Guerra em Santana Por:Plínio Bortolotti



Fachada da Casa Grande do Coronel Felinto da Cruz Neves em Santana

Manoel Alexandre era rico e poderoso em Santana do Cariri: tinha seis fazendas, muito gado, lojas, engenho a motor e imóveis. Tinha dois filhos.
Coronel Felinto da Cruz Neves tinha mais poder político, era prefeito da cidade. Era casado, mas não teve filhos.

Corria o ano de 1925. Um dia, o filho mais velho de Mané Alexandre, desentende-se com um grupo de rapazes da cidade. Leva uma surra. Apesar de ter sido uma simples briga de rua, os agressores são identificados como partidários do coronel Felinto.
Mané Alexandre jura vingança, reúne alguns homens e vão até a cidade, mas são rechaçados. A refrega termina sem feridos. Mas a raiva aumenta.
Ele contrata 80 cangaceiros, entre eles, um irmão de lampião. O coronel resolve fazer o mesmo, contrata 40 homens do cangaço.Arma-se uma guerra.



Plínio Borlolotti e um dos anfitriões do Cariri Cangaço; Cangaseixasjackson

A tropa de Mané Alexandre invade a cidade. Entrincheirados nos altos da Igreja de Senhora de Santana, os homens do coronel abrem fogo. A batalha termina com 26 mortos.As coisas parecem ter-se amainado, até que Mané Alexandre dá pouso a um pistoleiro famoso. Este diz que eles estavam fazendo as coisas erradas e que tinham de pegar o coronel de surpresa.

Cerca de homens se preparam para invadir a casa do coronel, de madrugada. O filho mais novo do coronel diz que não vai. A mãe, que era uma mulher colérica, instiga o filho a ir ou, então, que ele tirasse as calças para trocar com o vestido dela, que ela iria no lugar dele.

O filho vai. O grupo usa uma escada para escalar o muro e começam a bater na porta para derrubá-la. Dentro da casa, apenas um homem fazia a segurança do coronel. Ele atira e acerta a cabeça do filho de Mané Alexandre. Batendo o pé no assoalho, ajudado por um menino de 14 anos que lhe recarregava a arma, para dar a impressão que a casa estava cheia de defensores.

Os homens fogem, levando o filho do coronel ferido, que morre no caminho. A guerra termina e começa uma longa decadência econômica de Mané Alexandre.
A história – que estará no livro de Zé Pereira com mais detalhes – ainda tem continuidade, quando o filho sobrevivente volta à cidade 26 anos depois para se tornar prefeito do município.

Plínio Bortolotti
Fonte: blogs.opovo.com.br/pliniobortolotti

5 comentários:

Dihelson Mendonça disse...

Meu querido Severo,

Com a sua permissão, estarei postando esse interessante artigo lá no Blog do Crato também.

Um forte abraço,

Dihelson Mendonça

Manoel Severo disse...

Caro Dihelson, você é o mestre de todos nós. Faça desse humilde blog, também a sua casa.
Grande Abraço

Manoel Severo

Anônimo disse...

Essa Guerra pelo poder em Santana é um dos marcos da história da simpática cidade encravada no alto da chapada do araripe no cariri do ceará; o Major Manoel Alexandre do Ipiranga contra o poderoso coronel Felinto da Cruz Neves. Parabens pela postagem.

Rubens Azavedo - Caririaçu

Anônimo disse...

Quem não é do cariri talvez não conheça esse figuraça que é o cangaseixasjackson, uma mistura maluca do CANGACEIRO LAMPIÃO, RAUL SEIXAS E MICHEL JACKSON, imperdível. quem viver verá. no Cariri Cangaço 2010, rsrsrsrs.

Liminha

FRANCISCO BRANDÃO disse...

Afinal quem matou o Cel. Felinto da Cruz Neves?