não vem ao caso, negar seu mérito pelo extermínio de Lampião, é como negar a Colombo o mérito pelo descobrimento da América. E no entanto, depois de vinte anos de escaramuças através do nordeste, entre o bandido e as forças policiais de 7 Estados, foi o Coronel João Bezerra o único que conseguiu quebrar a calota do ovo e colocá-lo de pé sobre a mesa. ...

Antonio Amaury Correa de Araujo

Correspondência enviada a mim em 06.07.2002 pelo escritor e pesquisador Antônio Amaury Correa de Araújo:... Não é novidade para os pesquisadores que seu pai foi amplamente injuriado, invejado e que teve sua imagem denegrida por comentários oriundos de mentes tacanhas pelo fato de haver sido o comandante que eliminou Lampião e parte do seu bando cangaceiro, ... Isso causou-lhes profundo ressentimento e usaram então dos mais baixos argumentos para achincalhar o episódio da Fazenda Angico.

... Pelo que pude observar nesses 53 anos de pesquisas e com seis mil entrevistas realizadas qualquer pessoa, em qualquer época usando de qualquer método para eliminar Lampião, ... ... seria questionado e destratado e sua atuação estaria sempre em dúvida na visão daqueles que não conseguiram o mesmo desideratum. A imaginação humana não tem limites e até mesmo episódios claros como cristal são colocados sob suspeita.... Para terminar, a polêmica não tem fim. É traição, veneno, tiro e Lampião ainda vivo até a década de 1990. Viva a fantasia, a ficção, a criatividade de alguns pesquisadores menos cuidadosos e pouco honestos para com a história...


PS. Faça o uso que quiser destas, pois é a expressão do meu pensamento e da verdade que obtive de cangaceiros, soldados, coiteiros e outras pessoas envolvidas no episódio de Angico.

Gazeta de Alagoas

 06.12.1970 – 1º Caderno, página 3.
Matador de Lampião sepultado em Maceió com honras militares...O Coronel (de Exército) Carlos Eugênio Pires de Azevedo, comandante da Polícia Militar conheceu pessoalmente o Coronel Bezerra há 02 anos em Garanhuns. Lamentou a sua morte. Como última homenagem a corporação da qual é comandante, satisfazia o pedido de João Bezerra de ser sepultado em solo alagoano.

Pelos bons serviços prestados à Polícia Militar de Alagoas e a todo o nordeste, não há tributo que pague ao Coronel Bezerra, pelo que ele realizou, disse o comandante da Polícia Militar de Alagoas. ... “O Coronel Bezerra era um militar cônscio de suas responsabilidades e tratava a todos os seus comandados com igualdade de condições. Devido esse comportamento, diante das tropas, que comandava no Quartel é que ele grangeou a simpatia de todos e consequentemente foi conquistando as promoções, todas elas por relevantes serviços prestados à nossa Polícia, ao Estado e à Nação”.


Espero que estas citações consigam demonstrar, um pouco, de quem foi o homem, o policial militar, o maçon grau 18 que, em todas as suas ações e missões, só fez enaltecer o nome da instituição a que pertenceu, e que, graças a Deus, teve o privilégio do reconhecimento e do respeito dos familiares, amigos, superiores e subordinados. Sempre estive e continuo disponível aos amigos, para poder contribuir com o modesto conhecimento que tenho.

Paulo Britto
filho do Coronel João Bezerra

(*) A data do nascimento correta do Coronel João Bezerra é 24 de junho de 1898.

8 comentários:

ADERBAL NOGUEIRA disse...

"A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR" Com certeza não se aplica só à morte de Kennedy, companheiro Paulo. Que pena o amigo não estar presente no Cariricangaço esse ano quando discutimos Angico. Espero estar com o amigo outras vezes para comversarmos sobre esse tema e tantos outros referentes a essa história que tanto nos intriga e nos encanta. Forte abraço e mais uma vez parabéns pela lucidez. Aderbal Nogueira.

Anônimo disse...

Prezados senhores, com todo o respeito que a memória do coronel João Bezerra possa me merecer e também toda sua respeitada família, a começar pelo pesquisador Paulo Britto, que tive o privilégio de conhecer quando o mesmo esteve fazendo uma palestra no Cariri Cangaço em Juazeiro do Norte; é muito importante estarmos estabelecendo o contraditório, e existem muitos no mundo do cangaço, não podemos simplesmente estabelecer que "o fato tá consumado", como diiz o grande oligarca cearense "Nogueira Acyoli", estou muito contente pois vejo que o debate ainda vai se extender e com muito nível, isso é que é importante. Parabens Aderbal Nogueira. Senhor Severo, muitas pessoas não puderam ir até o debate de Angico no Crato nesse Cariri Cangaço 2011, poderiam ver uma forma de possibilitar transporte para todos, inclusive para o alunato.

Saudações a Paulo Britto.

Nicodemos Maia
Juazeiro do Norte

CARIRI CANGAÇO disse...

Caro Professor Maia, agradecemos as palavras gentis dirigidas a este espaço do cariricangaco.com, muito obrigado. Na verdade temos nos esforçado em manter esse blog como um espaço plural, respeitoso e responsável, onde todos poderão contribuir para o aprofundamento das discussões; com relação á disponibilidade de transporte para as várias programações do Cariri Cangaço (Vc fala do debate de Angico em Crato), saiba que não foi por falta de boa vontade, tentamos viabilizar, infelizmente nossas limitações de infraestrutura não permitiram; mesmo considerando que tínhamos dois ônibus que estavam realizando os traslados de nossos mais de 130 convidados.

Abraços, e estaremos sempre procurando melhorar.

Manoel Severo

Helio disse...

Amigo Severo sou testemunha de todo seu esforço ao lado de sua esposa Daniele para proporcionar o melhor conforto e acesso a todos no Cariri Cangaço, na verdade, enfrentar um desafio daquele tamanho não é fácil, parabens meu amigo, vc é um gigante.

Professor Mario Helio

Unknown disse...

Me interessei pq meu pai e da familia de jose bezerra e esta aflito ha procura dos seus familiares quem souber por favor avise contato 84996534749

Unknown disse...

Meu pai e da familia de jose bezerra e esta procurando ha familia quem tiver informaçoes por favor ligue 84996534749

CARIRI CANGAÇO disse...

Olá Tatiana !! Vc falou que seu pai é da família de José Bezerra, mas teriam ligações com o tenente João Bezerra, da materia em tela ?
Abraços,
Manoel Severo

Anônimo disse...

Ok, eu só não entendo o por que de apenas os depoimentos da volante e dos familiares de joão bezerra são levado em consideração. Uma vez que os ex cangaceiros estiveram presente, frente aos tiros, e depois conseguiram se reentegrar à sociedade como cidadãos comuns, a aos olhos de muitos não passam de bandidos mentirosos.