Diário de Viagem Por: Honório de Medeiros



Imagens da bela serra de Martins-RN

De volta à Mossoró, após irmos a Uiraúna e Martins.

O projeto de visita a São Miguel foi trocado por um convite de Etelânio Figueirêdo e Catarina para conhecermos a Casa Grande da Fazenda Canadá, em Uiraúna, aquela mesma invadida por Lampião e que Massilon não deixou depredar, por que conhecía seus proprietários.

Teodoro Figuerêdo e sua esposa, seus tios, nos receberam com aquela gentileza que caracteriza o sertanejo. Nos mostraram tudo. A Casa Grande começou a ser construída nos Séc. XVIII, no ciclo do couro. O sobrado, mais recente, é de 1900, início do Séc. XX. Tudo tão interessante, tão belo, que eu fiquei de voltar com Bárbara Lima para fazermos um ensaio fotográfico.
De lá, um almoço e a fidalguia de Seu Bosco e Dna. Socorro, pais de Catarina, no Curupaity, nos aguardava. Comida farta e da melhor qualidade, uma tradição que há de ser mantida, se Deus quiser. Depois da conversa na varanda, o cafezinho, os agradecimentos, pegamos a estrada no rumo de Martins.

Na "bela serra" encontramos, eu e Carlos Santos, Raimunda e sua família. O pato, a ser degustado no dia seguinte, domingo, foi logo garantido. Fomos aos mirantes. Terminamos no Jacu, maravilhados com as luzes das cidades se recortando contra o negro da noite, lá embaixo, no vale. Como Martins é especial...


Aderbal, Carlos Santos, Honório de Medeiros e Severo

Hoje, já em Mossoró, visita à Fundação "Coleção Mossoroense", do grande Vingt-Un Rozado. Ciceroneados por Caio Cezar Muniz, o curador da coleção, poeta aclamado, autor de "E Na Solidão Escrevi", 1996, "Notívago", 1998, a educação em pessoa, eu e Kidelmyr Dantas, que anda preparando um livro acerca de Luis Gonzaga, tivemos acesso ao trabalho de "recolocar o bonde nos trilhos" que Vingt Un concebera e criara.

Fomos presenteados com algumas publicações da coleção: dentre elas, preciosidades de Raimundo Soares de Brito, a tanto tempo tão silencioso. Terá sido acometido da Síndrome de Bartleby? Amanhã visito o Museu de Mossoró, em busca dos jornais da década de 20. Quero entender os meandros políticos daquela época nesta cidade. Buscar ecos do passado, para explicar certos fatos ainda nebulosos...

Hoje a noite, no Café Massilon, bate-papo de beira de calçada, uma das boas coisas do mundo quando o vento bate, o escuro chega, os amigos estão próximos, e os "causos" vão sendo contados, um a um, mentira após mentira, a perder de vista, até a hora que o sono bate.
Vou indo.

Honório de Medeiros
Fonte: honoriodemedeiros.blogspot.com

NOTA DO CARIRI CANGAÇO: Honório de Medeiros será um dos conferencistas do Cariri Cangaço 2010, com  tema envolvendo os bastidores da invasão de Mossoró e a influência política dos coronéis.

2 comentários:

Anônimo disse...

Professor Honório de Medeiros essa ligação de coronéis com a invasão de Mossoró só reforçam a tese de que os cangaceiros só conseguiram sustentabilidade por tanto tempo em função da ação de apoio dessas forças políticas que usavam e muito os grupos de bandidos, jagunços e cangaceiros ao seu bel prazer.

Então podemos ver isso no episódio de Mossoró, mas também o que dizer da ação de muitos cangaceiros a mando de coronéis por esse sertão a fora. Os coronéis eram a grande causa do reinado de cangaceiros.

Parabésn pelo artigo e por trazer as lembranças de nosso lindo Rio Grande do Norte. Sou de Pau dos Ferros, mas estou em São Paulo a 38 anos.

Professor Tenório Albuino
Caraguatatuba-SP

Honório de Medeiros disse...

Que prazer, Professor Tenório. Minha mãe é de Pau dos Ferros, da família Fernandes de Souza. Muito obrigado pelos comentários. Expressam a realidade daquela época, assim penso.

Um abraço,

Honório de Medeiros