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Ângelo Osmiro e Luiz de Cazuza
Neste ano de 2010, está completando um século de vida, Luiz Alves de Barros, o Luiz de Cazuza, nasceu no dia 06 de setembro de 1910 na Fazenda Pedreira no município de Serra Talhada, no sertão de Pernambuco, filho de José Gomes de Barros e Maria Alves de Barros. Em 1935 aos vinte e cinco anos casou-se com dona Teresa Alves de Barros, sua prima, em 1935 com quem teve onze filhos. Na juventude era conhecido nas ribeiras do Pajeu como exímio tocador de harmônica.
Sobrinho de Zé Saturnino da Pedreira, primeiro inimigo de Lampião, presenciou quando adolescente as escaramuças entre seu tio e padrinho Zé Saturnino e o cangaceiro Lampião; Saturnino era irmão da mãe de Luiz Cazuza.
Zé Alves, filho de Luiz de Cazuza; autografando seu livro por ocasião do Cariri Cangaço 2010
Morando naquelas ribeiras não poderia ficar a parte das brigas entre seu tio e o famoso cangaceiro. Conversamos inúmeras vezes com seu Luiz Cazuza, sempre nos encantando com suas histórias sobre o cangaço, sobre o sertão, sobre seu amor aquela terra que o viu nascer, crescer e envelhecer.
No final da tarde do longínquo ano de 1927, quando seu Luiz Cazuza já se preparava para o jantar – que no sertão daquele tempo era feito muito cedo – apontou repentinamente Genésio Vaqueiro, um sertanejo das redondezas, meio assustado e um tanto apressado. Trazia um recado de ninguém quem menos que Lampião, o terror do sertão. O chefe bandoleiro mandava dizer que precisava falar urgente com Luiz Cazuza.
O jovem Luiz ficou assustado, afinal seu tio era inimigo de Lampião, apesar dele pessoalmente, assim como seu pai, não haver se envolvido diretamente na briga, o recado era para meter medo. Não comparecer ao chamado era uma imprudência sem limite. Apesar do medo, o jovem sertanejo atendeu de pronto ao chamado. Lampião o aguardava em lugar conhecido por Cacimba do Gado. Dirigiu-se rapidamente para o local demarcado, encontrou uma cena que jamais esqueceria, Lampião acompanhado de mais quatro ou cinco homens, todos maltrapilhos e aparentando cansaço e fome.
Aquele pequeno grupo era o remanescente do numeroso contingente que havia atacado a cidade de Mossoró e apavorado o Rio Grande do Norte, os cangaceiros estavam em estado lastimável. Lampião já conhecia Luiz e toda sua família, sabia do seu parentesco com Saturnino, afinal de contas haviam sido vizinhos, a propriedade de seu pai fora vizinha a fazenda dos Nogueira. A primeira pergunta que Lampião fez, foi saber como andava Zé Chocalho, apelido depreciativo pelo qual tratava José Saturnino, por conta das brigas existentes entre eles. Luiz respondeu que fazia tempo que não encontrava o tio, tentando assim não prolongar o assunto.
Lampião expõe seu problema, disse estarem vindo de longe, estavam com fome, precisavam de mantimentos, perguntou ao jovem sertanejo o que teria para comer. O sertanejo das ribeiras do Pajeu, disse não saber se por sorte de Lampião ou sua, acabara de comprar uma carga de rapaduras para revender, e traria logo, logo, era só o tempo de ir buscar. Junto às rapaduras Luiz trouxe também queijos à vontade, o que agradou muito ao rei do cangaço. Recebido os mantimentos, Lampião tirou do bolso um maço polpudo de dinheiro, contou, recontou e voltou a colocar no bolso, pedindo a Luiz Pedro para pagar, alegando não ter dinheiro trocado para efetuar o pagamento. Nessa hora seu Luiz disse que o medo aumentou, pois a reação de Luiz Pedro, o cangaceiro do Retiro, foi surpreendente, reclamou do chefe pela sovinice e ainda perguntou para que Lampião queria tanto dinheiro, pois não gastava com nada. Estaria juntando dinheiro para levar para o inferno? Perguntou Luiz Pedro ao Chefe. Mesmo assim Luiz Pedro retirou um maço de notas do bolso e repassou para Luiz de Cazuza sem contar. Seu Luiz guardou o dinheiro, também sem contar, queria mesmo era deixar aquele lugar, sair do meio daquelas feras, qualquer minuto a mais era correr perigo. Lampião dispensou a presença de Luiz e agradeceu o serviço prestado pelo sertanejo.
Chegando a sua casa, já aliviado por sair do meio daquele covil de feras, Luiz Cazuza foi contar a quantia recebida e se surpreendeu, o dinheiro recebido dava para comprar pelo menos dez cargas de rapaduras, mas seu Luiz ainda hoje conta, o medo que teve naquela tarde, passada na companhia dos cangaceiros de Lampião, dinheiro nenhum pagaria aquela aflição. Essa foi uma das muitas histórias contadas por seu Luiz de Cazuza que escutei sentado em um velho banco de madeira estrategicamente colocado em frente a sua casa na Fazenda São Miguel.
Inúmeras vezes tivemos o privilegio de desfrutar da companhia desse bravo e forte sertanejo das ribeiras do Pajeú, homem simples, excelente anfitrião, quem o conhece fica encantado com sua simpatia. Nas comemorações dos cem anos do meu grande amigo, não poderia deixar de prestar essa singela homenagem a quem merece muito mais do que essas humildes palavras.
Luiz de Cazuza uma verdadeira baraúna do sertão.
O jovem Luiz ficou assustado, afinal seu tio era inimigo de Lampião, apesar dele pessoalmente, assim como seu pai, não haver se envolvido diretamente na briga, o recado era para meter medo. Não comparecer ao chamado era uma imprudência sem limite. Apesar do medo, o jovem sertanejo atendeu de pronto ao chamado. Lampião o aguardava em lugar conhecido por Cacimba do Gado. Dirigiu-se rapidamente para o local demarcado, encontrou uma cena que jamais esqueceria, Lampião acompanhado de mais quatro ou cinco homens, todos maltrapilhos e aparentando cansaço e fome.
Zé Saturnino, primeiro inimigo de Lampião; tio de Luiz de Cazuza
Aquele pequeno grupo era o remanescente do numeroso contingente que havia atacado a cidade de Mossoró e apavorado o Rio Grande do Norte, os cangaceiros estavam em estado lastimável. Lampião já conhecia Luiz e toda sua família, sabia do seu parentesco com Saturnino, afinal de contas haviam sido vizinhos, a propriedade de seu pai fora vizinha a fazenda dos Nogueira. A primeira pergunta que Lampião fez, foi saber como andava Zé Chocalho, apelido depreciativo pelo qual tratava José Saturnino, por conta das brigas existentes entre eles. Luiz respondeu que fazia tempo que não encontrava o tio, tentando assim não prolongar o assunto.
Lampião expõe seu problema, disse estarem vindo de longe, estavam com fome, precisavam de mantimentos, perguntou ao jovem sertanejo o que teria para comer. O sertanejo das ribeiras do Pajeu, disse não saber se por sorte de Lampião ou sua, acabara de comprar uma carga de rapaduras para revender, e traria logo, logo, era só o tempo de ir buscar. Junto às rapaduras Luiz trouxe também queijos à vontade, o que agradou muito ao rei do cangaço. Recebido os mantimentos, Lampião tirou do bolso um maço polpudo de dinheiro, contou, recontou e voltou a colocar no bolso, pedindo a Luiz Pedro para pagar, alegando não ter dinheiro trocado para efetuar o pagamento. Nessa hora seu Luiz disse que o medo aumentou, pois a reação de Luiz Pedro, o cangaceiro do Retiro, foi surpreendente, reclamou do chefe pela sovinice e ainda perguntou para que Lampião queria tanto dinheiro, pois não gastava com nada. Estaria juntando dinheiro para levar para o inferno? Perguntou Luiz Pedro ao Chefe. Mesmo assim Luiz Pedro retirou um maço de notas do bolso e repassou para Luiz de Cazuza sem contar. Seu Luiz guardou o dinheiro, também sem contar, queria mesmo era deixar aquele lugar, sair do meio daquelas feras, qualquer minuto a mais era correr perigo. Lampião dispensou a presença de Luiz e agradeceu o serviço prestado pelo sertanejo.
Alfredo Bonessi, Angelo Osmiro, Alcino Costa e Tomaz Cisne, no Cariri Cangaço 2010
Inúmeras vezes tivemos o privilegio de desfrutar da companhia desse bravo e forte sertanejo das ribeiras do Pajeú, homem simples, excelente anfitrião, quem o conhece fica encantado com sua simpatia. Nas comemorações dos cem anos do meu grande amigo, não poderia deixar de prestar essa singela homenagem a quem merece muito mais do que essas humildes palavras.
Luiz de Cazuza uma verdadeira baraúna do sertão.
Ângelo Osmiro Barreto
Sócio da SBECNOTA CARIRI CANGAÇO: O Cariri Cangaço festeja se congratula com o senhor Luiz de Cazuza e toda sua família, em especial com o estimado amigo Zé Alves, filho do aniversariante centenário; que Deus possa continuar abençoando a todos com sua Luz, saúde, harmonia e prosperidade.
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11 comentários:
Parabens a familia ilustre deste grande sertanejo que é o senhor Luiz de Cazuza.
Muitos anos de vida ainda para esse autentico representante de nosso sertão
YURI
Escritor Ângelo Osmiro, parabens pela lembrança do aniversario de seu Luiz, um dos últimos "espécimes" desse nordeste sofrido pelo cangaço.
Hélio Braga
Serra Talhada (Antiga VILA BELA)
Grande Ângelo Osmiro, parabéns pela homenagem justa ao senhor LUIZ DE CAZUZA.
Professor ALBERTO,
Abraçoa todos os cangaceiros do Cariri Cangaço e até 2011.
Angelo, parabéns pela justa homenagem e pelo o artigo. Excelente!
Saudações
Juliana Ischiara
Abraços a Ângelo Osmiro e a SBEC pela lembrança do sertanejo Luiz de Cazuza, uma das últimas páginas vivas da história do Cangaço.
Luiz Marinho
SJBelmonte PE
essa exelentissema figura é meu bisavô.
Seu Luis de Cazuza teve uma sorte espetacular, pois não passou pelas mãos vingativas do rei do cangaço.
Quando um sujeito tem uma intriga com uma pessoa, fica irritado só em ver um dos familiares do inimigo.
Lampião foi generoso e podemos dizer, um grande amigo do seu Luis de Cazuza.
Parabéns seu Luis de Cazuza, pela sorte que o senhor teve de não ser injustiçado por Lampião.
José Mendes Pereira - Mossoró - RN.
Alguem conhece Antonio Cazuza da Silva?
Pessoal boa tarde, alguém pode me dizer a origem do sobrenome "Cazuza" do senhor Luiz?
Muito boas as entrevistas desse senhor cazuza ...
Eu ja vi ele contando essa história no you tube, só que ele falou que foi Sabino que teria ficado bravo com Lampião e tinha começado uma questão.
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